Ocorre em Goiânia/GO entre 14 e 25 de setembro, o Adestramento Conjunto de Salto Livre Operacional para Forças Especiais. O treinamento capacita militares paraquedistas para atuarem em missões de risco. A primeira fase do adestramento ocorre em solo, e evolui para os saltos reais a partir da aeronave C-130M Hércules, FAB 2473, do 1º/1º GT – Esquadrão Gordo, da Força Aérea Brasileira (FAB).
Além de várias técnicas de saltos livres, especificamente neste treinamento é praticado o chamado HAHO (High Altitude-High Opening), saltos estratégicos para infiltração de tropas especiais em território inimigo. Para a realização do HAHO, o avião deve voar em alta altitude, condição essa que interfere na escassez de oxigênio para respiração. Os militares saltam com equipamento completo, pesando cerca de 60 kg, e composto por mochila, fuzil, equipamento de comunicação, paraquedas principal e reserva, capacete, óculos e macacão de isolamento térmico, para suportar a alta temperatura. O HAHO é realizado tanto de dia, quanto à noite, e o pouso ocorre em uma área não demarcada e sem sinalização.
Por ser uma atividade de risco, há várias fases de preparo, onde os militares treinam em solo, em simuladores, e finalmente nos saltos reais. A Chefia de Planejamento do Comando de Operações Especiais é responsável por gerenciar o planejamento da operação.
A Sargento Ranielle Raica Finatto, do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento da FAB, é uma das responsáveis pela manutenção de equipamentos na missão. Seu trabalho é essencial para a segurança dos militares paraquedistas, pois é ela que verifica todos os materiais, monitora a dobragem dos paraquedas e confere equipagem da aeronave, para que tudo esteja pronto para o salto.
“É uma atividade que exige muita responsabilidade, porque o salto à grande altitude exige bastante segurança e preparo. São feitos muitos treinamentos para que o militar se sinta confortável para executá-lo”, diz. A sargento explica, ainda, que cada treinamento é realizado com muita atenção e cuidado, para que nada saia do controle e todos cheguem em segurança ao solo.
Para o sucesso do salto, de acordo com a militar, o paraquedista precisa ter confiança no equipamento que carrega e estar preparado para a atividade. “O militar deve estar confiante e preparado. Tomamos todos os cuidados para que não ocorra nenhum tipo de procedimento que atente contra a segurança e para que nenhum tipo de equipamento deixe o militar na mão no momento em que ele precisa”, pontua.
Nesta segunda-feira (21), o salto ocorreu a 24 mil pés, equivalente à oito quilômetros de altura, o que é considerado de alta altitude. Para um salto nessas condições, existem alguns pré-requisitos de saúde, conforme explica a Capitão Juliana Vandersteen, médica do 1º/1º GT – Esquadrão Gordo da FAB. O paraquedista não pode estar resfriado, não pode estar realizando tratamento dentário, ou possuir fratura recente ou doença febril. “Isso tudo pode resultar em doenças que surgem durante o voo, devido à diferença de pressão”, relata a Capitão.
Antes de realizar os saltos HAHO, os paraquedistas fazem tratamento na câmara hipobárica, no Instituto Médico da Aeronáutica (IMAE), onde eles vão conhecer sintomas que se apresentam em ambiente de alta altitude. “Cada um, nesse treinamento simulado, tira a máscara, em uma determinada altitude, para saber seus sintomas quando há diminuição de oxigênio no organismo”, esclarece a Capitão Vandesteen. A médica ainda explica que os militares paraquedistas podem sentir dor de cabeça, dormência, visão em túnel, entre outros, quem variam de pessoa para pessoa, e caso alguém tenha esses sintomas no voo, receberá uma máscara de oxigênio e orienta os procedimentos para minimizar os esfeitos, como respirar devagar.
Todos vão portar uma máscara de oxigênio, que os protege desses sintomas, mas caso ocorram, há dois médicos na aeronave – um na cabine com a tripulação, outro com os paraquedistas para monitorar qualquer sintoma. “Se surgirem esses problemas, eles são plenamente administráveis em voo. Se acontecer alguma coisa que não seja administrável, por exemplo, um paraquedista apresentar uma dor de dente insuportável, a missão é abortada para todos”, diz a Capitão.
“Não é uma missão que eu possa, simplesmente, pousar e voar novamente. Se for em alta altitude, não posso voltar para o ar antes de 48 horas”, explica da Capitão Vandesteen. Dessa forma, dois dias antes do voo, é feita uma apresentação para relembrar a todos os cuidados com a saúde e identificar pessoas que tenham qualquer tipo de enfermidade, de modo a não prejudicar toda a equipe.
O voo o C-130 não é pressurizado, portanto antes da decolagem, os militares realizam o procedimento de desnitrogenação (retirada de nitrogênio do organismo), por cerca de 30 minutos. Ao atingir a altitude de salto, o avião entra no circuito de tráfego e, aos seis minutos para o lançamento, os militares são avisados para que fiquem atentos aos comandos. Realizada uma série de procedimentos, uma luz verde avisa que é chegado o momento do salto. Eles se posicionam em fila para deixar a aeronave, um por um.
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