F-35 na Luftwaffe? Como parte do “acordo nuclear” da OTAN, a Alemanha, assim como a Bélgica, Itália, Holanda e Turquia, tem cerca de 20 bombas nucleares B-61, fornecidas pelos Estados Unidos. Na Luftwaffe a missão “nuclear” é desempenhada pelos Panavia Tornados, cuja carreira operacional está chegando ao fim, previstos para serem desativados em meados de 2030. A Luftwaffe não escondeu sua preferência pelo Lockheed-Martin F-35A, como sucessor dos Tornados IDS.
Apesar da Airbus Defence & Space fazer lobby para a última versão do Eurofighter EF-2000, acreditando que a compra do avião americano seria um golpe para a indústria aeronáutica europeia e da França argumentar que isso poderia prejudicar o Sistema de Combate Aéreo do Futuro [SCAF], um programa franco-alemão ao qual a Espanha também aderiu, o fato é que é F-35 desperta mais um interesse europeu.
No entanto, se a Alemanha realmente preferisse uma solução europeia, ela não seria o EF-2000, pois a certificação deste para transportar o B-61 ainda não foi alcançada. Por isto, em 2020, Berlim anunciou sua intenção de comprar Boeing 30 F/A-18 Super Hornets [bloco III] e 15 E/A-18 Growlers, estes para missões de guerra eletrônica (EW) para substituir os Tornados ECR. A ideia era empregar os Super Hornets para o emprego das B-61.
A compra não foi efetivada ainda, e a expectativa é que as negociações fossem disparadas em janeiro deste ano. Porém a discussão sobre bombas nucleares dará o que falar pois o Partido Social Democrata (SPD) se posicionou contra a presença de bombas nucleares em território alemão. Outro ponto importante é que os Estados Unidos retirou o F/A-18E/F Super Hornet da lista de aeronaves que deveriam ser certificadas para transportar a B-61, por dois motivos: a US Navy não carrega mais armas nucleares a bordo de seus porta-aviões e a ordem de compra alemã ainda não foi assinada.
Isto junto e misturado parece que deu fôlego ao F-35A. Um relatório sobre a última reunião entre Christine Lambrecht, a Ministra da Defesa e Olaf Scholz, o sucessor de Angela Merkel no cargo de Primeiro Ministro, aponta que um dos tópicos da reunião era “esclarecer se a compra de aeronaves F-35 mais modernas pode ser uma alternativa ao F/A-18E/F e se o Eurofighter poderia ser considerado para assumir as missões de guerra eletrônica do Tornado ECR, uma vez que a Airbus propôs uma versão EW/SEAD dele”.
Em relação à segunda questão, o Eurofighter pode fazer o trabalho, já que a Airbus apresentou uma versão “ECR SEAD” desta aeronave em 2019. Já F-35A, sem dúvida pode cumprir o papel de principal vetor da Luftwaffe, inclusive com emprego standard das B-61.Se o caça da Lockheed for escolhido, o Super Hornet será descartado e a Alemanha será mais um operador europeu do F-35, que cada vez mais domina as principais forças aérea do continete.
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