FAB inicia nova fase de desenvolvimento das atividades espaciais. A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou com sucesso o rastreio do objeto espacial ATLAS 2AS CENTAUR R/B no dia 5 de maio, utilizando o radar BEARN do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). Esse rastreio deu início às atividades de Consciência Situacional do Domínio Espacial (Space Domain Awareness – SDA) e a uma nova fase em relação às capacidades da FAB no setor espacial. A continuidade dos testes possibilitará a inclusão do Brasil em um cenário internacional de extrema importância estratégica.
Em agosto de 2020, o Centro de Operações Espaciais (COPE), com o objetivo de cumprir as tarefas estratégicas sob incumbência da FAB, elencadas no Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) e na nova edição da Doutrina Básica da FAB (DCA 1-1, 2020), propôs ao Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) que fosse enviada uma solicitação ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para a realização de testes para utilização de radares como meios auxiliares de Monitoramento Espacial (MOE). Tal solicitação foi prontamente atendida, disponibilizando assim os radares do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno para testes em MOE.
O Chefe do Centro de Operações Espaciais, Brigadeiro Engenheiro Luciano Valentim Rechiuti, destacou a importância da possibilidade de futuro emprego real dos meios de rastreio por radar disponíveis no CLA e CLBI, para o incremento da capacidade de Consciência do Domínio Espacial (SSA) da FAB. “Uma vez sistematizadas as operações de SSA por meio do emprego dos radares do CLA e do CLBI, estaremos não só otimizando o emprego desses radares, que atualmente são utilizados somente em operações de lançamento de veículos espaciais, como também passaremos a ter uma participação ativa na comunidade espacial internacional de SSA. Ou seja, deixaremos de ser apenas usuários e passaremos a ser também provedores de informação de SSA para essa comunidade”, disse.
Motivados por esse novo desafio, o efetivo do COPE, CLA e CLBI, detentores de reconhecida capacitação técnico-profissional, deram início a várias campanhas para rastreio de objetos espaciais. Apesar dos rastreios da Estação Espacial Internacional (International Space Station – ISS) para treinamento serem recorrentes, os alvos dos radares agora eram objetos espaciais com ordem de grandeza de tamanho 25 vezes menor que a Estação Espacial.
O sucesso na aquisição de dados orbitais dos alvos pode impulsionar uma parceria já existente entre a FAB e a Força Espacial dos Estados Unidos (USS – Fnited States Space Force) de colaboração na rede de vigilância do espaço (Space Surveillance Network – SSN), além de contribuir para proporcionar ao Brasil uma Consciência Situacional do Espaço (Space Situational Awareness – SSA) independente num futuro próximo. “A atividade de SSA, de monitoramento espacial, é fundamental para as operações espaciais, sejam elas defensivas ou ofensivas”, destacou o Chefe do COPE.
Anteriormente focada apenas na detecção, rastreamento e identificação de objetos artificiais na órbita da Terra, a SSA passou a integrar um conceito internacional mais amplo, o de Consciência do Domínio Espacial (Space Domain Awareness – SDA), quando o espaço passa a ser considerado um campo de batalha assim como o mar, a terra e o ar.
Segundo o Diretor do CLBI, Coronel Aviador Bruno Cesar Janhsen, dadas as características dos objetos rastreados e dos meios operacionais, a complexidade da operação tornou-se um grande desafio para os operadores. No entanto, o sucesso da Operação foi a conjugação da definição de novos parâmetros e procedimentos técnicos com a expertise dos recursos humanos do CLBI. “O desenvolvimento de uma estratégia específica para o rastreio, aliada à cooperação entre as Organizações envolvidas e o conhecimento prático dos operadores, foram os fatores contribuintes para o alcance do objetivo da Operação”, completou o Diretor.
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