“Shalom e bem-vindos ao voo 971 da EL AL com destino a Abu Dhabi. Estamos muito satisfeitos em recebê-los a bordo deste voo inaugural e duplamente histórico. Nesta rota teremos dois eventos significativos para o Estado de Israel e para a nossa região, que caminha em direção à paz. Pela primeira vez na história, uma aeronave registrada em Israel sobrevoará o território da Arábia Saudita e, na sequencia pousará pela primeira vez nos Emirados Árabes Unidos”.
Desta forma o comandante da El Al, Tal Becker Gal, recebeu os passageiros a bordo do Boeing 737-900(ER), no histórico 31 de agosto de 2020, quando foi realizado o primeiro voo entre Tel Aviv e Abu Dhabi, cruzando o espaço aéreo da Arábia Saudita.
Completou o comandante:
“Sobrevoando a Arábia Saudita, a duração do vôo com será de apenas três horas e meia, ao invés das cerca de oito horas se tivéssemos que voar para o leste. No final deste histórico voo, sem escalas, as rodas desta aeronave, com a bandeira do Estado de Israel pintada na cauda, tocarão a pista do Aeroporto de Abu Dhabi, A Capital dos Emirados Árabes Unidos. Este será mais um acontecimento significativo em nossa história, da mesma forma quando foi assinada a paz entre Jerusalém, Cairo e Amã, quando a El Al também se fez presente. Desejamos a todos nós, salaam, paz e shalom”.
Para realizar o voo 971/972, foi escolhido o Boeing 737-900ER 4X-EHD “Kiryat Gat” (c/n 41555), um dos oito deste modelo que a El Al tem na sua frota. Para registrar a operação histórica, o jato recebeu um pequeno adereço pintado sobre as janelas do cockpit, com a palavra “paz” escrita em árabe, inglês e hebraico.
O voo ELY971 decolou do Aeroporto Bem Gurion, em Tel Aviv (TLV) às 11h13 (horário Israel), seguiu para o Oeste, cruzando o espaço aéreo jordaniano, e às 11h48 (horário Israel) entrou na FIR Jeddah, espaço aéreo Saudita. Seguiu na proa do aeroporto da capital Riyadh, e após o bloqueio a 35 mil pés, interceptou as aerovias UM440 e M628. A entrada no espaço aéreo dos EAU (FIR Emirates) aconteceu às 15h02 (horário EAU), e mantendo o eixo das aerovias, contornou a Área Restrira OMR-54, para finalmente pousar no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi (AUH) às 15h38 (horário EAU). Foram percorridas aproximadamente 1.440 milhas náuticas em três horas e 17 minutos de voo.
Aeronaves israelenses têm sérias restrições de saída para o Oriente, tendo que realizar enormes desvios pela Turquia ou pelo Mar Vermelho, a fim de evitar o espaço aéreo de países com os quais Israel não tem relações diplomáticas. Esses trajetos consomem muito tempo e grandes quantidades de combustível. Caso o ELY971 tivesse que cumprir a saída padrão, contornando pelo sul o espaço aéreo saudita e do Iêmen, a distância voada seria de aproximadamente 3.400 milhas e o tempo de voo estimado em mais de sete horas.
Uma curiosidade, dentre tantas, ficou por conta da numeração dos voos. O ELY971 faz referência ao código telefônico de chamada internacional dos Emirados Árabes Unidos, enquanto a volta para Tel Aviv, que ocorrerá na terça-feira, será o ELY972, justamente o código de internacional de Israel.
Falando desde o seu gabinete em Jerusalém, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, realizou uma ligação telefônica para os passageiros a bordo do Boeing 737, enquanto este sobrevoava a capital saudita. Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, Netanyahu aparece ao telefone saudando o “dia histórico”, apontando a rota do avião sobre um mapa da região.
Originally tweeted by Benjamin Netanyahu (@netanyahu) on 31 de August de 2020.
A bordo do vôo ELY971 estavam altos funcionários de Washington e de Jerusalém que seguiram para dos Emirados com a missão de finalizar detalhes e assinar as bases do chamado “Acordo de Abraão”. No último dia 13 de agosto, Israel e os Emirados Árabes Unidos reataram relações diplomáticas plenas, em um acordo negociado pelos Estados Unidos. No sábado passado, o Presidente dos Emirados Árabes Unidos emitiu um decreto abolindo uma lei de 48 anos, que proibia acordos comerciais e financeiros com Israel. Os Emirados Árabes Unidos é o terceiro país árabe a restabelecer relações oficiais com Israel, depois do Egito e da Jordânia. Autoridades israelenses e norte-americanas expressaram esperança de que outros países árabes do Golfo sigam no mesmo caminho, tendo como base interesses comerciais e de segurança mútuos.
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