

EUA quer de volta uma bomba GBU-39B não detonada. Uma GBU-39B Small Diamater Bomb (SDM), lançada, mas não detonada em Beirute, desencadeou uma complexa crise geopolítica entre os EUA e o Líbano.
O episódio — que está gerando um desconforto diplomático é resultante de um ataque aéreo israelense em 24 de novembro de 2025, no distrito de Harat Hreik, em Beirute, controlado pelo Hezbollah, ressalta os temores urgentes dos Estados Unidos de um vazamento de tecnologia sensível para países rivais como China, Rússia e Irã, intensificando o conflito estratégico pela superioridade em armas de precisão.
O foco da crise é que o EUA querem a devolução da arma, com receio que tecnologia militar avançada caia em mãos hostis.
O ataque aéreo contra a liderança do Hezbollah, um caça da Israeli Air Force (IAF) lançou oito bombas GBU-39B, no qual uma não detonou e caiu intacta em um reduto do Hezbollah. Essa arma não detonada rapidamente se tornou o foco de uma crise diplomática e de segurança, já que as autoridades libanesas e o Hezbollah teriam conseguido apreendê-la antes que as autoridades americanas pudessem intervir.
A GBU-39B é um pilar da capacidade ofensiva de precisão dos EUA, valorizada não somente pelo seu custo unitário entre US$ 70.000 e US$ 90.000, mas também pelo investimento multimilionário em sistemas de orientação de última geração, eletrônica avançada e design furtivo. Seu tamanho compacto permite que aeronaves como o, F-15E, F-16 e o F-35 lancem múltiplas submunições a partir de distâncias seguras, minimizando o risco para os pilotos e mantendo uma precisão de ataque excepcional.

A falha na detonação da bomba é extremamente incomum e representa o pior cenário possível para os estrategistas de segurança dos EUA. Sua recuperação intacta concede a potenciais adversários acesso sem precedentes a tecnologias críticas, como dispositivos anti-interferência de GPS, componentes microeletrônicos e materiais compósitos, que as forças armadas dos EUA protegem com rigor. Se copiados ou submetidos a engenharia reversa, esses componentes poderiam acelerar o desenvolvimento de armas de precisão rivais, minando a liderança tecnológica global dos EUA.
Após a confirmação de que a bomba não havia explodido, os Estados Unidos pressionaram imediatamente as autoridades libanesas para que a devolvessem rapidamente. Washington alertou para os sérios riscos, incluindo a possibilidade de o Hezbollah ou seus aliados iranianos explorarem os componentes da arma para reforçar seus próprios arsenais de mísseis e drones.
As preocupações de Washington decorrem de casos anteriores em que adversários usaram remanescentes de armamentos ocidentais capturados para acelerar seus próprios programas de desenvolvimento. O reaproveitamento de armas pela Rússia na Ucrânia e na Síria, e a conhecida engenharia reversa de ativos de defesa estrangeiros pela China, exemplificam o que poderia acontecer se a GBU-39B caísse em mãos erradas.
O Líbano permanece politicamente dividido e limitado pela influência do Hezbollah nas regiões onde a bomba foi encontrada. O governo libanês enfrenta forte pressão tanto de facções internas, receosas das exigências dos EUA, quanto do risco de sanções diplomáticas ou da suspensão da ajuda externa caso se recuse a cooperar. Enquanto isso, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) ofereceu-se para mediar o conflito, mas tem acesso limitado às áreas controladas pelo Hezbollah.
As repercussões do incidente vão muito além do Oriente Médio, levando a uma reavaliação das estratégias de implantação de armamentos em regiões disputadas em todo o mundo. O risco de munições guiadas de precisão serem apreendidas intactas por adversários desafia as doutrinas militares atuais. Planejadores de defesa na Ásia e na Europa estão discretamente reavaliando como proteger tecnologias sensíveis em áreas onde forças apoiadas pelos EUA estão envolvidas em conflitos por procuração.
O incidente com a GBU-39B reacendeu o debate sobre a incorporação de mecanismos de autodestruição irreversíveis em munições de precisão, garantindo assim que, em caso de falha, os componentes eletrônicos sensíveis permaneçam inacessíveis. O Pentágono está promovendo projetos de segurança de última geração que incluem desativação remota e componentes criptografados para evitar a recorrência dessa falha tecnológica.
Caso o Líbano não atenda às exigências dos EUA, as consequências podem variar desde o isolamento diplomático até sanções financeiras, tensionando ainda mais as relações com Washington. Por outro lado, a cooperação poderia trazer ajuda para a reconstrução, mas arrisca provocar o Hezbollah e seus aliados iranianos. Esse delicado equilíbrio ilustra o complexo dilema geopolítico do Líbano.
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