EUA retira pilotos afegãos no Tajiquistão. Cerca de 150 ex-pilotos e militares da Força Aérea do Afeganistão (AAF), que ficaram presos no Tajiquistão por meses após fugirem do Afeganistão, após da queda do governo para o Talibã, foram levados pelos Estados Unidos para os Emirados Árabes Unidos. Foi o primeiro passo concreto para a obtenção de um asilo.
Os militares passaram quase três meses detidos no Tajiquistão, após deixarem as pressas a base aérea de Cabul, situada anexa ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai. Como não havia como sair do aeroporto para ver e buscar suas familias, sob o risco de morrerem, a única opção foi fugir do país, deixando tudo para trás.
Desde então, eles se encontravam em um limbo aterrorizante, detidos em um complexo hoteleiro pelas autoridades do Tajiquistão, onde disseram que passaram semanas incomunicáveis e sem saber se poderiam ser extraditados ao Afeganistão, o que significada cair nas mãos do Talibã. Os militares afegãos disseram a ABC News que estavam mal alimentados e muitas vezes não tinham energia durante a detenção. Entre eles estava uma piloto grávida de nove meses.
Os pilotos foram levados ao aeroporto de Dushanbe, capital do Tajiquistão, por funcionários da embaixada americana no dia 9, onde embarcaram em um voo fretado para Dubai, segundo o Departamento de Defesa. Lá, os evacuados foram colocados em quarentena em um hotel e agora estão começando o processo de avaliação para seu reassentamento como parte de um grupo de cerca de 191 afegãos, que busca asilo.
A evacuação ocorre enquanto os Estados Unidos continuam a lutar com a tarefa colossal de reassentar dezenas de milhares de afegãos que serviram aos governos americano, que ainda estão no Afeganistão e hoje correm o risco de serem maltratados ou executados pelo Talibã.
As negociações para organizar a evacuação dos que estavam no Tajiquistão demoraram mais que o previsto e todos não tinham certeza se poderiam ser mandados de volta. O Talibã por sua vez solicitou aos pilotos que retornassem, prometendo uma anistia geral para os ex-militares. Porém, era consenso de todos que não era para confiar nas garantias, ainda mais porque havia pressão do Talibã ao governo do Tajiquistão.
“Foram tempos difíceis lá”, disse Ahadi Ab Wajid, Tenente e piloto de A-29B. Por telefone de Dubai, ele explicou que no “Tajiquistão os pilotos viviam em acomodações mal aquecidas e às vezes tinham que beber água do rio”. Ab Wajid disse ainda que “os pilotos continuam preocupados com suas famílias, muitas das quais partiram do Afeganistão. É difícil para eles, porque saíram do lugar onde morávamos. Agora eles estão morando em outro lugar e não há ninguém para apoiar e ajudar. Mas ainda assim, graças a Deus estamos fora de lá“.
Os pilotos em Dubai estão sendo atendidos visando um asilo nos Estados Unidos. Em agosto, quando o Talibã assumiu o poder, cerca de 400 pilotos e funcionários também usaram seus aviões para voar para o Uzbequistão, onde também foram detidos. No entanto, os Estados Unidos conseguiram negociar sua libertação e rapidamente os transportaram em meados de setembro para Doha.
Milhares de outros membros da Força Aérea Afegã continuam presos no Afeganistão, e muitos deles ainda solicitam sua evacuação para os Estados Unidos. O Talibã está supostamente procurando ex-militares. Os pilotos retirados do Tajiquistão disseram à ABC que seus parentes foram questionados sobre seu paradeiro e o de outros militares. Alguns estão escondidos no próprio Afeganistão. A ONG Sacred Promise está pressionando os Estados Unidos a priorizar a evacuação dos pilotos que ainda estão no Afeganistão, onde ele diz que o perigo para eles está crescendo.
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