

Temor de que Brasil pode “vazar” informações classificadas do Saab Gripen E para Rússia. A aproximação cada vez maior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu homólogo russo, Vladimir Putin, pode trazer problemas para o programa de transferência de tecnologia dos caças suecos Saab Gripen E para o Brasil. A informação foi noticiada recentemente pelo jornal Gazeta do Povo.
“A participação de Lula na parada militar organizada por Putin para celebrar o Dia da Vitória na Grande Guerra Patriótica (Segunda Guerra Mundial) no dia 09 de maio passado, foi malvista pelas democracias ocidentais, especialmente na Europa. Enquanto isso, após dez anos de contrato, o Brasil só recebeu oito dos 36 caças negociados com a empresa sueca Gripen e nenhum deles tem condições de ser usado em combate porque seus sistemas de mísseis, de canhões e de lançamentos de bombas ainda não estão funcionando, conforme apuração da reportagem da Gazeta do Povo”, informou a reportagem publicada no mês passado.

Em 2014, o Brasil encomendou 36 caças Saab Gripen E, dos quais até agora apenas nove foram entregues, com o décimo devendo chegar na próxima semana (saiba mais aqui). O acordo assinado com a Suécia envolve a produção de parte dos caças no Brasil através da transferência de tecnologia militar.
“O receio dos suecos é que o Brasil de Lula repasse sua tecnologia para o Kremlin, que pode encontrar vulnerabilidades no sistema a serem exploradas em caso de guerra. Com isso, Moscou poderia calibrar suas armas ou desenvolver novas para derrubar caças Gripen de países europeus”, relatou a notícia.

De acordo com a reportagem, fontes militares e analistas do setor expressaram seu temor de que a aproximação entre o atual governo brasileiro e a Rússia possa ocasionar atrasos e até bloqueios no atual programa Gripen E da FAB ou em qualquer outro futuro projeto da fabricante sueca no Brasil. O jornal chama a atenção de que em agosto do ano passado, a Saab nomeou como seu Diretor no Brasil, Peter Dölling, ex-chefe de contrainteligência no governo sueco de 2013 a 2017.
“A Saab disse em nota que não cabe a ela comentar questões políticas nem especulações, mas que confia no Brasil como um parceiro comercial. A empresa optou por não tratar de detalhes políticos ligados ao programa e possíveis consequências da aproximação do governo brasileiro com o russo”, escreveu o jornal.

Questionada pela reportagem da Gazeta do Povo sobre sua preocupação com a segurança de informações militares, a Saab afirmou que há “infraestrutura e protocolos para lidar com informações sigilosas”. A companhia também ressaltou seu compromisso de longo prazo com o Brasil, mas não comentou especulações sobre um possível congelamento do programa Gripen E nem sobre novos negócios com o governo Lula.
Em nota, a FAB disse que o Gripen F (versão biposta) destinada para o treinamento e missões especiais, ainda está em desenvolvimento, com seu voo inaugural devendo ocorrer em 2026 e a primeira entrega prevista para 2027. “Destaca-se ainda que o cronograma atual prevê a entrega das 28 aeronaves até 2032”, confirmou a FAB ao jornal.

Todos Saab Gripen E brasileiros são reunidos no 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) “Esquadrão Jaguar”, sediado na Base Aérea de Anápolis, Goiás. Os primeiros pilotos brasileiros de Gripen E foram formados na Suécia, onde voaram em simuladores, nas aeronaves de testes da fábrica e nos caças Gripen C/D da Força Aérea Sueca.
“A Força Aérea Brasileira reforçou que não existem impedimentos identificados à sua plena execução em consonância com os termos pactuados no contrato”, finalizou a reportagem informando que o governo sueco foi procurado pelo jornal para comentar o assunto, mas não obteve retorno.
Fonte: Gazeta do Povo
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