Nesta terça-feira (23/03), três tripulantes de um bombardeiro russo Tu-22M3 Backfire, morreram devido ao acionamento indevido do sistema de ejeção dos assentos no solo. O fato ocorreu enquanto a aeronave das Forças Aerospaciais da Rússia (RF VKS), se preparava para uma missão na Base Aérea de Shaikovka, região do Oblast de Kaluga, sudoeste do país.
***** ATUALIZAÇÃO *****
Reproduzimos aqui um trecho de um suposto relatório preliminar, possivelmente vazado online, e postado no site Aviaforum.
Em preparação para o voo de treinamento, após o acionamento do APU para configurar instrumentos no cockpit, o Capitão [Coronel Vadim], Subcomandante do esquadrão, ligou todos os CB (disjuntores) no painel correspondente.
Imediatamente, o sistema de ejeção manual da tripulação foi acionado de acordo com o esquema padrão (o comandante da aeronave sai do avião por conta própria). Quando o sistema manual foi acionado, as quatro janelas superiores do cockpit (acima dos tripulantes) foram liberadas, e três tripulantes foram ejetados. Os mecanismos dos assentos ejetáveis funcionaram normalmente, incluindo a separação dos tripulantes e a abertura dos paraquedas, mas devido à falta de condições de saída segura da aeronave (velocidade inferior a 130 km/h), os paraquedas não foram inflados em tempo suficiente.
Os três tripulantes foram mortalmente feridos ao atingir em alta velocidade vertical a superfície de concreto do pátio de estacionamento.
Os assentos ejetáveis KT-1M são desenvolvidos pela Tupolev Design Bureau, e atualmente equipam os Tu-22M3 e Tu-22MR. Cada membro da tripulação do Tu-22M é equipado com um assento KT-1M e um sistema PS-T de paraquedas de três estágios montado no assento.
A ejeção pode ser automática, ou comandada manualmente (como aconteceu), e a saída da aeronave é feita na seguinte: Operador de Armamentos, Navegador, Co-piloto e Comandante. A ejeção forçada de toda tripulação é realizada pelo Comandante, e para isso basta levantar a tampa e acionar a chave seletora “Saída forçada” do lado esquerdo do painel.
Ao mesmo tempo, um sinal luminoso vermelho “Saída Forçada” acende em cada estação de trabalho e o relé temporizador EMRV-27B-1 é ligado para os assentos dos Pilotos, Navegador e Operador, que são configurados para um tempo correspondente a 3,6 s, 1,8 s e 0,3 s.
Após 0,3 segundos, os relés acionam a válvula solenóide do sistema pneumático EK-69 no assento do Operador, enquanto o sistema de “Prontidão” é acionado no assento, acionando os limitadores de dispersão de braços e pernas e apertando o arnês.
Quando o sistema “Readiness” é acionado, o mecanismo automática ACh-1,2 é acionada no assento, que após 1 s puxa o pino do mecanismo de disparo.
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De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Defesa da Rússia (MOD), os tripulantes foram ejetados durante o check pré-vôo do Tu-22M3, e sofreram ferimentos fatais, porque os seus páraquedas não abriram a tempo. “A altitude da ejeção [em solo] era muito baixa para os páraquedas não abriram, causando ferimentos fatais nos três membros da tripulação”, disse o MOD russo em um comunicado.
Informações não oficiais, obtidas pela Agência de Notícias russa TASS, junto a unidade de saúde que atendeu os oficiais da RF VKS, um dos tripulantes sobreviveu ao impacto, porque teria colocado o cinto de segurança, enquanto os demais ainda não estariam presos aos assentos. Segundo a TASS, o tripluante estaria no hospital de Shaikovka.
A tripulação do Tu-22M3 consiste em quatro membros, sendo Piloto, Co-Piloto, Navegador e o Oficial do Sistema de Armas. Todos os tripulantes tem assentos ejetáveis fabricados pela Tupolev Design Bureau KT-1M que são conectados ao Sistema de Resgate Automático. O sistema permite que os tripulantes ejetem no modo automático ou manual, quando o comandante dá ordens de ejeção. A velocidade mínima de segurança para ejeção seria de aproximadamente 135 km/h e altitude mínima de 60 metros (200 pés), apesar de informa.
Entre os tripulantes que morreram no incidente, estava o Coronel Vadim Beloslyudtsev, piloto-instrutor do voo e Comandante do 52º Regimento de Aviação de Bombardeiro Pesado.
O bimotor supersônico pesado Tupolev Tu-22M3 é um bombardeiro com asas de geometria variável. Estima-se que cerca de 120 exemplares do Tu-22M3 e Tu-22M3M compõem a frota da RF VKS e da Aviação Naval Russa, destinadas para missões de patrulha marítima, vigilância e ataque de longo alcance.
@FFO