Suíça: moção popular contra o F-35 ganha mais adeptos. Como aconteceu com o Gripen em 2013, a compra dos 36 F-35A pelo Governo da Suíça, fruto do Programa Air2030, deverá sofrer uma consulta popular, cujo resultado poderá ser o mesmo: embargo da compra. O projeto “Stop F-35” foi lançado pela Aliança Suíça de esquerda, que em 31 de agosto de 2021 impetrou uma ação popular federal visando arrecadar mais de 100 mil assinaturas, número mínimo para abertura de um pedido de plebiscito.
A Aliança considera que o F-35 não será incluído no orçamento alocado, que a função essencial de controle do espaço aéreo nacional não exige a compra de um caça furtivo. Além disto a moção afirma que Suíça seria muito mais dependente dos Estados Unidos política e industrialmente. O fato é que o objetivo era juntar mais de 100 mil assinaturas até março, algo que não ocorreu. Mas, isto não impediu de continuarem tentando, até que em 28 de maio, a Aliança afirmou que fechará o número assinaturas exigidas pelo sistema direto de democracia da Suíça para forçar uma votação popular. No site Stop F-35 feito para arrecadar assinaturas on-line, a informação é que:
“Cerca de 100.512 pessoas assinaram até agora. Isso não é suficiente. Uma iniciativa geralmente precisa de 120.000 assinaturas para garantir que haja um número suficiente de assinaturas válidas. Você também pode ajudar!”
Na prática 100 mil é o mínimo exigido por lei, mas, politicamente se sabe que menos de 120 mil o assunto não se torna “relevante” no parlamento. Alguns deputados dizem que só seria garantido o plebiscito se fosse acima de 150 mil.
O consórcio reiterou que não quer os aviões porque são caros e também devido a uma série de problemas técnicos com os aviões e estão convictos que repetirão o resultado do Gripen e bloquearão a compra. Os 36 F-35A deve ter um custo de US$ 6,3 bilhões.
Enquanto isso, não está claro quando a votação será incluída na agenda do governo suíço, que coloca votações populares a cada poucos meses com uma ampla gama de questões.
“Por causa dos custos exorbitantes do F-35, as implicações de política externa e as muitas falhas deste caça, este debate é necessário e urgente”, disse Marionna Schlatter, membro do Stop F-35.
Uma porta-voz da Lockheed Martin disse à AFP que o F-35 era a única aeronave que atenderia às necessidades de defesa aérea da Suíça nos próximos 50 anos. “Continuamos convencidos de que o F-35 é a aeronave mais moderna, mais capaz e mais barata disponível para a futura frota de caças da força aérea suíça”, disse ele.
Face a estas questões e pressão crescente, o governo disse na semana passada que queria acelerar o processo de compra, já que a oferta dos EUA expira no final de março de 2023. Muito desta pressa vem em cima da informação de que a chance de um veto popular é grande uma vez que a votação pode ser realizada antes do fim de 2020. Hoje o cenário de rejeição do F-35 cresce a cada dia. A pressa do governo em concluir o processo é “altamente questionável do ponto de vista democrático”, acusou a aliança “Stop F-35”.
O fato é que a Shweizer Luftwaffe (Força Aérea Suíça) poderá ficar em uma situação muito ruim, pois seus F-5 e F/A-18 estão em fim de carreira e devem ser desativados até 2030. Se não forem substituídos, as unidades suíças e a defesa aérea do país correm o risco de simplesmente não existirem mais em meio a um cenário complexo que pode surgir a partir da crise na Ucrânia.
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