NASA e DLR decidem aposentar o Boeing 747SP SOFIA (Foto: NASA). A NASA e Agência Espacial Alemã (DLR) anunciaram na última quinta-feira (28/04), o final das operações do observatório astrofísico SOFIA, após a conclusão da atual fase de missão estendida, o que deve ocorrer no próximo dia 30 de setembro. Os motivos alegados são o alto custo das atividades do observatório e o pouco retorno científico.
O programa SOFIA (sigla para Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) utiliza como plataforma um Boeing 747SP de 45 anos de idade, especialmente modificado para transportar um telescópio infravermelho de 2,7 metros, utilizado para observações astronômicas do alto da atmosfera. No entanto, nos últimos anos, este projeto tem gerado alto custo de manutenção, o que tem gerado questionamentos.
A operação do SOFIA custa US$ 85 milhões anualmente para a NASA, ficando atrás apenas do Telescópio Espacial Hubble, em questão de gastos em missões de astrofísica para a agência. A aposentadoria do programa já foi proposta anteriormente, para os anos fiscais de 2021 e 2022.
Em novembro passado, a pequisa decenal de astrofísica Astro2020 recomentou que a NASA encerrasse a missão até 2023, alegando o alto custo e a produtividade científica limitada. “Em relação ao seu custo, o SOFIA não foi cientificamente produtivo ou impactante ao longo de sua duração”, acrescentou o documento.
Em resposta ao relatório, os funcionários da Universities Space Research Association (USRA), envolvidos nas operações científicas do SOFIA, alegaram que o documento se baseou em informações antigas que não refletem as melhoras na produtividade científica da missão.
Mesmo assim, o SOFIA não foi incluído na proposta orçamentária da NASA para o ano fiscal de 2023, publicada em 28 de março. As agências não detalharam como será o encerramento da missão, apenas que ela “terminará suas operações programadas para o ano fiscal de 2022, seguida de um desligamento ordenado”.
A diretora de comunicações externas da USRA, Suraiya Farukhi, disse que o encerramento das operações do observatório ainda está em debate entre NASA, DLR e o Deutsches SOFIA Institut (parceiro alemão da USRA no projeto). Segundo ela, mais de 700 voos ainda estão planejados, incluindo 30 sobre a Nova Zelândia. Mais de 100 programas de observação foram aprovados na última chamada de propostas do SOFIA, mas certamente nem todos serão concluídos até setembro. No início do ano, a USRA solicitou novas propostas que começariam em outubro — que serão mantidos até novas orientações da NASA, de acordo com Farukhi.
Em seus anos de trabalho, o SOFIA realizou importantes observações de planetas, regiões de formação de estrelas e até mesmo de água em cratera iluminada da Lua. A NASA informou que os dados do SOFIA estarão disponíveis nos seus arquivos públicos, e que “continuará avançando no futuro da descoberta científica em astrofísica infravermelha, começando com o recém-lançado Telescópio Espacial James Webb, bem como outras oportunidades recomendadas pelo Decadal Survey.”
Construído em 1977, o Boeing 747SP (c/n 21441) foi originalmente entregue em maio daquele ano para a Pan American Airways (N536PA “Clipper Lindbergh”), que o repassou em fevereiro de 1986 para a United Airlines (N145UA). Em outubro de 1997 o B747SP (Special Performance) foi adquirido pela NASA, em conjunto com a agência espacial alemã DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt eV). Em 2004 o jato foi rematriculado N747NA, e somente em 2007 o SOFIA fez seu primeiro voo, após passar por grandes modificações estruturais para acomodar o telescópio de 2.7 metros de diâmetro, na parte traseira da sua fuselagem. O dispositivo é operado em voo, através de uma porta especialmente instalada no lado esquerdo do 747SP.
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