O adeus ao Tuskegee Airman Brigadeiro General Charles McGee. O mundo da aviação perdeu uma lenda ontem. O General de Brigada da reserva Charles McGee, que fez parte dos famosos Tuskegee Airman – unidade de pilotos negros que combateu durante a Segunda Guerra Mundial, morreu neste domingo – 16 de janeiro, aos 102 anos. A informação foi passada por sua família em um comunicado. Ele deixa três filhos, 10 netos e 14 bisnetos.
McGee, que voou 409 missões de combate na Segunda Guerra Mundial, Coréia e Vietnã, morreu enquanto dormia na manhã de domingo, disse um porta-voz da família. “Ele estava com a mão direita sobre o coração e sorria serenamente”, disse sua filha mais nova, Yvonne McGee, em um comunicado divulgado pelo porta-voz.
“Hoje, perdemos um herói da América”, disse o secretário de Defesa Lloyd Austin no Twitter. “Enquanto estou triste com sua perda, também estou incrivelmente grato por seu sacrifício, seu legado e seu caráter. Descanse em paz, general.”
O aviador de Tuskegee da USAAF e piloto de caça da USAF, o General Charles McGee, nasceu em 7 de dezembro de 1919 em Cleveland, Ohio. Chamado para o serviço militar ativo em 1942 aos 23 anos, se tornou um dos primeiros aviadores militares negros do Tuskegee Airmen, sendo formado aviador em 1943. Promovido a Capitão, voou um total de 136 missões de combate na II GM. Retornou aos Estados Unidos em 1º de dezembro de 1944, permanecendo no Campo Aéreo do Exército de Tuskegee até 1946, quando a base foi fechada. Em 1947 foi transferido para a recém criada USAF.
“Eles diziam que éramos afro-americanos ou negros, mas somos de fato americanos e nosso país estava em guerra e precisava de nós”, disse McGee à Reuters em 2016. Estávamos tão interessados em apoiar esse esforço quanto qualquer outra pessoa na época e, por isso, viramos as costas para o fato de que havia segregação e aproveitamos a oportunidade para provar que podemos pilotar aviões”, completou.
Depois de voar como um Tuskegee na Segunda Guerra Mundial, ele construiu um legado de três décadas como piloto da USAF durante as guerras da Coréia (101 missões) e do Vietnã (172 missões). Ele se aposentou em 1973. Após sua carreira militar, McGee trabalhou como executivo de negócios e gerente de aeroporto em Kansas City, Missouri. Ele também atuou como presidente da associação Tuskegee Airmen.
Seu avião foi atingido duas vezes em combate, uma vez durante a Guerra da Coreia voando um F-51 Mustang do 67th Fighter Bomber Squadron, e, novamente, anos depois, perto do Laos durante a Guerra do Vietnã quando voava um RF-4C do 16th Tactical Reconnaissance Squadron (16th TRS). Em ambas as vezes foi atingido em sua asa direita.
O sucesso dos aviadores de Tuskegee ajudou a lançar as bases para o movimento pelos direitos civis e influenciou a decisão do então presidente Harry Truman de dessegregar as forças armadas em 1948. O então presidente George Bush homenageou os aviadores de Tuskegee em 2007 com a Medalha de Ouro do Congresso, o maior prêmio civil concedido pelo Congresso.
“Estamos tristes com a perda do general de brigada Charles McGee, um pioneiro que serviu como aviador de Tuskegee e voou 409 missões de combate”, disse a NASA em um tweet no domingo, após o anúncio de sua morte.
Os Quatro P’s, “Perceber, Preparar, Realizar e Perseverar”, eram o mantra de Charles McGee.
Tuskegee Airman
Os 922 pilotos militares negros que treinaram nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, o fizeram em Tuskegee. Destes, 450 foram enviados para o exterior e 150 morreram, incluindo 66 mortos em combate. Havia também mais de 15.000 funcionários de apoio, como navegadores, bombardeiros e mecânicos.
Os pilotos militares negros que treinaram em Griel Field, Kennedy Field, Motton Field, Shorter Field e Tuskegee Army Air Fields. Eles foram educados no Tukesgge Institute (hoje Tuskegee University), localizado perto de Tukesgge, Alabama. A principal unidade Tukesgge foi o 332nd Fighter Group que teve sob sua subordinação o 99th, 100tn, 301st e 302nd FS, que entre maio de 1944 e maio de 1945 operaram na Itália, na base de Ramitelli. As unidades do 332nd FG voaram P-39, P-40, P-47C, P-51C e, por fim, P-51D.
Foi com os P-51C/D que o Grupo adotou as caudas vermelhas ou “Red Tails”, passando assim a ater uma “marca registrada” ao notabilizar ainda mais pelos seus feitos, em especial a escolta de bombardeiros. O apelido “Red Tails” se espalhou, em especial, entre as tripulações de B-17 que iam e vinham dos ataques a Alemanha e que passaram a exigir que aos caudas vermelhas os escoltassem, face a capacidade de proteção que eles davam aos bombardeiros se comparados a outros FG.
Além do 332nd FG, outra unidade Tukesgge foi o 477th Bombardment Group (477th BG) que empregou pilotos negros em missões de bombardeio com os B-25 Mitchel. Porém, apesar de ter sido preparada para entrar em combate, a guerra terminou antes dela ser enviada ao teatro de operações.
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