USAF realiza missão de vigilância sobre a Ucrânia com E-8C e RC-135V. Na segunda-feira (27/12), USAF enviou para o espaço aéreo ucraniano, duas das suas mais avançadas plataformas de vigilância aérea, um RC-135V e um E-8C. Ambos foram vistos voando a cerca de 40 milhas da área controlada por separatistas, em uma das primeiras missões ostensivas da USAF, desde que a Rússia começou uma forte movimentação de tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia.
As aeronaves observadas na região foram o E-8C-20 JSTARS, matrícula AF 01-2005, código de chamada “REDEYE 16” do 128th Airborne Command and Control Squadron, que operou a partir da Alemanha; enquanto o RC-135V Rivet Joint, AF 63-9792, código “HOMER 19”, do 38th Reconnaissance Squadron, operou desde o Chipre. Conforme especialistas, esta foi a primeira vez que o E-8C JSTARS foi visto voando sobre território ucraniano.
O E-8C JSTARS (Joint Surveillance Target Attack Radar System), é uma avançada plataforma aérea de gerenciamento de combate, comando e controle, inteligência, vigilância e reconhecimento. Sua principal missão é fornecer aos comandantes do teatro de operações informações para apoiar as operações de ataque e seleção de alvos, que possam contribuam para retardar, interromper e destruir as forças inimigas. As informações obtidas pelo E-8C são retransmitidas em tempo real para as estações terrestres comuns das Forças Armadas dos EUA e para estações terrestres aliadas de C4I (Command, Control, Communications, Computers and Intelligence).
O RC-135V Rivet Joint é uma aeronave especializada para missões de inteligência de sinais (SIGINT), equipada com avançados sensores capazes de captar as transmissões e comunicações inimigas. Esses vetores, altamente especializados, são amplamente usados pelos EUA em áreas de interesse militar em todo o mundo.
Trabalhando em conjunto, o E-8 e o RC-135 cruzam suas informações. Enquanto o primeiro detecta o deslocamento de veículos terrestres, o segundo registra as suas comunicações, e juntos fornecem valiosas informações sobre as forças inimigas.
Como qualquer avião comercial, os deslocamentos e padrões de voos dos E-8 e RC-135 são visíveis pelos sites de rastreio on-line, mas apenas quando voam com seus transponders ligados. Obviamente, muitas missões desses vetores são realizadas discretamente, sem visualizações on-line. As operações sobre a Ucrânia realizadas ontem (27) foram abertas e totalmente rastreáveis, indicando que os EUA queriam que ele fossem vistos, possivelmente para enviar uma mensagem de que “estão de olho” na movimentação russa na região.
Em contrapartida, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, advertiu ao governo Biden de que “o posicionamento de forças da OTAN nas proximidades de nossas fronteiras terá as consequências mais sérias”.
Desde abril, Moscou deslocou para a região da fronteira com a Ucrânia, cerca de 100.000 soldados, 1.200 tanques e dezenas de veículos especializados. Recentemente, 10.000 soldados deixaram a região de volta às suas bases, sob a alegação do término de um exercício planejado. No entanto, as forças de Moscou ainda são mais do que suficientes para uma eventual invasão. O Departamento de Estado dos EUA alertou os americanos em meados de dezembro para não viajarem à Ucrânia. “Os cidadãos americanos devem estar cientes de relatos de que a Rússia está planejando uma ação militar significativa contra a Ucrânia.”
Uma negociação diplomática foi iniciada entre Moscou e Washington, depois que o presidente Joe Biden ligou para Vladimir Putin, no início deste mês. O mandatário norte-americano salientou que uma invasão russa na Ucrânia, desencadearia consequências político-econômicas para a Rússia, com possíveis sanções. Nova rodada de conversas será realizada em janeiro.
Enquanto isso, os EUA aumentaram o seu apoio militar para Kiev, transferindo diversos equipamentos como radares, embarcações, mísseis antitanque, entre outros. Recentemente militares norte-americanos foram deslocados para a Ucrânia, com objetivo de avaliar a rede de defesa aérea do país. Possivelmente, o incremento de missões com aeronaves de inteligência, vigilância e reconhecimento tenham como objetivo ampliar a coleta de informações para compartilhar com os militares ucranianos.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO