China aumentará exercícios militares no entorno de Taiwan. O Exército de Libertação do Povo Chinês (PLA) anunciou ontem (25/05), que realizará ainda neste mês, um segundo exercício militar de grande escala em torno da ilha de Taiwan. O movimento ainda é consequência da declaração do presidente norte-americano, Joe Biden, na qual afirmou que os EUA irão intervir militarmente caso Pequim invada Taiwan.
Analistas do Global Times disseram que a isolada ilha de Taiwan “nunca” poderá ser protegida pelos EUA em uma guerra prolongada, como a da Ucrânia. A cada grande exercício, os planos de combate dos chineses estão se tornando cada vez mais maduros, disseram os especialistas.
Recentemente o Comando Oriental do PLA organizou várias manobras militares, patrulha conjunta e exercícios de combate realistas no entorno da ilha de Taiwan, disse o Coronel Sênior Shi Yi, porta-voz do Comando Oriental, em uma coletiva de imprensa na quarta-feira (25).
“Este é um importante aviso para as recentes atividades de conluio dos EUA com os secessionistas de Taiwan”, disse Shi, observando que “os EUA estão dizendo uma coisa e fazendo outra sobre a questão de Taiwan, e frequentemente encorajam as forças de independência da Ilha. É hipócrita e fútil, e só levará a situação a um lugar onde se tornará perigosa, com os EUA enfrentando sérias consequências também”, disse Shi.
“Taiwan faz parte da China, e as tropas de comando do teatro de operações são determinadas e capazes de derrotar qualquer tentativa secessionista de forças externas ou da independência da Ilha, e salvaguardar firmemente a soberania e a segurança nacionais, bem como a paz e a estabilidade na região”, disse o Coronel Shi.
As declarações de Shi vieram após Biden falar na segunda-feira (23), durante sua visita ao Japão, que os EUA interviriam militarmente se o continente chinês se reunificar com a ilha de Taiwan pela força. Ele recuou esta observação no dia seguinte.
Quando perguntado se os exercícios do PLA estavam relacionados aos comentários de Biden, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse em uma coletiva de imprensa na quarta-feira (25) que, ao esvaziar o princípio de uma China unificada, encorajando e apoiando atividades de independência de Taiwan, os EUA não apenas trarão consequências para os laços com Pequim, que seriam irreparáveis, mas também levarão a custos insuportáveis para os EUA.
Os exercícios em torno de Taiwan visaram o conluio entre os secessionistas dos EUA e de Taiwan e foram ações necessárias para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial, disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Coronel Tan Kefei, na quarta-feira (25). “O Exército Chinês está pronto para aguardar a ordem de batalha e tomará todas as medidas necessárias para impedir resolutamente a interferência de forças externas e as tentativas de independência de Taiwan”, disse Tan.
O Comando Oriental do PLA anunciou pelo menos dois grandes exercícios militares em torno de Taiwan neste mês. O primeiro foi um exercício conjunto em 09 de maio, que envolveu a participação do grupo de combate do porta-aviões Liaoning .
Conforme noticiamos, na terça-feira (24), a China e a Rússia realizaram uma patrulha aérea conjunta com seus bombardeiros sobre o Mar do Japão, o Mar da China Oriental e o Pacífico Ocidental. A operação não foi direcionada a terceiros ou relacionada a situações internacionais, disse o coronel Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional da China, na quarta-feira (25).
Com mais exercícios sendo realizados, o ELP está se familiarizando com os planos de combate em diferentes situações, incluindo aquelas envolvendo interferência militar externa. Se Taiwan, junto com forças externas, tentarem a independência da Ilha, o PLA imediatamente irá lançar uma operação militar, disse Song Zhongping, especialista militar chinês e comentarista de TV, ao Global Times.
Os EUA podem querer copiar o modelo da Ucrânia, e instigar uma guerra por procuração, mas a localização geográfica de Taiwan não a qualifica para isso, disse Zhuo Hua, especialista em assuntos internacionais da Escola de Relações Internacionais e Diplomacia de Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, ao Global Times.
Por se tratar de uma ilha oceânica isolada, ela pode ser facilmente bloqueada pelo PLA, o que significa que não pode travar uma guerra prolongada, e nem mesmo contar com a ajuda militar dos EUA e aliados, por causa do bloqueio que será imposto pela China, disse Zhuo..
Políticos norte-americanos estão fazendo comentários vagos e hesitantes sobre a questão de Taiwan, e não se comprometem verdadeiramente com a Ilha. Essa imprecisão está se tornando contraditória, já que os EUA falam em gerenciamento de risco, enquanto se prepararam para um grande conflito, disse Zhuo. “Nesta situação, a possibilidade de um conflito direto entre a China e os EUA existe e está aumentando, embora ambos os lados não tenham intenção de lutar”, alertou o especialista.
Fonte: Global Times