A Índia deve manter a frota de bombardeiros SEPECAT Jaguar. A Força Aérea Indiana (IAF) assinou um acordo com a Hindustan Aeronautics Limited (HAL) para adquirir dois novos simuladores para aeronaves SEPECAT Jaguar, com capacidade nuclear. Esta é uma mudança em relação ao planejamento divulgado em 2019, no qual a IAF afirmava que o Jaguar, em serviço há mais de quatro décadas, seria desativado a partir de 2023. O envelhecimento da frota de Jaguar e o alto custo dos motores, eram as razões para a decisão na época.
Agora, surpreendentemente, a IAF está adquirindo dois simuladores de missão completa de base fixa (FBFMS), incluindo um contrato de manutenção abrangente de cinco anos. Os simuladores serão instalados nas estações da Força Aérea de Jamnagar e Gorakhpur, e fornecerão treinamento avançado para pilotos de caça.
Com a ajuda desses simuladores, a IAF melhorará a qualidade do treinamento de voo, expondo os pilotos a várias missões em todo o domínio operacional, incluindo a simulação de sofisticadas armas de longo alcance. A primeira vez que a IAF utilizou o FBFMS para o Jaguar foi em 2014.
Uma vez que o contrato de manutenção com a HAL foi assinado por cinco anos, isso indica que a aposentadoria progressiva dessas aeronaves, surpreendentemente, foi suspensa. Essa movimentação é semelhante à recente aquisição pelo governo indiano de um lote de 24 Mirage 2000, aposentados pela França. Muitos especialistas expressaram as suas reservas sobre a decisão de reutilizar aviões de combate antigos, em vez de comprar novos vetores.
O SEPECAT Jaguar
O bimotor Jaguar, é um projeto desenvolvido nos anos 1960 pelo fabricante anglo-francês SEPECAT (Société Européenne de Production de l’avion Ecole de Combat et d’Appui Tactique). A IAF recebeu as primeiras aeronaves de ataque ao solo em 1979, e atualmente possui cerca de 118 aeronaves que deverão ser substituídas pelo futuro programa indiano AMCA (Advanced Medium Combat Aircraft).
Os motores originais necessitam de substituição, devido ao desgaste significativo e a perda gradual de empuxo, o que reduz a sua capacidade em torno de 15 à 20%. Além disso, a aeronave conta com equipamentos obsoletos para executar adequadamente as suas missões. Lembrando que os franceses aposentaram a sua própria frota Jaguar em 2005.
Esses jatos voam baixo e em alta velocidade, lançando ataques contra alvos terrestres em uma única passagem. Esse tipo de missão exige muita potência dos motores, justamente o ponto sensível dos envelhecidos Jaguares indianos.
Especula-se que os valores originalmente destinados para o retrofit dos motores dos Jaguares, foram utilizados em outros projetos, como por exemplo, a aquisição dos novos Dassault Rafale.
Ameaça chinesa
A China está aumentando a sua presença militar na fronteira disputada com a Índia, o que seria o motivo da modernização dos envelhecidos caças da IAF, como está ocorrendo também com os Mirage e os Mig-29, que também estão recebendo novos armamentos e aviônicos, para permitir que operem como aeronaves de quarta geração.
Um comunicado referente ao contrato de modernização das aeronaves, menciona a formação de pilotos para diversas contingências do envelope operacional. Isso poderia ser uma referência indireta aos dois adversários em suas fronteiras (China e Paquistão), incluindo aquele que tem usado ativamente seus aviões para intimidar as tropas indianas na região.
Os jatos de produção local LCA MK1, MK1A e MK2, juntamente com o AMCA, um caça bimotor multiuso de quinta geração, levarão um longo tempo para estarem totalmente operacionais, conforme planejado.
Esforços estão em andamento para melhorar a capacidade das aeronaves produzidas localmente, como a integração de mísseis HAMMER no LCA Tejas. Como a ameaça chinesa é real e atual, a IAF estaria concentrando a sua prontidão operacional com todas as suas aeronaves disponíveis.
No início deste ano, o VR Chaudhari, Chefe da IAF, disse que, embora estejam sendo feitos esforços para incorporar novos caças, a IAF não iria alcançar a meta de 42 aeronaves nos próximos 10-15 anos. Essa pode ser a razão por trás da atualização das aeronaves mais antigas, bem como o atraso em seu descomissionamento. A IAF pode estar ganhando tempo e racionando sua frota, à medida que as ameaças aumentam.
Fonte: Galáxia Militar
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