Oficial da USAF alerta que o poder militar da China está em um ritmo de modernização “sem precedentes”. A rápida modernização do Exército de Libertação Popular da China (PLA), sob o comando do presidente Xi Jinping, foi tema de uma palestra sobre gestão de risco, apresentada ontem (13) pelo Brig. Gen. Doug Wickert, Comandante do 412º Grupo de Testes da USAF (412th TW) no evento “Back-in-the-Saddle Day” realizado na Base Aérea de Edwards, na Califórnia.
Durante sua apresentação, Wickert destacou a contínua espionagem cibernética chinesa nas infraestruturas críticas dos EUA e de seus aliados, incluindo sistemas elétricos, de água e de transportes. “Há pelo menos uma dúzia de empresas de telecomunicações que reconheceram ter sido infectadas”, afirmou ele, alertando que os EUA estão vulneráveis à vigilância de altos funcionários do governo e de redes associadas. “O PCC [Partido Comunista Chinês] tem os registros do meu telefone do governo dos últimos quatro anos, e ainda seguem monitorando sem que possamos removê-los. Isso é incerteza. Isso é risco. E torna o mundo muito, muito perigoso neste momento.”
De acordo com o Oficial General da USAF, o ritmo de modernização do PLA “não tem precedentes e supera muito” os esforços semelhantes dos Estados Unidos. Conforme noticiamos, em 26 de dezembro do ano passado, o mundo foi surpreendido com a revelação de duas novas aeronaves de combate do PLA. A data foi escolhida foi em homenagem ao aniversário de Mao Tsé-Tung, fundador do Partido Comunista Chinês.
Em relação aos ativos militares dos EUA no Pacífico Ocidental, especificamente a oeste da linha internacional de data – meridiano de 180° – o General Wickert estima que até 2027 o PLA terá uma superioridade numérica que representa uma rápida mudança no equilíbrio de poder na região do Pacífico, onde as crescentes capacidades aéreas da China ameaçam ultrapassar as dos Estados Unidos.
Estima-se que em dois anos, os chineses terão cerca de 12 caças modernos para cada 1 jato de combate americano na região. Isto inclui a proporção de 5 para 3 em aeronaves de quinta geração e de 3 para 1 em aeronaves de patrulha marítima. Isto sem falar nos 225 bombardeiros tripulados do PLA, uma quantidade inigualável na região.
No mar, a Marinha do PLA possui uma vantagem de 3 para 1 em porta-aviões e navios de assalto anfíbio, mais de 6 para 1 em submarinos modernos (incluindo dois submarinos avançados) e 9 para 1 em embarcações modernas de combate multifuncionais.
No mês passado, a Marinha Chinesa cercou a Ilha de Taiwan em um exercício não anunciado, a maior demonstração naval do mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Durante o exercício, o PLA evitou águas territoriais taiwanesas, realizou ataques aéreos simulados a embarcações e formou um bloqueio naval duplo para restringir aproximações marítimas e aéreas pelo oeste.
Esta operação foi três vezes maior em número de navios do que o exercício “Rim of the Pacific” realizado em junho de 2024 pelos EUA e Aliados, que envolveu 40 navios de superfície. “Estamos menores e mais antigos. O PLA é o maior e mais moderno que já existiu. Isso é risco. Isso é incerteza”, afirmou Wickert.
Como parte dos preparativos para um possível conflito, o PLA construiu no Deserto de Gobi uma réplica do Aeroporto Internacional de Taichung de Taiwan, incluindo pistas, taxiways e áreas de estacionamento. A cerca de 480 quilômetros a oeste, há um modelo em escala real de um porta-aviões da classe Gerald R. Ford da Marinha dos EUA, junto a perfis de outros navios americanos e destróieres simulados que se movem em trilhos no deserto. “Vocês acham que sabemos o que eles estão fazendo, o que estão planejando?Com base no que sabem agora, podem atualizar sua avaliação sobre o risco para o mundo e a importância da nossa missão?” questionou e alertou Wickert.
Apontando para uma projeção do B-21 Raider, o futuro bombardeiro furtivo que será a espinha dorsal da frota do Comando de Ataque Global da USAF, o General afirmou: “É por isso que o que estamos fazendo aqui na Base Aérea de Edwards é tão importante, porque estamos desenvolvendo e modernizando sistemas que mudarão os cálculos do presidente Xi. Não podemos nos dar ao luxo de recuar por causa de um erro. Nossa missão é crucial. Este é um dos muitos sistemas em que vocês estão trabalhando que mudarão o cálculo de Xi sobre nossa prontidão.”
A mensagem de Wickert trouxe a lembrança suas palavras durante o Town Hall, realizado em novembro de 2024, quando ele falou diretamente para a câmera: “Espero que o presidente Xi tenha tradutores, porque quero que ele saiba que os homens e mulheres da USAF em Edwards estão cumprindo sua missão de guerra agora. Eles estão acelerando testes e entregando capacidades integradas aos combatentes. Hoje não é o dia para começar a Terceira Guerra Mundial, porque temos isto…”, finalizou o Oficial, apontando para uma imagem do B-21 Raider.
Fonte: Edwards AFB
@FFO