Em 19 julho passado, o helicóptero NHI NH90, matrícula N-324, do Esquadrão 860 “Arcens affligo“, da Força Aérea Real Holandesa (RNAF – Royal Netherland Air Force), operando à bordo do navio de patrulha marítima HNLMS Groningen (P843), caiu no Mar do Caribe, próximo a Aruba, enquanto treinava pousos no convés, matando dois dos seus quatro tripulantes.
Em 09 de dezembro, o Dutch Safety Board e a Defense Security Inspectorate (IVD), divulgou o relatório sobre o resultado da investigação deste acidente.
Segundo os investigadores, o acidente ocorreu porque a aeronave, ao fazer uma curva, entrou em uma situação que a sua velocidade se igualou à velocidade do vento – gerando perda de sustentação, sendo necessária uma grande quantidade de energia extra para manter o helicóptero em voo. Ao perceber a situação, a piloto atuou no coletivo aplicando potência, mas devido à baixa altura foi impossível evitar a queda.
Durante mais uma aproximação para pouso no convés da embarcação, o piloto realizou o circuito de tráfego padrão, mas quando curvou para a “perna do vento” (downwind leg) voando na direção do vento, a velocidade relativa da aeronave caiu para zero, e a potência aplicada naquele instante era insuficiente para manter a sustentação. Como este procedimento é realizado em baixa altitude, não foi possível corrigir a situação antes do helicóptero atingir a água.
O relatório chama a atenção para a operação de helicópteros, que necessita da aplicação gradual de potência, na media que diminui a velocidade relativa, chegando ao voo pairado, quando é necessária a aplicação de muita potência, por conta da velocidade relativa do ar zerada. Embora o NH90 tivesse potência mais do que suficiente para um voo pairado nas altitudes e circunstâncias do acidente, a sua velocidade relativa do ar para caiu para zero, quando entrou na curva a favor do vento, o que anulou a sustenção.
Ao atingir a água, os quatro flutuadores de emergência do NH90 inflaram automaticamente, mantendo a fuselagem na superfície da lâmina d´água. Um helicóptero SAR foi enviado do HNLMS Groningen (P843), porém durante os procedimentos de resgate, dois flutuadores murcharam, fazendo com que os destroços afundassem. Os dois tripulantes que ocupavam a parte traseira do NH90, conseguiram sair e foram resgatados pelas equipes SAR. A piloto Tenente Christine Martens (34) e o Coordenador Tático Tenente Erwin Warnies (33), não conseguiram sair da aeronave a tempo e se afogaram.
O gravador de dados da aeronave (FDR – Flight Data Recorder) foi recuperado e não revelou nenhuma falha técnica na aeronave. Os quatro tripulantes usavam equipamentos pessoais de flutuação, mas não receberam treinamento para usá-los. Os coletes salva-vidas atrapalharam a rápida saída dos tripulantes do cockpit, reduzindo as chances de sobrevivência dos pilotos. A Ten. Martens conseguiu sair da aeronave, mas foi encontrada inconsciente, presa em uma linha de conexão com o helicóptero, enquanto o Ten. Warnies foi encontrado sentado e preso ao cinto de segurança, com o colete salva-vidas inflado. Os coletes não são automáticos, então o supõem-se que próprio oficial inflou o colete.
O relatório focou sobre a precariedade do treinamento dos tripulantes de NH90 que operam embarcados, bem como das equipes de resgate do HNLMS Groningen. É certo que os tripulantes do navio-patrulha tentaram ao máximo salvar as vidas da tripulação do helicóptero, entretanto o relatório lançou dúvidas sobre o capacitação das equipes de resgate, desde a quantidade de militares, os equipamentos e a disposição de funções para se considerar aptos para realizar tal operação. Finaliza taxativamente que a equipe não dispunham de recursos e mergulhadores em número suficientes para realizar a operação de salvamento os pilotos.
@FFO