Rússia tem planos de usar Tu-160 contra usinas nucleares asiáticas. Um conjunto de documentos militares russos confidenciais de 2014, vazados recentemente, revela uma lista extensa e altamente detalhada de possíveis alvos para um conflito com o Japão e a Coreia do Sul.
Essas informações, disponibilizadas a fontes de inteligência ocidentais, ressaltam o planejamento estratégico da Rússia para uma possível escalada na região do Pacífico, com foco na infraestrutura militar e civil.
A lista contém mais de 160 alvos críticos, com os primeiros 82 focando em instalações militares. Entre eles estão bases aéreas, instalações de radar, portos navais e centros de comando localizados no Japão e na Coreia do Sul. Locais-chave como os campos de aviação do norte do Japão e as bases navais costeiras da Coreia do Sul são especificamente identificados como alvos de alta prioridade. Essas instalações seriam vitais para neutralizar em caso de conflito, dificultando significativamente a capacidade dessas nações de montar uma defesa coordenada contra um ataque russo sustentado.
No entanto, o escopo da lista de alvos se expande além de objetivos puramente militares. Entre a infraestrutura civil marcada para destruição estão túneis, pontes, usinas de energia e instalações industriais críticas que teriam um impacto econômico duradouro.
Alvos notáveis incluem o Túnel Kanmon, uma importante ligação de transporte entre as ilhas japonesas de Honshu e Kyushu, e a Pohang Iron and Steel Works, na Coreia do Sul, um dos maiores centros industriais do país.
A infraestrutura energética desempenha um papel fundamental na estratégia da Rússia, com 13 instalações nucleares e químicas listadas como alvos. Isso inclui o complexo nuclear de Tokai, no Japão, e as plantas químicas da Coreia do Sul em Busan, ambas as quais podem causar danos ambientais severos se atingidas.
Além da lista de alvos, os documentos também revelam planos operacionais específicos envolvendo o uso de armamento não nuclear avançado, como o míssil de cruzeiro Kh-101.
Um dos arquivos vazados descreve um ataque hipotético à base de radar Okushirito do Japão, onde 12 mísseis seriam lançados de um bombardeiro pesado Tu-160 em um ataque coordenado para neutralizar as capacidades de radar japonesas. Isso seria parte de um esforço mais amplo para degradar os sistemas de defesa aérea do Japão e da Coreia do Sul nos estágios iniciais de um conflito.
Além disso, um documento descreve uma missão de 2014 para testar a resposta de defesa aérea do Japão e da Coreia do Sul. Dois bombardeiros estratégicos Tu-95 foram despachados da base uma da Rússia no Extremo Oriente para voar uma missão de reconhecimento de 17 horas sobre ambas as nações.
Esta missão permitiu que as forças russas avaliassem a prontidão dos sistemas de defesa aérea do Japão e da Coreia do Sul e avaliassem sua reação a uma potencial incursão de bombardeiros de longo alcance. As descobertas desta missão seriam cruciais para refinar futuras estratégias militares russas no teatro do Pacífico.
Os documentos vazados pintam um quadro assustador das ambições militares da Rússia na região, fornecendo uma visão aprofundada do planejamento estratégico que pode sustentar futuras escaladas.
A ênfase em atingir tanto a infraestrutura militar quanto a civil revela uma abordagem implacável projetada para prejudicar as capacidades econômicas e defensivas do Japão e da Coreia do Sul, garantindo o domínio russo em qualquer cenário de conflito.
Junto com as instalações nucleares, bases militares também seriam alvos para prejudicar a capacidade operacional do inimigo. O Kh-101 seria ideal para atacar campos de aviação, locais de radar e postos de comando, interrompendo assim as comunicações e o comando operacional na infraestrutura militar inimiga.
A destruição dessas instalações prejudicaria significativamente a capacidade do Japão e da Coreia do Sul de montar uma resposta coordenada, dando às forças russas uma vantagem nos estágios iniciais de um conflito. Paralelamente aos ataques com mísseis, bombardeiros russos Tu-160, operando a longas distâncias a partir de bases no Extremo Oriente russo, podiam lançar mísseis Kh-101 de fora do alcance dos interceptadores inimigos.
Esses bombardeiros aproveitariam sua capacidade de transportar inúmeros mísseis, proporcionando um ataque concentrado a vários alvos simultaneamente. Esses ataques criariam um pesadelo logístico, complicando os esforços para levar reforços ou suprimentos para zonas críticas.
O objetivo principal seria neutralizar as capacidades militares e a infraestrutura crítica, forçando o inimigo a uma postura defensiva e, ao mesmo tempo, minimizando o confronto direto com o armamento mais devastador à disposição da Rússia.
Apesar destas ambições terem sido modificadas pela guerra na Ucrânia, prestes a fechar três anos, não se pode deixar de pensar que a Rússia ainda deva ter seus planos para a região do Pacífico.
@CAS