Caças do Futuro: ainda serão tripulados? A resposta a pergunta-título é SIM! Não espere que futuros projetos de aeronaves de combate tirem de vez as tripulações humanas do cockpit. A projeção é que a próxima geração de caças e aeronaves de ataque sejam complementadas por sistemas não tripulados, muitos deles geridos por inteligência artificial. Antes de tirarmos de vez – se é que isto acontecerá, o piloto do cockpit, veremos um mix de tripulados e não tripulados operando lado a lado!
Vários fatores continuam a “manter o assento ejetável e seu ocupante” (ou ocupantes), nos projetos que estão sendo desenvolvidos. O primeiro é que o poder aéreo ainda continua dependente não apenas de tecnologia e da inovação, mas também, de pessoas. Há também uma tendência de “conservadorismo” que, quando associada ao real investimento necessário, se mostra contrária à assunção de riscos: principalmente se o projeto for a futura espinha dorsal da frota de combate de uma Força Aérea. Além disto, projetos de aeronaves de combate começam a disputar o orçamento com outros projetos importantes: tecnologia para ações espaciais, satélites, mísseis hipersônicos, armas lasers, etc. Muitas inovações disputando o “mesmo orçamento”.
Hoje existem pelo menos oito projetos de aeronaves de combate – leia-se caças, em andamento: um nos Estados Unidos, três na Europa (França, UK e Turquia) e três na região do Indo-Pacífico (Japão, Coreia do Sul e China), além do projeto Russo que corre por fora. Independentemente de seus estágios de desenvolvimento, todos são projetados em torno de uma cabine com um piloto humano, acabando – ao menos para esta próxima geração, com o conceito de que aeronaves de combate tripuladas estão no fim. A máxima de que “a última geração de pilotos de caça da história já nasceu”, portanto, não seria verdade, ao menos hoje.
Mais importante no debate “tripulado vs não tripulado” é que o ritmo do progresso, no caso do último, tem sido mais lento do que muitos esperavam. Acelerar isto exigiria um investimento gigantesco, sem garantias e com alto risco, e isto, parece ser hoje – em meio a mais cortes orçamentários face a crise da pandemia de COVID-19, algo fora dos planos dos governos e da indústria. Além do mais, caças, não são os únicos na “fila” por orçamento.
Tem havido, é verdade, inúmeros desenvolvimentos e introdução em serviço de veículos aéreos de combate não tripulados de ponta, porém não de caça. Veículos aéreos não tripulados mais simples, equipados com munições ar-superfície, tiveram uma adoção mais ampla e contínua por parte das Forças Armadas. Porém, eles não sobrevivem em espaço aéreo sem superioridade aérea plena. Hoje, grande parte do foco militar e industrial é a busca por drones de baixo custo, mini-drones e até drones descartáveis tipo kamikazes e, claro, os drones logísticos – algo que irá dominar o cenário nós próximos anos.
Há também um novo conceito, o de UAS armados e lançados de aeronaves tripuladas para ampliar o alcance da arena ar-ar. É um conceito que visa aumentar ainda mais a arena de combate estendendo ela para além do alcance dos atuais mísseis BVRAAM.
No caso de aeronaves não tripuladas, a autonomia sob a rege da inteligência artificial (IA), continua sendo uma meta desafiadora, que passam por questões técnicas e até questões legais e éticas do uso de drones com este recurso. Estes estraves apontam que, a curto a médio prazo, os drones irão complementar, em vez de substituir as plataformas tripuladas.
A Força Aérea dos Estados Unidos e a Marinha dos Estados Unidos estão agora examinando as necessidades de seus caças multifuncionais de próxima geração, com a geografia da região Indo-Pacífico como um potencial condutor de requisitos. O principal programa é o Next Generation Air Dominance (NGAD) da USAF, cujo, Boeing, Northrop Grumman e Lockheed Martin estão no páreo. O raio de combate provavelmente será de maior importância e, juntamente com o objetivo de transportar mais armas, isso significa que a plataforma não será menor e, possivelmente, maior do que a geração atual com espaço para levar drones em pods seja para reconhecimento, ataque ou defesa. É bem provável que USAF e USN empreguem versões dedicadas de um mesmo modelo, como ocorreu no F-35.
A Europa tem os seus próprios desafios nesta área. O fracasso em consolidar adequadamente a indústria aeroespacial de defesa local deixou a Europa com três – se a Turquia for incluída – aeronaves em desenvolvimento.
A França e o Reino Unido, apesar da retórica do acordo de cooperação de defesa de Lancaster House de 2010, continuam incapazes de alinhar os seus requisitos de defesa aeroespacial com a indústria. A França está liderando o New Generation Fighter tendo a Alemanha e Espanha como parceiros, enquanto o Reino Unido, lidera o projeto Tempest com o apoio da Itália e da Suécia. Ambos estão inseridos em projetos mais amplos do Sistema Aéreo de Combate do Futuro (FCAS – Future Combat Air System). Já a Turquia, está desenvolvendo o TF-X (Turkish Fighter – Experimental).
No Oriente, Japão (F/X), Coreia do Sul (KF-X) e China (Shenyang FC-31) seguem projetos futuristas com a Rússia correndo por fora com seu MiG-41, que apesar de ser dito como de 6ª geração é uma nítida evolução do MiG-31.
Seja como for, todos ainda enxergam a necessidade de ter um piloto no controle. Como estes países são líderes de tecnologia, certamente influenciarão outros projetos, sejam eles indiano, iraniano ou de algum outro país que venha a sonhar com um caça de 6a geração feito localmente.
@CAS