80 anos do ataque a Pearl Harbor. Há exatos 80 anos ocorria o famoso ataque japonês as ilhas do então território americano do Havaí, mais precisamente a base naval da Marinha dos Estados Unidos de Pearl Harbor, que se tornaria o estopim da entrada americana na Segunda Grande Guerra. A diplomacia havia falhado.
Todos os seis porta-aviões de primeira linha da Marinha Japonesa – Akagi, Kaga, Soryu, Hiryu, Shokaku e Zuikaku foram designados para a missão (Operação Z ou Havaí) naquele dia 7 de dezembro. Com mais de 420 aviões embarcados, esses navios constituíram de longe a força-tarefa de porta-aviões mais poderosa já montada.
O Vice-Almirante Chuichi Nagumo, um oficial experiente e cauteloso, comandou toda a operação. Sua Força de Ataque de Pearl Harbor também incluiu navios de guerra rápidos, cruzadores e contratorpedeiros e navios-tanques para abastecer os navios durante sua passagem pelo Pacífico.
Uma Força Expedicionária Avançada de submarinos, cinco deles carregando mini-submarinos. O objetivo era patrulhar o Havaí e atacar os navios americanos que tentassem escapar para mar aberto, usando os mini-submarinos.
Sob o maior sigilo, Nagumo levou seus navios ao mar em 26 de novembro de 1941, com ordens de abortar a missão caso fosse descoberto, ou caso a diplomacia operasse um milagre imprevisto. A frota traçou o caminho menos usado e mais remoto do Pacífico, pasando por diversas tormentas, clima gélido e mar agitado. Tudo para não serem descobertos e em total silêncio rádio. Comunicações só por sinais. Antes do amanhecer de 7 de dezembro, sem ser descoberta e com perspectivas diplomáticas firmemente encerradas, a Força de Ataque de Pearl Harbor estava a menos de 500 quilômetros ao norte ho Havaí.
Uma primeira onda de ataque de mais de 180 aeronaves, incluindo aviões-torpedeiros, bombardeiros, bombardeiros de mergulho e caças, foi lançada rumo ao sul. Quando o primeiro grupo decolou, uma segunda onda de ataque de tamanho semelhante, mas com mais bombardeiros de mergulho e sem torpedeiros, foi enviada ao amanhecer.
Às 07h48 começa o ataque, que duraria cerca de 3h, com os aviões japoneses iniciando com bombardeios aos campos de aviação. Por um erro de sinalização do líder da formação – todo o voo foi em silêncio rádio, o ataque começou fora do programado. O Capitão Mitsuo Fuchida usaria sinalizadores para comandar o ataque. Um sinal significaria que os americanos haviam sido pegos de surpresa. Dois sinais, significava que haviam percebido a aproximação japonesa.
Com penas um sinalizador, o plano era atacar primeiro o porto. Dois, o plano era atacar primeiro os aeródromos, para evitar uma reação aérea dos americanos. A força de ataque não foi detectada e Fuchida cumpriu o programado, lançando apenas um sinalizador. A confusão se deu porque Fuchida entendeu que o sinal não foi visível a todos e, inadvertidamente, lançou um segundo para reforçar a ordem. Porém, isto gerou dúvida e parte da frota de ataque entendeu que haviam sido descobertos, por isto os dois sinais, e seguiu o plano B. Então o ataque virou um misto de planos A e B com aeronaves japonesas se cruzando e atrapalhando alguns ataques.
Independent disto às 07h55 o Capitão Mitsuo Fuchida enviou do seu Nakajima BN52 a mensagem de código, “Tora, Tora, Tora,” para a frota japonesa, após sobrevoar sobre Oahu, para indicar que os americanos haviam sido pegos por surpresa.
O ataque aéreo surpresa das aeronaves da Marinha Imperial Japonesa por volta das 8h daquele domingo 7 de dezembro, matou mais de 2.400 americanos e destruiu completamente o encouraçado americano USS Arizona, ao mesmo tempo que emborcou o USS Oklahoma e destruiu o USS Utah. O ataque afundou ou encalhou um total de 12 navios e danificou outros nove. Mais de 160 aeronaves foram destruídas e 150 outras danificadas. Destes navios, apenas três não foram recuperados: Oklahoma, Arizona e o Utah, mostrando que o ataque não fora afinal tão eficiente.
Uma terceira onda de ataque da Marinha Japonesa, que estava prevista, foi abortada. A Marinha comunicou a Tóquio e ao imperador Hirohito o sucesso da operação. Porém, ela não foi um sucesso absoluto. Um dos principais objetivos era destruir os porta-aviões da US Navy no Pacífico. A Marinha tinha sete porta-aviões em 1941. Quatro deles – os USS Ranger, Yorktown, Hornet e Wasp – estavam estacionados na costa leste, prontos para lidar com os submarinos alemães, que já haviam causado vários incidentes na região com navios mercantes.
Os três porta-aviões da Frota do Pacífico – os USS Enterprise, Lexington e Saratoga estavam sendo usados para apoiar os esforços de reforço no Pacífico e portanto, não estavam em Peral Harbor. Coincidência ou uma precaução? O fato é que o objetivo de enfraquecer a US Navy no Pacífico e assim permitir a expansão japonesa na região, sem uma resistência de fato, não se concretizou.
O Império do Japão pretendia com o ataque uma ação preventiva para impedir a Frota do Pacífico dos Estados Unidos interferisse em suas ações militares planejadas no sudeste da Ásia contra territórios ultramarinos do Reino Unido, Holanda e dos EUA.
O ataque pegou o país de surpresa, especialmente a base mal preparada de Pearl Harbor, com um Estados Unidos que, em grande parte, não acreditava em um ataque japonês a seu território, mesmo com as ameaças e insucessos diplomáticos. A surpresa vai porém até certo ponto, porque a base naval de Pearl Harbor desde o período entre guerra sempre foi reconhecida pelas Marinhas do Japão e dos Estados Unidos como um alvo em potencial. Avisos e intenções sutis dos japoneses não faltaram.
O Almirante japonês Isoroku Yamamoto, um dos mais notáveis estrategistas militares da história e considerado o principal mentor do ataque a Pearl Harbor, era um opositor ferrenho de uma guerra aberta com os Estados Unidos. Porém, seus superiores, não pensavam da mesma forma. Após o ataque a Peal Harbor e de saber que não haviam sido eliminados os porta-aviões americanos, ele disse a histórica frase: “receio que tenhamos acordado um gigante adormecido”! O que de fato ocorreu.
O Japão anunciou uma declaração de guerra aos Estados Unidos no mesmo dia 7 de dezembro (8 de dezembro em Tóquio), mas a esta não foi entregue até o dia seguinte. Ou seja o ataque já foi feito sob uma declaração de guerra, assinada pelo imperador, porém não entregue. O que denota que foi atrasada para garantir o efeito surpresa.
O Presidente Frank D Roosevelt declarou guerra ao Japão em 8 de dezembro, logo na abertura de uma sessão conjunta do Congresso. O seu discurso do “Dia que viverá na infâmia para sempre” ainda é tão poderoso agora quanto era há 80 anos, quando sinalizou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@CAS