Precisão, confiabilidade, segurança. Três características indispensáveis quando o assunto é aviação. Durante a trajetória de um voo, as aeronaves que trafegam pelos céus do Brasil são “orientadas” por equipamentos de navegação, distribuídos pelo território nacional, o que compreende uma área de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Em cada etapa do voo, da decolagem, rota e pouso, os pilotos mantêm comunicação via rádio com os controladores de tráfego aéreo, mas também recebem sinais dos mais de 800 auxílios à navegação aérea, fundamentais para que cada voo aconteça com segurança. A operação do tráfego aéreo depende, entre outros fatores, da acuracidade destes auxílios-rádio, dos auxílios visuais e dos procedimentos de navegação aérea.
Na prática, embora os medidores de terra indiquem posicionamento normal dos componentes de um auxílio-rádio, informações imprecisas podem ser transmitidas às aeronaves em voo. A justificativa para o recebimento de sinais com distorções pode ser causada por reflexões no solo ou em edificações, acidentes topográficos, interferências de linhas telefônicas, redes de energia elétrica ou, ainda, de outros auxílios. Como estes equipamentos são instalados para terem seus sinais utilizados por aviões, há necessidade de que seja comprovada a correção da informação transmitida.
Esta comprovação abrange a verificação, aferição e ajuste dos equipamentos, realizada por aviões especialmente equipados, denominados aviões-laboratório. A atividade de Inspeção em Voo é missão do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Hierarquicamente, o Grupo está subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB). No Brasil, o DECEA é o órgão gestor do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), responsável pelo controle do espaço aéreo em 22 milhões de Km², área que inclui, além do Continente, parte do Oceano Atlântico.
É dos pilotos-inspetores do GEIV a função de verificação de todos os aeroportos brasileiros, auxílios e procedimentos à navegação aérea, perfazendo um total de 83 equipamentos VOR (Very High Frequency Omnidirectional Range), 57 Sistemas de Pouso por Instrumentos (ILS), 67 Radiofaróis (NDB), 230 Auxílios Visuais de Aproximação, 208 Radares Primários e Secundários, 877 Procedimentos de Aproximação – dentre outros tipos de procedimentos de voo – e 21 Estações Rádio, além da atividade de Radiomonitoragem, essencial para a operação aérea segura.
Para o cumprimento desta missão, o Grupo Especial de Inspeção em Voo dispõe de modernas aeronaves-laboratório, sendo quatro Hawker 800XP (IU-93A) – FAB 6050 à FAB 6053 e quatro Legacy 500 (IU-50) – FAB 3601 à FAB 3604, que contam com o Sistema de Inspeção em Voo embarcado UNIFIS 3000, que monitora, avalia e analisa em voo, os sinais eletrônicos provenientes dos auxílios à navegação aérea. Esse sistema é o estado da arte em termo de avanço tecnológico, totalmente digital. Nos primórdios da inspeção em voo, era usado um sistema analógico chamado de C-FIS, onde o alguns cálculos eram realizados manualmente, para verificar o funcionamento dos auxílios.
A equipe de inspeção em voo no Brasil é composta por seis militares: um piloto-inspetor (PI), um primeiro-piloto de inspeção em voo (1P), um Operador de Sistema de Inspeção em Voo (OSIV), dois operadores de sistema de posicionamento de aeronave (OSP) e um mecânico de voo (MEC).
A atividade de inspeção em voo teve início na década de 1950, por meio de acordos de cooperação com a CAA (Civil Aeronautics Administration) – hoje FAA (Federal Aviation Administration) – agência reguladora do Departamento de Transporte dos Estados Unidos, com a responsabilidade de garantir a segurança da aviação civil. As primeiras inspeções em voo realizadas no Brasil foram acompanhadas por brasileiros a bordo de aeronave e tripulação americanas.
Em 21 de fevereiro de 1959, foi realizada a primeira inspeção em voo com avião e tripulação brasileiras, a bordo da aeronave-laboratório Douglas EC-47 (FAB 2065). Esta data marca o início da missão atribuída a Força Aérea Brasileira de inspecionar os auxílios à navegação em todo o território nacional.
Anualmente, o dia 21 de fevereiro merece ser celebrado e reconhecido por usuários do transporte aéreo e por passageiros, que tem a salvaguarda de suas vidas e, ainda, a garantia do controle do espaço aéreo, missão institucional do Grupo Especial de Inspeção em Voo. Mas, mais do que isso, comemorar a evolução tecnológica e operacional do GEIV e o reconhecimento da excelência na prestação do serviço de inspeção em voo. O Grupo colabora com a missão da FAB, de manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria, a Dimensão 22.
Vídeo em homenagem aos integrantes do Grupo Especial de Inspeção em Voo (Fonte: FAB).
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