Em dezembro de 2020, a Real Força Aérea da Dinamarca (RDAF – Flyvevåbnet) encerrou uma participação de um ano na Operação Barkhane, que ocorre sob o comando da França na região do Sahel, norte da África. Estavam deslocados no Mali, dois helicópteros EH101 Merlin do Esquadrão 722 e aproximadamente 70 militares entre tripulantes e técnicos de apoio. A Dinamarca também contribuiu com oficiais de Estado-Maior para a operação que envolve cinco países africanos, Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger.
Compondo o o esforço internacional que combate o terrorismo no território do Sahel, os militares e aeronaves dinamarqueses foram baseados no destacamento de Gao, leste do Mali. A partir dali, os helicópteros realizaram missões de transporte de tropas e equipamentos para os diversos pontos de apoio da Barkhane, incluindo voos para os militares da chamada Força Conjunta G5 Sahel, composta por soldados de Burkina Faso, Mali, Mauritânia, Níger e Chade. Além de missões primárias de transporte, os Merlin dinamarqueses também realizaram operações de reconhecimento e inteligência, cobrindo diversos pontos e rotas na região.
Em um briefing realizado em novembro do ano passado, antes da saída para uma missão, o oficial de inteligência da Flyvevåbnet chama a atenção da tropa para a real situação do conflito: “Basicamente tudo aqui é uma bagunça. Constantemente o oponente muda as suas alianças, e onde a motivação para lutar contra o governo um dia era política, no outro pode mudar para um conflito de relações tribais ou familiares. Isso significa que devemos estar sempre atentos”.
O Coronel Sylvain Coulon, Comandante Francês dos cerca de 5.000 homens estacionados na região da Operação Barkhane, salientou a importância da contribuição dinamarquesa para o andamento das missões: “As distâncias aqui são tão grandes (o Mali é quase 2x maior que a França), e os terrenos são tão difíceis, que sem os helicópteros dinamarqueses teríamos muito mais dificuldades para realizar as nossas missões. Com a sua eficiência e estabilidade, eles deram uma grande contribuição para o caminho da paz na região”.
Além da Dinamarca, o Reino Unido, a Espanha e obviamente, a França, mantém aeronaves de diversos modelos na área do Sahel. Um grande desafio encontrado pelos dinamarqueses no destacamento do Mali foi o extremo calor e a poeira do deserto. Essas condições afetam muito os componentes das aeronaves, que são submetidos a constantes inspeções realizadas nos acampamentos. Demonstrando profissionalismo e adestramento, os técnicos realizaram a inspeção de 400 horas em um Merlin. Sob uma temperatura que beira os 50 graus ao sol, os técnicos trabalharam quatro dias em uma barraca com seis equipamentos de ar-condicionado que tentavam amenizar o calor.
Ao retornar para a Dinamarca, um piloto da Flyvevåbnet, codinome “TOB”, demonstrou a sua satisfação profissional por compor esta missão, e elogiou helicópteros EH101 Merlin, inicialmente contestados: “Desde o início, a imprensa taxou a compra dos helicópteros Merlin como um grande erro realizado pelas nossas Forças Armadas. Mas se há algo que essa missão provou, é que essas aeronaves são incrivelmente robustas para tarefas pesadas e operando em um ambiente extremamente hostil, com altas temperaturas e muita poeira. Apesar de muitas missões voarmos muito perto da carga máxima operacional, em condições absurdamente desafiadoras, os Merlin cumpriram todas as suas missões sem qualquer problema”.
@FFO