Vira e mexe a velha polarização EUA x Rússia volta a tona com os velhos ares de “guerra de palavras” via mídia sedimentados desde a Guerra Fria. Esta semana a agência de notícias russa Avipro publicou uma matéria afirmando o “porque” os Emirados Árabes Unidos não comprou os caças Sukhoi Su-57 oferecidos por Moscou. Segundo o autor do artigo, Israel é o principal culpado por essa decisão, pois Tel Aviv pressionou Washington para que vendesse o Lockheed Martin F-35 para Abu Dhabi, deixando Moscou de fora.
O Aviapro usa o argumento de que Israel não quer piorar as relações com os Emirados Árabes Unidos e, se os Estados Unidos não venderem o F-35 para eles, Dubai se voltará para a Rússia para comprar o Su-57. Assim, Tel Aviv foi o primeiro a dar um passo para melhorar as relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos depois que os dois países já haviam assinado um acordo marítimo entre eles. Israel acredita que se Washington vender o F-35 para Dubai, isso não afetará a vantagem militar de Israel na área.
De um certo ponto de vista há uma lógica, uma vez que um dos principais pilares do apoio a venda do F-35A ao EAUAF é que o acordo firmado entre Israel e os Estados Unidos de que este não permitirá que fique inferiorizado militarmente na região. Muito apostam que o F-35 da EAUAF será um versão light, com menos recursos ou que maldosamente tem sido colocado como uma versão “aleijada” do caça Stealth.
Seja como for, se os Emirados tivessem optado pelo Su-57, esta dita “vantagem” seria desfeita e até mesmo poderia abrir um novo capítulo no Oriente Médio, que hoje é um dos lugares do mundo onde mais se adquiri aeronaves de combate de primeira linha.
Especialistas militares estão analisando a situação como uma tentativa de influenciar a Rússia, não os Emirados Árabes Unidos. Eles lembram que se, em algum momento, os Emirados Árabes Unidos decidirem comprar armas russas, Dubai ainda terá forte influência econômica contra Washington para se opor a possíveis sanções dos americanos. Portanto, com a ajuda de Israel, os Emirados Árabes Unidos estão enfrentando a Rússia diretamente fechando outro canal de venda de armas russas na região.
Mas talvez essa mesma tese dos russos – que perderam a venda para um lobby político, seja conveniente para eles. Eles não estão alegando sobre a possível superioridade do Su-57 russo sobre o F-35 americano, mas alegando que a não venda foi causada por política. No entanto, não podemos esquecer que, apesar de alguns problemas que F-35 vem enfrentando nos últimos anos, ele continua sendo um excepcional vetor de combate. O Su-57, por outro lado, ainda é uma promessa.
Apesar do Su-57 ter conduziu vários testes de combate sobre a Síria, ele só entrou em produção em série este ano, apesar de ser um projeto há mais de 10 anos. O mundo, assim como os russos, ainda desconhece as reais capacidades deste lutador. Os problemas que o projeto encontrou nos últimos três anos são preocupantes – assim como são os dos F-35, onde em ambos os casos impacta diretamente nos custos. Os russos no fundo temem que o Su-57 não alcance as capacidades desejadas ou que isto demande mais tempo. Um venda aos Emirados poderia ser uma faca perigosa de dois gumes.
@CAS