Aos 100 anos o Ten Brig do Ar Pavan morre em São Paulo. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou no dia de hoje – 18/03, o falecimento do Tenente-Brigadeiro do Ar Clóvis Pavan, ocorrido no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo/SP. Paulistano, o Tenente-Brigadeiro Pavan nasceu no dia 13 de setembro de 1921, portanto estava com 100 anos. Ele ingressando na FAB em 1941 e ocupou importantes cargos e funções, tendo destacado-se como o Oficial que mais tempo atuou ao lado do Marechal do Ar Eduardo Gomes, consagrado Patrono da Força Aérea Brasileira.
Além disso, ganhou visibilidade nacional e internacional por conta de suas experiências, como Comandante da Base Aérea de Brasília, da Academia da Força Aérea (AFA) e do Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR), além de ter assumido como Vice-Chefe do Estado Maior da Aeronáutica (EMAER) e Diretor-Geral do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento da Aeronáutica. Em 1983 passou para a reserva.
Ele residia em São Paulo, era pai de três filhos (Fábio, Márcio (falecido) e Ana) e avô de três netos (Bruno, Renato e Taus). O Brigadeiro morava com sua filha Ana e tem como vizinho seu filho Fábio.
O velório e o enterro serão realizados no Cemitério do Morumbi, em São Paulo (SP), em horário a ser estabelecido. A FAB manifestou em seu site as condolências e profundos sentimentos de solidariedade e apoio aos familiares.
Experiência e missões do Brigadeiro Pavan
O Brigadeiro atuou em diversas missões pela FAB. Dentre as mais relevantes, destaca-se uma visita oficial a Inglaterra, em setembro de 1966. Para comemorar seu aniversário, em 13 de setembro, à época como Coronel, foi convidado pela Royal Air Force (RAF), a voar a aeronave English Electric Lightning T4, único vetor britânico capaz de atingir Mach 2, o que levou o militar a sensação de subir como se estivesse “a bordo de um foguete”, tornando-o assim o primeiro brasileiro a ultrapassar duas vezes a barreira do som.
Outra missão destaque na carreira foi com o Presidente da Câmara dos Deputados, à época, Café Filho. Ainda como Tenente, Pavan fora designado como piloto a transportar a autoridade até Foz do Iguaçu/PR, para uma visita oficial. Na ocasião, Café Filho havia assumido outro compromisso, de estar na manhã do dia seguinte, em Assunção, capital do Paraguai, com o Presidente Alfredo Stroessner Matiauda. O Tenente explicou ao deputado que, por estarem a bordo de uma aeronave militar, necessitaria solicitar autorização ao Ministério da Aeronáutica.
Porém, como naquela época as comunicações eram precárias, não houve tempo hábil e o voo foi feito sem a devida autorização. No retorno ao Rio de Janeiro/RJ foram recebidos pelo então Brigadeiro Eduardo Gomes, que após despedir-se do Deputado Café Filho, deu ordem de prisão ao Tenente Pavan pelo fato ocorrido na missão. Ao ter conhecimento da prisão, Café Filho visitou o Tenente e pediu desculpas pelo inconveniente e assumiu o compromisso de fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para excluir o registro daquela prisão de seu prontuário.
No ano seguinte, com o falecimento do Presidente Getúlio Vargas, Café Filho assume a Presidência da República e convida o Brigadeiro Eduardo Gomes para assumir o então Ministério da Aeronáutica. Em seu primeiro despacho com o Presidente, o Brigadeiro Eduardo Gomes se dirige ao Palácio do Catete acompanhado de seu Ajudante de Ordens, o já Capitão Pavan. Ao chegarem ao Palácio, foram recebidos pelo próprio Presidente, que após cumprimentar o Brigadeiro Eduardo Gomes, dirigiu-se ao Capitão Pavan e questionou: “Capitão, aquele nosso assunto já foi resolvido?” Rapidamente, respondeu: “Sim senhor, Presidente”. Ao longo de todos os anos que serviram juntos, o Brigadeiro Eduardo Gomes nunca perguntou e nem o Capitão Pavan disse que assunto era aquele entre o Presidente da República e um Capitão da Aeronáutica, comprovando o nível de confiança que o Brigadeiro havia adquirido em relação ao seu subordinado.
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Fonte: FAB
@CAS