Em 08 de setembro, o Ministério Público do Paraguai e a Polícia Nacional do País realizaram uma grande operação de combate ao tráfico de drogas, no aeródromo privado Arrayán, na cidade de Areguá, a 20 km de Assunção. As autoridades chegaram ao local através de investigações e denúncias sobre voos clandestinos transportando ilícitos, operando na localidade.
No hangar privado do aeródromo, funcionaria uma escola de pilotagem e uma oficina de manutenção de aeronaves. Foram encontrados oito aviões com registros paraguaios e, para a surpresa de todos, um helicóptero Robinson R-44 com matrícula argentina e as marcas da Polícia da Província de Buenos Aires.
Os procuradores do Ministério Público ficaram surpresos com a excelentes infraestruturas do aeródromo, principalmente das dimensões e da boa qualidade da pista de pouso. Um fato que chamou especial atenção das autoridades, foi o aeródromo estar adequado para operações noturnas, o que estaria fora da autorização legal.
O procurador da Unidade Especializada contra o Crime Organizado, Marcelo Pecci, comandante da operação, disse aos repórteres que “todas as aeronaves terão as suas documentações e autorizações verificadas. Mas o que realmente chamou muito a nossa atenção, foi a presença de um helicóptero com distintivos da Polícia da Cidade de Buenos Aires. Estamos fazendo contatos com autoridades daquele país para esclarecer a situação, mas inicialmente podemos afirmar que esta aeronave poderia estar em território paraguaio, principalmente por se tratar de equipamento estatal estrangeiro.”
O helicóptero R-44, matrícula LV-GWK #4 (c/n 11668), com as marcas da Polícia Bonaerense, pertence ao empresário Leonardo Spokojny, proprietário da empresa Beech Flying S/A. Procurada pelo Diário ABC Color de Assunção, representantes da empresa informaram que o helicóptero esteve alugado para diversas províncias argentinas, sendo a última o Governo de Buenos Aires. Entre 2017 e 1019 ele foi usado no treinamento de pilotos policiais e em patrulha do litoral durante a Operação Sol. O contrato foi encerrado em fevereiro de 2019 e no dia 30 de março a aeronave foi levada para manutenção no Paraguai. Ao chegar no destino, a empresa paraguaia foi notificada que não poderia realizar manutenção em aeronave estrangeira, e por este motivo o helicóptero está armazenado até hoje em Arrayán.
Em um e-mail enviado ao Diário ABC Color, o empresa relatou que “na correria pelo vencimento da licença de translado para o Paraguai, as marcas não foram retiradas da aeronave e por esquecimento, ou descaso da empresa, assim permaneceu até hoje, mas sabendo que não poderia voar nesta configuração.”
Por outro lado, as explicações das autoridades argentinas, responsáveis pelo arrendamento do LV-GWK entre 2017 e 2019, relataram que o processo de contratação da aeronave seguiu todos os procedimentos legais. O ex. Ministro da Segurança, Cristian Ritondo, apresentou um documento datado de julho de 2019, onde solicita à empresa Beech Flying a remoção das marcas da polícia de Buenos Aires da fuselagem da aeronave.
As outras oito aeronaves encontradas no hangar e que serão investigadas: um Cessna 172 ZP-BIX, três Cessna 182 ZP-BOP, ZP-BQF e ZP-TNZ, um Cessna 206 ZP-BEH, um Cessna 210 ZP-TZZ, um Beech 35 Bonanza ZP-BMM e um Beech 58 Baron ZP-TJU.
No dia seguinte à apreensão, o helicóptero argentino foi transportado em uma carreta para a Agrupación Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, para que os proprietários reúnam documentos para explicar o fato e a liberação da aeronave.
@FFO