Vídeo: cerimônia presidencial flagra acionamento real de alerta na Lituânia. Na última quarta-feira (07/07), os presidentes da Espanha, Pedro Sánchez, e da Lituânia, Gitanas Nauseda, realizaram uma visita à Base Aérea de Šiauliai, na Lituânia, onde mais de uma centena de militares e sete caças Eurofighter Typhoon do Ejército del Aire, estão implantados em missão de policiamento aéreo de quatro meses para a OTAN.
A visita dos mandatários à unidade militar, tinha em sua programação uma entrevista coletiva na porta de um hangar, tendo como “pano de fundo” um caça Typhoon espanhol. Até aí tudo normal.
Mas, em uma demonstração inesperada da prontidão das missões de alerta e resposta rápida do Policiamento Aéreo da OTAN, o presidente lituano teve que interromper o seu discurso, ao perceber que os pilotos e os técnicos corriam para o jato, em resposta a um acionamento QRA (Quick Reaction Alert).
Inicialmente, o presidente Nauseda aparentou não estar entendendo o que estava ocorrendo, até que um assessor se aproximou e falou em voz alta que se tratava de um acionamento dos caças de alerta, informando que era um “Alpha Scramble” ou seja, não era uma missão real para interceptar aeronaves russas que se aproximavam dos territórios bálticos da OTAN. Imediatamente iniciou uma pequena correria para remover os púlpitos e retirar os jornalistas da frente da porta do hangar. Os aviões decolaram normalmente, sem atraso na missão.
A coletiva de imprensa foi retomada 25 minutos depois da decolagem do elemento Typhoon, com um hangar vazio como cenário de fundo. O presidente espanhol aproveitou a oportunidade para apontar o ocorrido como amostra da importância da presença dos caças na região. Ambos presidentes divulgaram as imagens em suas redes sociais.
Normalmente, o hangar de alerta é um local estéril, de alta segurança, e não ficou claro se aconteceu alguma falha de planejamento da cerimônia, o que acabou colocando a entrevista coletiva exatamente em frente as jatos que estavam de alerta, ao invés de utilizarem uma aeronave reserva como pano de fundo.
Citando fontes não identificadas da OTAN, o jornal espanhol El Pais levantou a hipótese de que a Rússia teria realizado a missão para, intencionalmente, forçar o acionamento do alerta durante a visita do presidente Sánchez. O jornal chamou a atenção de que não houve nenhum acionamento real nos último 18 dias.
A atividade de aeronaves militares russas sobre a região do Báltico, especialmente na rota entre o enclave de Kaliningrado e a Rússia, é bastante comum. Rotineiramente os caças de alerta no Policiamento Aéreo Báltico (BAP) da OTAN, interceptam aviões militares russos indo e vindo nessa rota. As diretrizes do BAP afirmam que os caças da OTAN devem estar armados, e terão que estar no ar em até 15 minutos após o acionamento.
O número de interceptações da OTAN em toda a Europa tem aumentado consideravelmente. Em todo o continente no ano passado, ocorreram mais de 400 acionamentos, sendo que cerca de 350 eram para acompanhar aeronaves militares russas. A região do Mar Báltico, em particular, é um foco importante desse tipo de atividade.
Atualmente, cerca de 140 militares espanhóis estão em Šiauliai para a missão BAP. O Ejército del Aire Espanhol tem fornecido a última rotação de BAP na base lituana desde 30 de abril, enquanto um contingente F-35A da Aeronautica Militare Italiana está fazendo sua estreia em Ämari, na Estônia. Eles receberam o recente apoio de um destacamento de F-16 da Força Aérea Turca em Malbork, na Polônia.
A Espanha tem sido um dos membros da OTAN mais ativos do BAP, com oito implantações no Báltico desde 2006. Além dos Typhoons, a Espanha também enviou caças Mirage F1M e EF-18 Hornet para a região. Em 2018, um Typhoon espanhol virou manchete na mídia, depois que um míssil ar-ar AIM-120, foi disparado acidentalmente pelo seu piloto, a cerca de 50 milhas da fronteira com a Rússia.
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