Pilotos de F-16 da USAF falam sobre a experiência de voar os F-35B dos Fuzileiros Navais. Para três ex-pilotos de F-16 da 388th Fighter Wing da USAF, a transição para o F-35 não foi apenas voar em uma nova aeronave, mas também a mudança para uma atividade completamente diferente: o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC).
Aproximadamente três anos atrás, o Major Graeme Ross, o Capitão Justin Newman e o Capitão Spencer Weide estavam deslocados na Coréia do Sul, quando decidiram fazer a transição do F-16 Fighting Falcon para o F-35A Lightning II.
“O F-16 era meu bebê, isso é o que eu cresci amando e queria voar, mas você vê o F-35 entrar em operação e ouve sobre tudo o que ele pode fazer com capacidades furtivas e de quinta geração, e você rapidamente percebe que é o futuro”, disse Weide.
Mas havia um problema: na época existiam apenas duas unidades operacionais de F-35 no Departamento de Defesa. A USAF estava rapidamente completando os seus quadros de pilotos F-35 na Base Aérea de Hill, enquanto o USMC tinha vagas para a sua Estação Aérea de Yuma, no Arizona.
Para chegar no seu objetivo, os três pilotos da USAF aproveitaram uma oportunidade única, o programa de intercâmbio dos USMC para voar o F-35B, a versão de decolagem curta e pouso vertical (STOVL) do jato de quinta geração.
Adaptação à cultura da aviação naval
“Foi uma oportunidade de pegar pilotos com experiências diferentes e treiná-los juntos em uma plataforma que foi projetada para missões diversas em vários países”, disse Newman.
Com alguns meses de intervalo, os pilotos passaram por um curso inicial de F-35A da USAF em Eglin AFB, Flórida, para depois fazerem um curso de F-35B no MCAS Beaufort, Carolina do Sul, onde aprenderam novos termos relativos à Marinha.
“Qualquer ramo militar tem os seus jargões específicos. Eles [USMC] chamam dois navios de ‘seção’ e quatro navios de ‘divisão’. Eles usam bombordo e estibordo, proa e ré, e eu fico tipo, ‘para que lado é mesmo?’ Ainda não sei”, disse Ross.
Além da cultura, os Lightning II também têm suas diferenças. Embora semelhante no layout da cabine, furtividade e tecnologia de quinta geração, existem várias diferenças de sistema. O F-35B tem menor capacidade de combustível, puxa “menos G”, carrega uma carga de armas diferente e não tem canhão interno. Uma das diferenças mais óbvias é o enorme motor localizado atrás da cabine, que permite que o jato “flutue”, decole de navios e pouse verticalmente.
O “Selo Postal”
Durante a sua transição, os pilotos tiveram a oportunidade de operar embarcados em navios de guerra anfíbios da Marinha, com aproximadamente 850 pés (260 metros) de comprimento. Eles são menores do que porta-aviões, mas tem a capacidade de lançar uma grande variedade de aeronaves.
“Ao contrário de um porta-aviões, você pode pegar uma dessas embarcações menores, colocá-la rapidamente na costa de um ‘País X’ e dizer: ‘Temos poder aéreo de quinta geração em seu país esta noite’. E tudo é independente. Todos os jatos, helicópteros, Ospreys e fuzileiros navais de que você precisa. É assim que eles vivem. Prontos para ir a qualquer hora”, disse Weide. “Você sempre ouve dizer que eles [Marinha e USMC] se parecem com um selo postal no oceano. E realmente são!”, explicou o Oficial.
Os navios e as aeronaves estão sempre interligados por sistemas de comunicação, trocando informações de velocidade, direção, direção do vento e outros fatores.
“É um alvo pequeno, mas você não está indo muito rápido. As coisas são apertadas. Em um determinado ponto, os sistemas da aeronave assumem o controle e, como piloto, você apenas tem que tratá-la bem. Ainda é uma sensação muito estranha sentar em jato de 40.000 libras e pairar sobre o convés de um navio”, explicou Ross.
Todos os pilotos concordaram que os sistemas da aeronave e do navio, combinados com o intenso treinamento de qualificação, tornavam os pousos anfíbios menos intimidantes. No entanto, taxiar a bordo de um navio era uma história diferente.
“É enervante. Nossa roda dianteira está posicionada atrás da cabine, então eles estão puxando seu volante até a borda do barco para então girar. E você está parado lá, olhando para a água. Você está preso aos caras que estão te puxando, confiando neles, e depois eles ficam de ´zoando´ tipo, ‘Pegamos você!’”, disse Newman.
Potência de quinta geração
Como pilotos de F-35B do USMC, os três oficiais tiveram a oportunidade de participar do maior exercício da USAF, o Red Flag, que ocorre na Base Aérea de Nellis, Nevada. Embora existam diferenças entre os modelos A e B, ambos compartilham tecnologia stealth de quinta geração, o que lhes dá uma vantagem fatal campo de batalha. Veja como Weide o descreveu a sua expériência:
“Nossa primeira missão foi uma contra ofensiva aérea, e estávamos lá para suprimir as defesas aéreas inimigas e escoltar as aeronaves de quarta geração. Eu me lembro de ouvir no rádio todos os caras do F-16 (surtando), e era isso que eu conhecia no Viper … não sendo capaz de ver o que estava acontecendo e levando tiros à esquerda e à direita. Agora, estou aqui em cima, na calmaria. Ninguém me vê e eu vejo tudo. Eu entendo o que está acontecendo em todo o campo de batalha. Lembro-me de ter ficado surpreso ao ver que na minha primeira missão do Red Flag eu estava calmo, por causa da quantidade de informações que essa coisa me dá.”
Essa experiência no Red Flag deu aos pilotos a chance de ver uma perspectiva mais tática no desdobramento do F-35. Enquanto estavam treinando no MCAS Yuma, a filosofia era fortemente voltada para o apoio aéreo aproximado (CAS – close air support) e coordenação de ataque e missões de reconhecimento.
“Por causa desse foco no CAS, o benefício da troca para nós como pilotos não estava realmente no nível tático”, disse Newman. “Foi mais no nível estratégico, algo como aprender a realidade da logística naval, e os problemas de operar com um barco sem muita infraestrutura.”
No verão, Ross, Newman e Weide, se mudaram para Hill AFB e voltaram ao serviço ativo nos 421st, 4th e 34th Fighter Squadrons, respectivamente. Agora que eles estão de volta à USAF, e estão ansiosos para empregar o treinamento tático do F-35, além de ser um ponto de contato para a integração futura entre as versões F-35A/B.
“São dois estilos diferentes de aviação que cresceram em paralelo. Fazemos muitas das mesmas coisas, mas de maneiras completamente diferentes. Mas, agora, quando estamos em um exercício ou operação conjunta fazendo o planejamento da missão e há um fuzileiro naval sentado do outro lado da sala, posso me comunicar com eles e eles saberão exatamente do que estou falando”, disse Ross.
Fonte: 388th FW
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