Japão reconsiderou o cancelamento da compra dos RQ-4 por causa de Trump. O governo japonês do então primeiro-ministro Shinzo Abe informou a Washington na primavera de 2020 (maio de 2020) que não compraria os drones General Atomics RQ-4B Block 30i Global Hawk, devido aos altos custos de aquisição e operação. Porém, revogou a própria decisão no verão (agosto), depois que Tóquio desmantelou em junho daquele mesmo ano sua implantação planejada dos sistemas de defesa antimísseis balísticos Aegis Ashore. A reviravolta foi motivada por preocupações de que o cancelamento da aquisição dos RQ-4B “irritaria o Sr. Trump, que insistia em exportar armas feitas nos EUA”. A mudança de política refletiu uma “consideração excessiva por Trump”, disse uma fonte ligada as Japan Self-Defense Forces (JSDF).
Os custos de aquisição dos drones pela Força Aérea de Autodefesa do Japão (Japan Air Self-Defense Force – JASDF) atingiu cifras de ¥61,3 bilhões (US$ 528 milhões, enquanto as despesas de operação e manutenção chegam a ¥13 bilhões anualmente (US$ 112 milhões). O Ministério da Defesa do Japão pretende implantar os três RQ-4B Block 30i Global Hawk na Base Aérea de Misawa, em Aomori, nordeste do Japão. Em março do ano passado, a JASDF criou uma unidade com cerca de 70 pessoas (Teisatsu Kokutai
Air Recce. Group) em Misawa (RJSM) para dar início aos preparativos para a implantação da unidade de RQ-4.
Em 2014, o Ministério da Defesa decidiu comprar os drones Global Hawk para monitorar as instalações militares norte-coreanas depois que Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear em 2013. No entanto, os drones não são capazes de se proteger ou lançar ataques, fazendo apenas missões de reconhecimento. Com isto, uma revisão do plano de aquisição liderado pelo então Ministro da Defesa Taro Kono, começou a ser feita, levando em conta também um possível aumento nos custos de manutenção, já que a USAF planejava aposentar o modelo que seria implantado pelo Japão, com a produção dos principais componentes, sendo interrompida. A decisão foi por cancelar o projeto, levada ao primeiro-ministro que acatou. Porém pressões e “constrangimentos” reverteram a decisão.
Analistas políticos apostam que o Japão acreditava na reeleição de Trump, e por isto, mantiveram a compra para evitar melindres futuros. Trump não se reelegeu, mas o RQ-4 permaneceu, pois em 2020 Kono anunciou a decisão de abandonar a implantação do sistema de interceptação de mísseis Aegis Ashore, citando problemas técnicos e custos de expansão em meio a forte oposição local.
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