Ucrânia: russos se aproximam da Romênia e preocupam autoridades. O recente reposicionamento das tropas russas no sul e leste da Ucrânia, juntamente com a captura da Ilha da Cobra em 24 de fevereiro, aumentou ainda mais as preocupações do governo da Romênia, que vê os militares de Putin se aproximar a cerca de 50 quilômetros da sua fronteira.
Membro da OTAN, a Romênia tem nos Estados Unidos um forte parceiro estratégico de defesa, atualmente hospedando cerca de 800 soldados americanos nas suas bases militares. Caças F-16 e F-35 da USAF estão atuando em missão de policiamento aéreo aprimorado, a partir da Base Aérea de Fetesti, estrategicamente posicionada no importante delta do rio Danúbio.
Do ponto de vista estratégico, a Rússia precisa de uma ponte terrestre para a Crimeia, o que está evidente pelos bombardeios de Mariupol, que objetivam formar uma ligação com o Donbas. A cidade portuária de Odesa poderia fornecer uma conexão com a região da Transnístria, ocupada pelos russos, na Moldávia. Essa movimentação, colocaria a Rússia diretamente na fronteira da OTAN com a Romênia, e transferiria as riquezas minerais e de hidrocarbonetos do sul da Ucrânia para o controle russo.
O governo romeno teme que o presidente russo Vladimir Putin esteja atuando em direção a uma estratégia de unir as áreas de língua russa da Ucrânia, colocando-as sob o controle de Moscou. Para continuar assegurando a deter esse provável ímpeto do Kremilin na região, a Romênia quer um aumento das tropas permanente dos EUA em seu território, disseram autoridades de Bucareste para a Air Force Magazine.
“Eles não vão parar. Ou você detém a Rússia na Ucrânia, ou vai combatê-la na UE, no solo da OTAN”, disse o funcionário do governo romeno à AFM, sob sigilo.
Atualmente a Força Aérea Romena (ROAF) possui uma frota de dezessete caças F-16AM/BM Fightning Falcon adquiridos usados de Portugal, além de alguns MiG-21 Lancer modernizados. O governo romeno negocia um novo lote de F-16 de segunda mão, mas visando uma eventual transição declarada para o F-35. Enquanto isso, a USAF ajuda a OTAN a preencher a lacuna da defesa aérea na região.
Na manhã de 24 de fevereiro, quando a Rússia iniciou a invasão do território ucraniano, os EUA transferiram dois F-35 da USAF, da Base Aérea de Spangdahlem, na Alemanha, para a Base Aérea de Fetesti, na Romênia, onde permaneceram por alguns dias para aumentar a dissuasão e realizar missões de coleta de inteligência.
A Romênia está cercada por governos pró-Rússia, nomeadamente a Hungria, a Sérvia, e uma fraca Moldávia, não alinhada. Embora a Bulgária, seu vizinho ao sul, também seja membro da OTAN, o país tem fortes laços de investimento em energia com a Rússia.
O governo romeno prevê que a Rússia sonha com o restabelecimento do seu império histórico. Atualmente Bucareste aplica dois por cento do seu PIB na defesa do seu território e da OTAN, porém avalia aumentar para até três por cento, ao perceber que as ameaças de Moscou serão de longo prazo.
“Se os russos estão tomando Odessa, eles vão se tornar nossos vizinhos também por terra. Eles estão pegando uma fatia hoje, mas vão voltar, porque querem a torta inteira”, concluiu o funcionário romeno.
Fonte: AFM
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