O recente anúncio da assinatura de contrato entre a Boeing e a USAF, para a aquisição de mais um lote de aeronaves KC-46A, trouxe à luz o imbróglio que envolve a compra dessas aeronaves por parte do Governo Israelense. A notícia foi divulgada pelo o Jornal The Jerusalém Post, em recente reportagem em seu site.
Enquanto não avança o negócio entre Israel e os EUA, no último dia 12 de janeiro, a Boeing anunciou a assinatura de um novo contrato com a USAF, envolvendo a compra de uma dúzia de aeronaves KC-46A Pegasus. Desta forma, sobe para 79 o número de aeronaves pedidas pela USAF, que gradualmente trabalha para substituir os seus aviões antigos aviões de reabastecimento em voo. Desde janeiro de 2019, a Boeing já entregou para a USAF 42 KC-46A.
Enquanto isto, o Governo Israelense costura um contrato bilionário com os EUA, visando adquirir quatro novos KC-46A Pégasus que substituirão os antigos Boeing 707 “Re’em” (codinome israelense para o B707) de transporte e reabastecimento em voo da Força Aérea de Israel (IAF). A quantidade operacional de quadrijatos é mantido sob sigilo, mas sabe-se que a disponibilidade deles vem diminuindo. Algumas aeronaves Re´em da IAF são oriundas de companhias aéreas e foram convertidas para operação militar, e estão beirando os 60 anos em serviço.
Em março do ano passado, pela primeira vez, o Departamento de Estado Americano (DoD) sinalizou positivamente sobre a venda de um lote de até oito aeronaves KC-46A para Israel, por um valor estimado de US$ 2,4 bilhões.
Entretanto, a negociação dessas aeronaves está enfrentando obstáculos políticos e orçamentários internos. Existem divergências entre os ministérios da Defesa e das Finanças de Israel, principalmente sobre a forma de pagamento do futuro contrato, além da falta de aprovação, por parte do governo, do orçamento 2021. Soma-se a este imbróglio, as eleições que ocorrerão no próximo mês de março, o que significará mais atrasos na aprovação do orçamento anual e mais desacordos políticos, o que poderá empurrar a aprovação do contrato dos KC-46A para mais adiante.
Em novembro do ano passado, o Diretor-Geral do Ministério da Defesa, Amir Eshel, alertou sobre o impacto na a segurança de Israel, desses contínuos adiamentos. Ele culpou a falta da aprovação do orçamento como um grande obstáculo para o avanço do projeto do KC-46A. As Forças de Defesa de Israel (IDF) necessitam “urgentemente” de novas aeronaves para substituir a frota envelhecida de aeronaves Boeing 707 Re’em, declarou Eshel.
“Não há país no mundo que opere com plataformas tão antigas […] Voar um reabastecedor ou um helicóptero com mais de 50 soldados à bordo não é algo trivial e envolve muitos riscos […] As nossas necessidades operacionais e de segurança são fundamentais”, disse Eshel.
Equipado com os mais modernos sistemas embarcados, o Boeing KC-46A Pegasus possui uma autonomia de 11.830 quilômetros, capacidade para transportar cerca de 94 mil litros de combustível, e está habilitado para reabastecer em voo mais de 64 diferentes tipos de aeronaves, o que inclui os caças F-35 e F-15 israelenses.
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