

Compra do Gripen na Colômbia sob investigação. A Controladoria-Geral da República da Colômbia (CGR) solicitou no dia 19/11 informações ao Ministro da Defesa, Pedro Sánchez Suárez, sobre o contrato de 16,5 trilhões de pesos (€ 3,1 bilhões/US$ 4,387 bilhões) com a Saab para a aquisição de 17 Gripen E/F, em meio a controvérsias sobre suposta corrupção.
Vale lembrar que a Saab assinou em 14 de novembro um contrato com o governo colombiano envolvendo a encomenda de 17 aeronaves de combate Gripen E/F. O acordo inclui 15 aeronaves de combate Gripen E (monoposto) e duas aeronaves de combate Gripen F (biposto), bem como equipamentos e armamentos associados, treinamento e serviços, com as entregas ocorrendo entre 2026/2030. Inclusive, a encomenda final contemplou um exemplar a mais que originalmente estava previsto, quando da divulgação do acordo em abril de 2025.

O Gripen E/F foi escolhido para substituir os IAI Kfir C-10/12 da Fuerza Aeroespacial Colombiana (FAC), adquiridas em segunda mão na década de 1980, superando os concorrentes Lockheed Martin F-16C/D e Dassault Rafale.
A CGR, que equivale ao Tribunal de Contas (TCU) no Brasil, declarou que, como parte de seu “exercício de supervisão e controle fiscal, solicitou ao Ministério da Defesa o envio de uma cópia do arquivo contratual, incluindo documentos relacionados à fase pré-contratual e contratual”.
Foi exigido pela CGR uma “cópia do documento assinado com a empresa que assessorou o Ministério da Defesa no processo de contratação para a aquisição da aeronave Gripen” e “anexar a documentação comprovativa das diferentes opções avaliadas para a aquisição da nova aeronave (Rafale, F-16 ou outras), indicando as razões técnicas, jurídicas e econômicas que sustentaram” a escolha.

Em paralelo, o ex-secretário presidencial para a Transparência, Camilo Enciso (2014–2017) e fundador do Instituto Anticorrupção da Colômbia, solicitou à Procuradoria Anticorrupção da Suécia a abertura de uma investigação preliminar sobre supostos atos de corrupção envolvendo altos funcionários colombianos, relacionados à assinatura do contrato de compra das aeronaves, sem fornecer muitos detalhes sobre sua denúncia.
Na petição, Enciso alerta para “fatos e evidências até o momento, relacionados a possíveis atos de corrupção envolvendo o Ministério da Defesa, a Primeira-Dama e outras pessoas ligadas ao alto escalão do governo”, e solicita que se determine se houve influência indevida em uma das principais aquisições militares do país. O pedido formal visa investigar possíveis benefícios para pessoas próximas ao governo do presidente Gustavo Petro e ao Ministério da Defesa no âmbito do processo de aquisição de aeronaves. Enciso solicita às autoridades suecas que avaliem as provas recolhidas até o momento.

A Procuradoria Anticorrupção da Suécia confirmou o recebimento da solicitação enviada por Camilo Enciso. Caso a Procuradoria decida abrir uma investigação, a situação poderá avançar por meio de pedidos de informações a empresas e indivíduos na Suécia e na Colômbia.

O Governo e o Ministério da Defesa da Colômbia não emitiram qualquer declaração oficial relacionada a este pedido. Porém, segundo a imprensa local, o parlamento colombiano já começa a debater o assunto.
“Em relação à compra das aeronaves, seria bom se o governo explicasse por que o preço unitário para a Colômbia aumentou tanto desde as negociações iniciais e ultrapassou o que países como Tailândia e Brasil pagaram. E por que escolheram aeronaves Gripen em vez de F-16?”, disse a senadora da oposição Paloma Valencia em sua conta no X.
As críticas ao aumento do custo unitário, que subiu de aproximadamente US$ 110 e 120 milhões para US$ 250 milhões por aeronave, foram justificadas pelo Poder Executivo, que argumentou que o valor final inclui manutenção, suporte logístico, treinamento, sistemas de armamento e compensações industriais.
O presidente Gustavo Petro em sua conta no X Ele afirmou: “Com grande ignorância, jornalistas da oposição alegam que os caças Gripen adquiridos pelo meu governo estão superfaturados. Eles sequer leram o contrato. Esqueceram-se de que se tratam de aeronaves novas, com compensações e manutenção inclusas, além de peças de reposição e transferência de tecnologia. Comparem-nas aos F-16 que nos vendiam de segunda mão, ou aos Rafales franceses que cheguei a cogitar comprar”.
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