Drones bombardeiros russos Orlan-10 são alvos fáceis na Ucrânia. A Rússia está convertendo centenas de drones Orlan-10 em bombardeiros para atuar em território ucraniano. Uma matéria divulgada no canal estatal Zvezda, do Ministério da Defesa da Rússia, mostrou um novo kit de bombardeio para os drones.
Com três metros de envergadura, o Orlan-10 é o esteio da frota de drones táticos das forças militares russas, com mais de mil unidades produzidas. Lançados por catapulta e alimentada por um motor a gasolina de quatro tempos, eles podem voar por aproximadamente dezesseis horas.
Entretanto, quando um Orlan-10 se aproxima para uma missão de bombardeio, as forças ucranianas são previamente avisadas para se proteger. Felizmente, o seu motor, que mais parece de uma motoneta, geralmente “avisa” as tropas em solo sobre o iminente ataque.
Vídeos recentes mostram o Orlan-10 carregando duas granadas em um pod sob cada asa. voando a uma velocidade de cruzeiro de 110 km/h a cerca de 3 mil pés (915 metros) de altitude, lança as granadas em rápida sucessão sobre a área alvo.
As granadas parecem uma versão do VOG-25P de 40 mm, uma arma de fragmentação, normalmente disparadas por lançadores. Ao atingir o solo, uma pequena carga explosiva a joga de volta no ar, momento em que explode a cerca de um metro e meio do solo, lançando estilhaços em todas as direções com um raio letal de seis metros.
Os ucranianos vêm desenvolvendo a arte do bombardeio de precisão a partir de drones, usando granadas antitanque para destruir até os tanques mais pesados como os T-90. Isso requer grande precisão, pois apenas um golpe direto é suficiente para causar dano (leia a notícia que publicamos aqui). Mas os russos parecem ter adotado uma abordagem de artilharia, com a intenção de atingir uma área mais ampla, abrindo mão da precisão. Mas o vídeo de demonstração sugere que eles precisam de mais bombas para compensar a imprecisão.
Curiosamente, este projeto é altamente reminiscente dos drones usados repetidamente por militantes sírios contra uma base aérea russa. Eram cópias de Orlan-10 construídas em garagens, e armadas com dez pequenas granadas cada.
Os ucranianos têm um equivalente direto do Orlan-10 armado, um drone bombardeiro de asa fixa chamado Punisher. Mas isso nesse caso, ele carrega uma única bomba de quatro libras e é projetado especificamente para bombardeios de baixo nível, com uma precisão alegada de 3,6 metros. Foi supostamente altamente eficaz nos estágios iniciais da guerra.
De acordo com Zvezda, os Orlan-10 modificados com os kits de bombardeio teriam destruído cinco instalações militares na Ucrânia.
“Presumivelmente, eles podem ser mais ou menos precisos, dependendo do alvo. Esta modificação do Orlan-10 é relativamente nova e não houve informações adicionais sobre as forças russas treinando com essa versão de combate”, disse Samuel Bendett , especialista em defesa russa e consultor da CNA e da CNAS, com interesse na utilização de drones militares.
“Nesta guerra, muitas operações e conceitos de drones estão mudando rapidamente e estão se adaptando às condições de combate ‘on the fly’”, diz Bendett.
Mas o analista Nick Waters , da Bellingcat, que há muito estuda o uso de drones improvisados e adaptados para bombardeio, e que escreveu o guia definitivo para o uso extensivo de bombardeio por drones pelo ISIS , não está impressionado. “Os drones de asa fixa que lançam munições não guiadas provavelmente não serão particularmente precisos”, disse Waters à Forbes.
No entanto, o Orlan-10 com seu motor barulhento e assinatura térmica significativa é um alvo mais fácil do que os silenciosos quadricópteros elétrico. Na reportagem do Zvezda, um operador observa que eles precisam ficar acima de 3 mil pés para evitar serem notados, o que afetará a precisão do bombardeio.
Mesmo assim, a Rússia vem perdendo Orlan-10 em números crescentes a cada dia, e voar diretamente sobre posições inimigas em um bombardeio é mais perigoso do que observar fogo de artilharia de longa distância. Há também a questão de saber se os drones podem ser poupados de outras missões que possam ter um efeito mais real.
Os russos podem estar adotando as táticas que os ucranianos vem usando, e tentando imitar seu sucesso, mas é duvidoso que o Orlan-10 – que usa vários componentes ocidentais – seja a resposta certa.
Fonte: Forbes
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