Desde 01 de janeiro de 2021, o espaço aéreo suíço conta com o serviço de policiamento aéreo 24×7 (24 horas por dia x 7 dias por semana). Até o último dia do ano passado, as unidades de caça da Força Aérea da Suíça (SAF) realizavam o serviço de QRA (Quick Reaction Alert) em horários de expediente limitados, o que num passado recente gerou constrangimento internacional para a defesa aérea do país.
Em 17 de fevereiro de 2014, o Boeing 767-300ER da Ethiopian Airlines (ET-AMF), realizava o voo ETH702 entre Addis Abeba (HAAB) e Roma Fiumicino (LIRF), quando foi sequestrado pelo próprio copiloto, Hailemedhin Abera Tegegn (31), que desviou o avião para a Suíça, onde solicitou asilo político.
Sobre espaço aéreo europeu, inicialmente o 767 foi interceptado por dois Eurofighter Typhoons da Aeronautica Militare Italiana (AMI), acionados em QRA a partir da Base Aérea de Gioia del Colle, sudeste da Itália. Ao deixar o espaço aéreo italiano, o jato comercial foi acompanhado por Mirage 2000 da Armée de l’Air et de l’Espace (AAE) até o pouso em Genebra, que aconteceu ao amanhecer. Como a missão ocorreu fora do horário de expediente dos caças suíços, a defesa aérea do país ficou a cargo dos franceses, o que na época causou constrangimentos para a Suíça.
O plano para aumentar a vigilância do espaço aéreo suíço foi proposto ao parlamento em 2009, mas só foi tirado da gaveta após o incidente com o voo ETH702. O projeto sofreu atrasos por conta de pressão política, que não via utilidade nesse serviço, inclusive com algumas opiniões mais radicais que não veem utilidade na própria Força Aérea, tendo em vista que o país está cercado por nações amigas capazes de oferecer proteção. Essas opiniões antimilitaristas esqueceram que a Suíça é uma nação independente, e como tal deve manter a soberania do seu território.
Desta forma, apenas em 2015 foi ativado efetivamente o projeto PA24, objetivando a prontidão operacional permanente de pelo menos dois caças F/A-18 Hornet para proteção do espaço aéreo do país. Para isto, foi necessário dispor de um orçamento anual de aproximadamente US$ 24 milhões, além da contratação de cerca de uma centena de novos funcionários.
A implantação do projeto PA24 aconteceu gradualmente a partir de 2016, quando duas aeronaves tiraram alerta por 50 semanas, apenas em dias úteis e no horário comercial. No ano seguinte, a prontidão foi estendida para todos os dias da semana, mas em horários limitados, e desde o início de 2019 o horário foi ampliado das 6h às 22h. Agora, desde as primeiras horas de 2021, as aeronaves da SAF estão disponíveis 24 horas por dia, 365 dias por ano (H24).
O Departamento Federal de Defesa, Proteção Civil e Esporte da Suíça (DDPS), informou que apenas em 2020, o projeto PA24 possibilitou a realização de 15 missões de policiamento aéreo “quentes”, onde ocorreu violação grave das regras de tráfego aéreo, além de cerca de 290 missões “reais”, onde foram realizadas interceptações para verificações de aeronaves de países que necessitam de autorização diplomática para sobrevoar o espaço aéreo suíço.
A Base Aérea de Payerne (LSMP) é a unidade operacional para o serviço de alerta e policiamento aéreo da SAF, realizado pelos F/A-18C/D Hornet dos Esquadrões 17 e 18. Para executar o QRA, são necessárias duas equipes de solo com 11 militares cada, além de cinco pilotos permanentemente de prontidão. Em caso de interdição da pista de Payerne por qualquer motivo, as operações serão realizadas a partir das Bases Aéreas de Emmen (LSME) ou Meiringen (LSMM), onde operam os Hornet do Esquadrão 11.
Conforme noticiamos aqui no Site da RFA, em setembro de 2020 um referendo foi realizado e a maioria dos eleitores suíços, aprovou a compra de novas aeronaves de combate para substituir os atuais F-5 Tiger e F/A-18C/D Hornet. O Governo Suíço avaliando quatro modelos que concorrem ao contrato, o Eurofighter Typhoon, o Boeing F/A-18 Super Hornet, o Dassault Rafale e o Lockheed Martin F -35. O vencedor deve ser anunciado no segundo trimestre de 2021 e o recebimento da entrega da nova aeronave está prevista para 2025.
@FFO