A China lançou uma missão com destino à superfície lunar nesta segunda-feira – 23 de novembro (24/11 na China), com o objetivo de coletar e trazer de volta à Terra amostras de rochas lunares. A nação será a primeira em mais de quatro décadas a recolher material na Lua.
A missão, chamada Chang’e-5, é a última etapa de um ambicioso programa espacial chinês, que visa a construção de uma estação de pesquisa internacional em solo lunar e, finalmente, implantar uma colônia humana por volta de 2030.
O lançamento foi realizado a partir do Centro Espacial Wenchang, na Ilha de Hainan, Sul da China, e foi transmitido ao vivo pela mídia estatal chinesa. O Governo de Pequim costuma ser sigiloso sobre suas missões no espaço profundo, esperando até que elas entrem em órbita antes de anunciar oficialmente o sucesso. A transmissão pode ser um sinal da crescente confiança no seu programa espacial.
Apesar de diversos dados serem sigilosos, os lançamentos costumam ser divulgados no que comumente é dito como Open Source Intelligence ou dados aberto de inteligência em sites das agência ou comandos espaciais e por órgão que monitoram esta atividade. No caso desde, ele estava sendo listado no https://spaceflightnow.com/launch-schedule/ como provável lançamento desde o dia 19 de novembro.
O módulo de pouso Chang’e-5 também carrega uma câmera panorâmica, radar de penetração lunar e espectrômetro de imagem para observação e análise da área de pouso.
Se a missão da Chang’e-5 for bem-sucedida, a China será apenas a terceira nação a trazer fragmentos lunares de volta à Terra. Os EUA (NASA) foram os primeiros a partir de 1969 com as missões Apollo, assim como as sondas robóticas Luna, da União Soviética.
“Esta é uma missão realmente audaciosa”, disse David S. Draper, Cientista-Chefe Adjunto da NASA. Está havendo um renascimento do interesse em retornar a Lua. A NASA estabeleceu uma meta de enviar astronautas para pousos na lua nova nos próximos anos com seu Programa Artemis. Empresas comerciais – algumas sob contrato com a NASA – pretendem enviar módulos robótico à Lua nos próximos anos. A índia e Israel tentaram pousar uma espaçonave na Lua em 2019, mas ambas não obtiveram sucesso.
Neste século, até agora, apenas a China conseguiu colocar uma espaçonave robótica na superfície da lua: a Chang’e-3 em dezembro de 2013 e a Chang’e-4 em janeiro de 2019.
No início da noite desta segunda-feira, a viagem da Chang’e-5 pôde ser vista no Brasil, e causou espanto, inclusive no meio aeronáutico, apesar de haver uma previsão para o mesmo desde a semana passada. Para que a nave atingisse a velocidade necessária para deixar a órbita terrestre e chegar ao destino, ela fez uma volta no globo terrestre, passando sobre o centro-oeste e nordeste do Brasil.
O bólido chinês, foi filmado por muitas pessoas, e inclusive foi alvo de questionamentos dos Controladores de Voo do ACC-RF (Centro de Aérea de Recife), da Força Aérea Brasileira (FAB). Sem saber do que se tratava, as aeronaves em rota no momento, que reportaram o avistamento da objeto, eram questionados pelos controladores sobre as características e solicitados, se possível, filmar o evento.
Ouça áudio do ACC-RF, e logo abaixo assista um vídeo que circula nas redes sociais onde é possível ver o Chang’e-5 passando sobre a região nordeste do Brasil.
@CAS/FFO