Hoje – 21/12, há exatos 50 anos um dos mais icônicos e venerados aviões já construídos realizava o seu primeiro voo! Nascia o Gato Tom ou o Grumman F-14 Tomcat – o primeiro e único caça naval com asas de geometria variável.
O programa F-14 nasceu em 1968, fruto do projeto VFX (Navy Fighter Experimental) da United States Navy (USN) que resultou no Projeto 303 da Grumman, que se encaixou perfeitamente nas especificações, após o colapso do programa F-111B, um projeto desenvolvido em conjunto entre a General Dynamics e a Grumman.
O F-111B seguia um conceito do Departamento de Defesa dos EUA – não compactuado pela USN, diga-se passagem, de fazer com que USAF e USN usassem os mesmos vetores de combate para maximizar os custos de projeto, produção e operação. Isto gerou o F-111B chamado de “Sea Pig”, uma versão naval do F-111A, que não se adaptou ao ambiente naval, apesar de ter sete protótipos construídos. Ele era muito pesado e não cumpria várias das especificações.
O VFX exigia um caça naval de superioridade aérea bimotor, supersônico, biplace em tandem, com um sistema de armas avançado centrado em um poderoso radar.
A Grumman propôs oito variantes do Projeto 303, sendo o model 303E escolhido como vencedor. Durante o processo de design, cerca de 9.000 horas de teste de túnel de vento foram realizadas em cerca de 2.000 configurações diferentes e quase 400 combinações de entradas de ar e bocais de exaustão! Houve uma versão de asa fixa, que foi rejeitada por causa de seu peso, adequação de porta-aviões e por causa de seu desempenho a baixa altitude. Vale lembrar que parte do design básico do F-14 (e também do F-111) foi feito em cima do Messerschmidt Me P1101 de 1944! Aliás este jato alemão foi o “pai” de muitos projetos americanos, europeus e soviéticos.
O primeiro voo do protótipo nº 1 do F-14A (BuNo 157980) ocorreu as 16h de 21 de dezembro de 1970 a partir da planta da Grumman em Calverton, Nova York, sob o comando do piloto de teste chefe da Grumman, Robert Smyth tendo o piloto de teste do projeto William Miller no assento traseiro.
Em 30 de dezembro de 1970, o Tomcat # 1 fez seu segundo voo, quando veio a ser perdido em uma acidente devido à falha de uma bomba hidráulica, que causou a perda total dos controles de voo. A tripulação conseguiu ejetar com segurança e a aeronave caiu perto da pista da Grumman em e Calverton, em Nova York. Um acidente assim poderia prejudicar o projeto. Não foi o que aconteceu.
Ao todo, 14 aeronaves foram utilizadas para o programa de desenvolvimento, 12 delas para a campanha de ensaios em voo (BuNo 157980 a 157991), sendo que duas delas foram usados exclusivamente para o desenvolvimento do Hughes AIM-54 Phoenix na Hughes Aircraft Corporation em Point Mugu, CA – primeiro míssil BVR. Cinco F-14 passaram algum tempo em Patuxent River, Maryland, para testes de adequação de porta-aviões e para demonstração estrutural, de motores e de desempenho.
Apenas 51 meses após o primeiro voo, a produção em série é iniciada e no dia 8 de outubro de 1972 o VF-124 – o Fleet Replacement Squadron ou a unidade que faria a conversão operacional, recebe seu primeiro F-14A. Os primeiros esquadrões operacionais, o VF-1 e o VF-2 começaram a receber seus Tomcats em julho de 1973, com um primeiro cruzeiro sendo realizado a bordo do USS Enterprise (CVN-65) em 22 de setembro de 1974. O Tomcat foi entregue a frota da USN a tempo de tomar parte das ações finais da Guerra do Vietnã.
O Tomcat fez sua estreia em combate durante a Operação Frequent Wind, destinada a evacuação de cidadãos americanos de Saigon, em abril de 1975. Os F-14A dos VF-1 e VF-2, operando do CNV-65, voando missões de patrulha de combate (CAP – Combat Air Patrol) sobre o Vietnã do Sul, protegendo a rota de evacuação.
O F-14A Tomcat foi concebido como um caça de superioridade aérea para a defesa da frota, substituindo os McDonnell Douglas F-4J Phantom. É um caça naval biplace – Piloto + RIO, bimotor (2 x P&W TF-30-P-414A = 34mil lb) capaz de voar a Mach 2,38, com um teto de serviço de 50 mil pés e um alcance de 1.730 nm. Seu peso máximo de decolagem é de 72.000 libras (32 toneladas).
A partir de 1974 ele gradualmente foi sendo introduzido na frota da USN, passando a ser a partir de 1981 o caça padrão da Marinha embarcado nos porta-aviões convencionais e nucleares. O padrão usado pela USN era de duas unidades VF embarcadas em cada comissão, cada uma com 12 aeronaves.
A partir do final dos anos 1970, o F-14 ganhou uma nova função. Além de superioridade aérea e defesa aérea da frota, passou a voar missões de reconhecimento, com a integração do Tactical Airborne Reconnaissance Pod System (TARPS). Aproximadamente 65 F-14A e depois todos os F-14B/D foram modificados para transportar o pod. TARPS era controlado pelo Oficial de Interceptação Radar (RIO) por meio de uma tela extra dedicada aos dados de reconhecimento. Em 1996 surgiu TARPS Digital (TARPS-DI), uma com uma câmera digital. A câmera digital foi atualizada no início de 1998 com a configuração TARPS Completely Digital (TARPS-CD), que também fornecia transmissão de imagens em tempo real – esta exclusiva dos F-14D.
Ao longo de sua operação, os F-14A estiveram em toda as operações de vulto da USN desde 1974. Nos anos 1980 eles participaram de todas as ações da guerra fria, em especial as ações contra a Líbia, onde se envolveram diretamente em missões CAP nas Operações “Prairie Fire” e “El Dorado Canyon” em 1986. Foi contra os líbios que os Tomcats fizeram suas primeiras vítimas em combates ar-ar.
Os Tomcats Alfas também voaram sobre o Líbano e executaram dezenas de interceptações de aeronaves soviéticas em missões de policiamento do espaço aéreo. Além disto estiveram – sempre em missões de defesa aérea proteção de aeronaves de ataque nas operações na Somalia (1983), em Granada (1983), no incidente com o navio MS Achille Lauro em 1985 e na Operation Earnest Will (1987/88) entre muitas outras.
Os F-14 Alfas protagonizaram dois combates aéreos celebres nos anos 1980 contra a Força Aérea da Líbia, como consequência de anos de disputa política entre os EUA e Líbia, que se tornaram antes de mais nada um embate pessoal entre Ronald Reagan e Muamar Kadafi. Ao longo da década de 1980, por diversas vezes, aeronaves da USN e da Força Aérea da Líbia estiveram frente a frente em atos provocativos ao longo do lar mediterrâneo e, principalmente, no Golfo de Sidra.
Em 1981 as tensões de Kadafi com o mundo estão em alta rotação. O aumento do fomento ao terrorismo por parte do Governo Líbio, ameaças a Israel, aos EUA e a consequente pressão do mundial, criou um cenário de tensão que deu a Kadafi o status de “homem mais perigoso do mundo”. Este cenários fez aumentar a presença da USN no Golfo de Sidra como forma direta de pressão.
Em resposta a presença dos EUA na região, a Líbia aumenta seu mar territorial em agosto de 1981 de 22 km para 480 km – prejudicando a navegação mundial. Além disso, Kadafi cria a “linha da morte”, uma linha imaginária dento do Golfo de Sidra e a 100 km da costa, que, quem ultrapassasse, seria alvejado.
Como respostas os EUA envia os grupo de batalha do USS Forestal (CV-59) e do Nimitz (CVN-68) para ultrapassar a linha e criar um atrito. Depois de alguns dias de provocação, finalmente, o atrito se estabeleceu.
No dia 19 de dois F-14A da VF-41 do USS Nimitz (CVN-68) estavam na CAP leste. Depois de alguns dias de ações provocativas – onde as aeronaves da LAF se aproximavam e refutavam interceptação, naquele dia algo saiu do script. Dois Sukhoi Su-22M3 Fitter do Esquadrão 1032 da LAF decolaram de Benina Air Base, visando interceptar os dois F-14 da CAP leste do CVN-68. Do nada e fora do alcance efetivo, o líder da formação disparou um MAA Vympel K-13 (AA-2 Atoll) contra os F-14. Imediatamente os Tomcats call-sing “Fast Eagle 102” (BuNo 160403) e “Fast Eagle 107” (BuNo 160390 ) regiram e abateram os dois Su-22 em 45 segundos com mísseis AIM-9L. Foi a primeira vitória ar-ar dos F-14!
O segundo ato. A crise entre os dois países, que já durava anos, aguçou novamente quando os Estados Unidos acusou a Líbia de construir uma usina para a fabricação de armas químicas em Rabta. Foram enviados para ao Golfo de Sidra os porta-aviões USS Jonh F Kennedy (CV-67) e o USS Theodore Roosevelt (CVN-71).
Na manhã do dia 4 de janeiro de 1989, o grupo de batalha do CVN-67 estava a 190 km ao norte da costa, enquanto a 130 km uma esquadrilha de A-6 Intruder, escoltado por dois pares de F-14A do VF-14 e VF-32, fazia exercícios ao sul de Creta.
Às 11:50 horas da manhã, depois de algum tempo em patrulha, o E-2C do VAW-126 informou aos F-14 da descolagem de quatro MiG-23 líbios do aeródromo de Al Bumbaw. Os F-14 do VF-32 voltaram-se para os primeiros dois MiG-23 a cerca de 50 km à frente do segundo elemento, enquanto os Tomcats do VF-14, mantiveram a proteção dos A-6.
Os MiGs continuaram se aproximando do elemento do VF-32 composto pelo “Gypsy 107” (BuNo 159610) e pelo “Gypsy 102” (BuNo 159437). À medida que os dois pares de aeronaves convergiam, o E-2 e outros meios de espionagem dos EUA na área monitoraram as comunicações de rádio entre as aeronaves líbias e seus controladores de solo. Os americanos ouviram os MiG-23 receberem orientação para interceptar os F-14. O combate começou a 12 nm com o “Gypsy 107” lançando dois AIM-7, que erraram o alvo. Já o “Gypsy 102” conseguiu abater seu alvo com um AIM-7. Por fim, o líder – “Gypsy 107” conseguiu abater o MiG-23 Líbia a 1,5 mn com um AIM-9L. F-14 2 x Líbia 0!
Os Tomcats participaram das ações da Guerra do Golfo. Incidentalmente da Operação Desert Shield em 1990 e após da Operação Desert Storm em 1991.
Dois porta-aviões dos EUA participaram Desert Shield: USS Eisenhower (CVN-69) com os esquadrões F-14A VF-142 “Ghostriders” e VF-143 “Pukin Dogs” e o USS Independence (CV-62), com um único esquadrão Tomcat, VF-154 “Black Knights”. O Eisenhower e Independence terminaram seus cruzeiros antes do início da luta.
Em 17 de janeiro de 1991, primeiro dia da Desert Storm, seis porta-aviões da USN estavam estacionados na zona de guerra. Só um deles, o USS Midway (CV-41) não tinham Tomcats a bordo. Os cinco navios equipados com Tomcat eam o USS John F. Kennedy (CV-67) VF-14 “Tophatters” e VF-32 “Swordsmen”; USS Saratoga (CV-60) VF-74 “Be-Devilers” e VF-103 “Sluggers”; USS America (CV-66) com VF-33 “Tarsiers” e VF-102 “Diamondbacks”; USS Ranger (CV-61) VF-1 “Wolfpack” e VF-2 “Bounty Hunters” e o USS Theodore Roosevelt (CVN-71) VF-41 “Black Aces” e VF-84 “Jolly Rogers”.
Os esquadrões Tomcat realizaram principalmente missões de CAP, de escolta a aeronaves de ataque e reconhecimento com TARPS, que ajudaram na busca pelos mísseis Scud móveis do Iraque.
Até o início da ofensiva terrestre, os F-14 eram amarrados a CAP de defesa da frota e rotineiramente se aventuravam sobre o território inimigo apenas quando escoltavam missões de ataque. Isto frustrou um pouco a unidades ávidas por embates ar-ar contra os iraquianos.
O F-14 marcou apenas uma única vitória aérea confirmada durante a guerra, quando em 6 de fevereiro de 1991, o F-14A (BuNo 162603) do VF-1 “Wolf Pack” derrubou um helicóptero Mil Mi-8 “Hip”, usando um AIM-9 Sidewinder.
Também um F-14A+ da VF-103 (BuNo 161430) foi abatido durante a Desert Storm por um míssil superfície-ar em 21 de janeiro. O Tenente Devon Jones, foi resgatado enquanto o seu RIO Tenente Lawrence Slade, tornou-se prisioneiro de guerra, so sendo repatriado em março de 1991.
A Desert Storm marcou a estreia do F-14A+ em combate, que equipou dois esquadrões – VF-74 e VF-103 ambos do USS Saratoga. Posteriormente, os F-14A+, uma versão remotorizada e atualizada do F-14A seria redesignado F-14B.
Um dos problemas que o F-14 sempre enfrentou foram os motores – 2 x P&W TF-30-P-414A de 34mil lb. Por isto, desde o inicio do projeto já se estudava trocar eles pelos Pratt & Whittney F401-P400, tanto que o protótipo nº7 F-14A (BuNo 157986) realizou testes em 1973 tendo feito seu primeiro voo em 12 de setembro.
Porém os ensaios não foram considerados satisfatórios, e a ideia foi engavetada até 1981, quando foram feitos novos testes com um novo motor: o General Electric F101DFE (Derivative Fighter Engine). Os voos em julho de 1981 foram bem sucedidos, inclusive mostrando que o empuxo permitia lançar o Tomcat de uma catapulta sem pós-combustão. Apesar do sucesso e de dar mais relação peso/potência a aeronave, a USN mandou parar o projeto que havia sido designado inicialmente como F-14B Super Tomcat.
Ele só foi retomado em julho 1984, quando a Grumman recebeu ordens para retirar o protótipo nº 7 do armazenamento novamente, e desta vez, instalar um par de General Electric F110-GE-400. Em julho de 1984 começaram os testes de voo com o novo motor, testes muito bem-sucedidos, que levaria à produção do que a USN designou inicialmente como F-14A+ (PLUS). O primeiro F-14A+ (PLUS) – BuNo 162910 – fez seu voo inaugural em setembro de 1986. A produção do F-14A+ começou em março de 1987 e em 1º de maio de 1991 todos os F-14A + foram redesignados F-14B.
Durante o programa do F-14A+, estudos de uma versão atualizada – o F-14C – com motores F101DFE da General Electric ocorreram em paralelo. O F-14C deveria ter aviônicos atualizados, radar aprimorado e um sistema de controle de fogo compatível com os do A-6 e F/A-18. O F-14C foi abandonado mas, todos esses novos recursos foram posteriormente incorporados na produção final do F-14A, F-14A + (F-14B) e F-14D.
A variante F-14D acabou sendo desenvolvida em paralelo a produção do F-14A+ e incluiu os mesmo motores GE F110-400, porém com algumas novidades, como aviônica digital e compatibilidade com datalink link 16, TARPS-DG, IRIS-T e o novo radar APG-71.
A ideia da Grumman era ocupar o espaço que o A-6 deixaria ao se aposentar. Porém, o F-14D sofreu um forte lobby da Boeing em favor do F/A-18E/F, a produção do F-14D foi encerrada em janeiro de 1991 com parte das aeronaves F-14B/D sendo construídas ou outra parte convertidas a partir de F-14A.
Porém apesar de cancelada novas compras, as modificações feitas nos F-14A/B/D permitiram uma nova sobrevida ao Gato Tom, pois eles ganharam a capacidade Bomcat, ou seja, de emprego de armas de precisão. Se o F-14A tinha como DNA defesa aérea. Os F-14A/B/D Bombcat passaram não só a defender, mas principalmente, atacar com precisão. Os F-14B/D também ganharam mais potência se comparados aos F-14A, graças as duas GEGE F110-4000-P-414A que juntas geram 56 mil lb. Eles mantiveram a mesma capacidade de voar a Mach 2,38 dos Alfas, mas com um teto de serviço de 53 mil pés e um alcance de 2.050 nm. Seu peso máximo de decolagem subiu para 74.000 libras (33 toneladas). Outro ponto importante. Os B/D podiam agora decolar no porta-aviões sem pós-combustão.
Com a demora no desenvolvimento do Super Hornet, a USN autorizou uma adaptação nos F-14A/B/D para o uso de FLIR e do pod LANTIRN (Low Altitude Navigation and Targeting Infrared for Night) AN/ALQ-14, que permitiu navegação, designação e ataque de precisão. Com isto os Tomcat passaram a empregar diversas bombas de precisão da família Paveway, JADAM e GBU. A partir de 1992 foi iniciados os testes com bombas convencionais e em 1994 ele começaria sua vida de aeronave de ataque, que consagrou os seus últimos 10 anos de operação.
Apesar de ter sido concebido como um caça de superioridade aérea, o Tomcat viu mais ação como aeronave de ataque, mais precisamente, como caça bombardeiro de longo alcance. Esteve em ação no Balkans (1994/95), Kosovo (1999), Afeganistão (OEF 2001-2003) e Iraque (OIF 2003-2006), operando em missões de ataque sempre a partir dos porta-aviões da USN, empregando em sua grande maioria bombas inteligentes.
Com o fim da guerra fria e os cortes no orçamento e compra do Super Hornet em 1991, a USN decidiu que o F-14 era muito caro pra se manter em serviço. A partir de 2003 apenas nove unidades de F-14 a maioria de B/D permaneciam em serviço. Este número foi diminuindo até que em 2005 apenas duas estavam voando o Tomcat. A despedida era eminente. O fim depois de mais de três décadas, estava marcado. O último cruzeiro a abordo do CVN-71 foi marcado para as VF-31 e VF-213 como parte a CAW-8 num tour no Golfo Persico para apoiar a OIF.
Assim, a bordo do USS Theodore Roosevelt (CVN-71), os dois esquadrões realizaram, entre setembro de 2005 e março de 2006, a missão derradeira de combate dos Tomcats. O dia 8 de fevereiro de 2006, ficou marcado como o último dia de combate dos Tomcats do VF-213, quando o F-14D Tomcat (BuNo. 161159) “Lion 204” pegou o cabo do USS Theodore Roosevelt (CVN-71). No dia 13 de fevereiro, os “Black Cats” do VF-31 fazerem o seu último voo de combate – feito sobre Bagdá, que marcou o lançamento da última bomba por um F-14D em operação real. Ao regressarem, ambas as unidades começariam a transição para o F/A-18E/F.
O últimos lançamentos operacionais foram realizados pelo USS Theodore Roosevelt em 11 de março de 2006, quando foram catapultados os F-14D do VF-213 para o regresso a sua base terrestre na NAS Oceana.
O último catshot de um Tomcat foi feito a partir do USS Theodore Roosevelt pelo F-14D do VF 31 – AJ112 (BuNo 163417) no dia 28 de julho de 2006 às 16h42. Quando o “Tomcatter 112” deixou a catapult nº 3 do convoo, pilotada pelo Tenente Blake Coleman e pelo RIO Tenente Comandante, havia se encerrado uma era, de mais de 32 anos embarcado operacionalmente.
Em setembro de 2006 o VF-31 se despediu do Tomcat, quase 34 anos depois da VF-124 receber o primeiro Tomcat de produção em série. Chega ao fim um era na USN. Alguns foram preservados. Outros estocados e outros sucateados. O último voo foi feito pelo VF-31 F-14D AJ102 (BuNo 164904) no dia 22 de setembro de 2006 na NAS Oceana, diante de uma plateia de centenas de espectadores civis, da USN e da Northrop Grumman.
Dois filmes imortalizaram o Tomcat no Cinema. O primeiro é o “The Final Countdown” que no Brasil ganhou o título “O Nimitz volta do Inferno”. Lançado em agosto de 1981 ele tem como estrela os F-14A do VF-84. O enredo é uma ficção sobre um portal do tempo que leva o USS Nimitz através do tempo até 7 de dezembro de 1941 – dia do Ataque Japonês ao Havaí. O filme tem boas cenas embarcadas. A mais marcante, sem dúvida, é um combate aéreo entre o passado e o futuro, ou seja, um dogfight entre dois F-14A e dois A6M Zero Japoneses.
Para quem nunca viu ou quer rever veja aqui o filme.
O segundo é Top Gun ou Ases indomáveis no Brasil, de 1986, que dispensa apresentações, sendo para muitos o filme mais cult de aviação já feito até hoje. Quem não lembra desta abertura momorável!?
Ao todo, 712 F-14 foram construídos pela Grumman:
Total 632 F-14 para a USN
Total 79 para o Irã
A USN teve ao to 41 esquadrões operacionais ou unidades de ensaio e testes de F-14A/A+/B/D Tomcat. Além destes, a NASA também voou o velho Gato!
Hoje o único operador do F-14 é a Força Aérea da República Islâmica do Ira (IRIAF). As aeronaves foram adquiridas antes da revolução de 1979, tempos em que os EUA apoiavam o Irã. Os primeiros contatos foram feito em 1971, e após, um processo de negociação com o Chá Mohammad Reza Pahlavi, os F-14A foram adquiridos em 1974, inicialmente em um lote de 30 unidades para a então Força Aérea Imperial Iraniana, pedido que foi ampliado meses depois para 80 F-14A e 714 mísseis AIM-54 Phoenix em um negócio de US $ 2 bilhões. Ao todo 274 AIM-54 foram entregues junto com 79 F-14A antes do regime do Aiatolás tomar o governo.
As aeronaves começaram a ser entregues em janeiro de 1976. Em outubro de 1978, dois F-14A interceptaram um MiG-25 soviético voando alto e rápido sobre o mar Cáspio, forçando-o a abortar uma operação de reconhecimento sobre o Irã.
Com a queda do Chá, houve o rompimento diplomático entre EUA e Irã, e com isto, o corte de suprimentos da Grumman. Em setembro de 1980, a agora Força Aérea da República Islâmica do Irã (IRIAF) conseguiu, após usar recursos locais, colocar um número de células operacionais.
Na década de 1980, os F-14 foram usados como interceptores pelo IRIAF durante a Guerra contra o Iraque (1980 – 1988). Os dados não são precisos, mas consta que os F-14 iranianos abateram pelo menos 160 aeronaves iraquianas durante a guerra, perdendo de 12 a 16 Tomcats, a maioria por acidentes.
Com os embargos, os iranianos acabaram por fazer muitas modificações e customizações, inclusive de armamento, com a integração de outros mísseis. Relatos dão conta que por vários anos os F-14 estiveram sem condições de operar no fim dos anos 1990 e início dos 2000, com a frota vivendo de canibalizações e de esforço local para refazer peças por engenharia reversa. Em 2007 os EUA pagou US$ 900 mil para destruir parte dos velhos F-14, ao em vez de vender os aviões como sucata ou a aliados, tudo para não correr o risco de peças ou aeronaves inteiras pararem no Irã.
O processo de atualização dos F-14 da IRIAF começou em fevereiro de 2017. Eles estão sendo elevados ao padrão F-14AM (“Modernizado”) a fim de estender sua vida operacional até 2030. As atualizações domésticas incluem novos aviônicos, radar e RWR, além da integração de mísseis R-73E, AIM -7E e AIM-9J estão entre os mísseis ar-ar adaptados ao sistema de controle de fogo da aeronave. Outros incluem o Fakour-90, uma cópia local do AIM-54 e o míssil MIM-23 Hawk, um SAM adaptado como MAA. Várias informações dão conta que os F-14A/AM da IRIAF também empregam bombas para ataque, sem contudo sabermos qual é sua real eficácia. Seja como for, é fato que assim como os F-4 e F-5 da IRIAF, o F-14 estão recebendo modificações da indústria local, algumas com engenharia reversa para se manter operacionais.
Os IRIAF F-14 modernization também estão recebendo um novo padrão de camuflagem. Cerca de 60 F-14 ainda estariam no inventário, mas não se sabe quantos de fato serão modernizados e mais quantos de fato estão em condições operacionais.
Hoje três esquadrões – 81 TFS, 82 TFS e 83 TFS todos sediados em Esfahãn/Shahid Beheshti Intl (OIFM) constam como operadores de F-14/F-14AM.
@CAS