Só quatro NH-90 operacionais da Marine Nationale. Parece que a sina de problemas dos helicópteros NHI NH-90 não para. Depois da Bélgica e da Austrália, a França – mais especificamente a Marinha Francesa enfrenta problemas com os helicópteros NHIndustries NH-90 Cayman. que apresentam baixíssima disponibilidade. Só quatro dos 27 helicópteros da Aeronavale (Aviação Naval Francesa) estão operacionais.
Em seu parecer orçamentário sobre os créditos que o projeto de lei do financiamento de 2022 prevê atribuir à “Defesa”, o deputado François Cornut-Gentille criticou uma a preocupante taxa de disponibilidade dos helicópteros NH-90 NFH (NATO Frigate Helicopter) da aviação naval.
Há um bom tempo já se sabia que esses helicópteros sofriam de problemas de corrosão e que seus custos de manutenção eram elevados. Em 2017, o Chefe do Estado-Maior da Marinha Francesa [CEMM], o então Almirante Christophe Prazuck, não escondeu a sua indignação, salientando que eram necessárias “mais de 30 horas” de manutenção para uma única hora de voo.
“Estamos exaurindo nossos mecânicos e nossos recursos para um desempenho bastante baixo”, disse ele, e atribuiu essa baixa disponibilidade a “problemas de maturidade técnica do projeto, corrosão e manutenção que não conseguiremos resolver da noite para o dia”.
Um ano antes, um relatório parlamentar afirmava que das 17 aeronaves NH-90 Cayman disponíveis para a Marinha Francesa na época, 10 estavam “imobilizadas” para manutenção e que a 17ª não estava em condições de voar devido a “problemas com o arpão e com o sistema de dobramento [cauda]”.
É claro que as coisas não melhoraram desde então. Diante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado, em 11 de novembro, o atual Chefe do Estado-Maior da Defesa, Almirante Pierre Vandier, falou de “dificuldades consideráveis” com a frota de 27 NH-90 NFH.
“No que diz respeito ao MCO [Manutenção em Condições Operacionais], continuamos tendo dificuldades consideráveis com o NH-90. Atualmente temos quatro helicópteros disponíveis de um total de 27”.
Isso é apenas 15% da frota. No entanto, ele acrescentou, “espera ter dez ou onze dentro de um mês”, ou seja, antes do fim do ano. Parte disto, está ligada às dificuldades com os subcontratados. Também temos dificuldades estruturais que nos obrigam a Aeronavale a deixar 10 a 12 de máquinas nas mãos do fabricante.
Uma das razões para esta situação é que o NH-90 NFH foi entregue à Marinha Francesa em padrões diferentes – lotes (StepA, StepB e FRC – Full Radar Configuration) gerando diversos problemas logísticos e operacionais. Isso significa que essas aeronaves devem ser atualizadas para o padrão mais recente: o MR1. Mas é uma operação complexa, cara e que exige paradas longas por parte do fabricante, a NHIndustries, uma empresa formada pela Airbus Helicopters, Leonardo e Fokker.
Com isto o programa NH-90 tem um grande impacto sobre o orçamento da Defesa, como mostra seu cronograma de pagamentos que tem hoje €1,25 bilhão em pagamentos pendentes, destacou Cornut-Gentille em seu parecer sobre o orçamento.
A questão que pesa sobre os rotores do NH90 é simples. A disponibilidade justifica o custo? Para Belgas e Australianos a resposta foi não. Além da Marinha o NH-90 é empregado no da Aviation légère de l’armée de Terre (ALAT) ou Aviação do Exército Francês que conta com 34 NH-90 TTH (Tactical Transport Helicopter), com outros 10 de uma versão atualizada do TTH encomendados.
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