Na terça-feira 25 de agosto, o Ministério da Defesa Nacional da China emitiu um comunicado acusando os Estados Unidos de “provocação descabida”, depois que um avião de reconhecimento e vigilância da USAF, Lockheed Martin U-2 Dragon Lady, sobrevoou uma zona de exclusão aérea durante exercícios militares com fogo real. O caso é mais um episódio na escalada de tensão entre Pequim e Washington, que vem crescendo dia a dia em 2020.
A Zona de Exclusão situada no Mar de Bohai é uma das três áreas que o Exército de Libertação do Povo Chines (People’s Liberation Army – PLA) está utilizando para realizar manobras militares com armamento real entre os dias 22 e 26 de agosto. As outras duas áreas são na região do Mar Amarelo e no Mar do Sul da China.
O Governo Chinês afirma que no dia 25 de agosto, um jato U-2 americano invadiu a zona de exclusão aérea, interrompendo os exercícios militares de treinamento previamente planejados. Segundo o Ministério de Defesa Chinês, o ato violou gravemente o código de conduta de segurança aérea e marítima internacional entre os dois países. A declaração veio com uma solicitação veementemente que os Estados Unidos parem imediatamente com essas ações provocativas, para que a paz e a estabilidade sejam mantidas na região.
Os exercícios militares são direcionados
Os exercícios militares chineses estão acontecendo justamente na região que cobre o Estreito de Taiwan de norte a sul, e são uma resposta direta para os Estados Unidos, após o anúncio da venda de 66 F-16V para a Força Aérea de Taiwan. O porta-voz do Partido Comunista Chinês afirmou recentemente para o jornal “Global Times”, que as manobras militares são na verdade destinadas à “um certo país importante” que está sinalizando apoio “equivocadamente para as forças de independência de Taiwan”.
Em outras palavras, uma demonstração de força de que a China está preparada para defender seu território e sua região de influência, seja quem for o inimigo.
Precedentes históricos de voos do U-2 sobre a China
Utilizado pela primeira vez durante a Guerra Fria, o Lockheed U-2 Dragon Lady, é uma aeronave de reconhecimento de grande altitude, capaz de voar a mais de 21.000 metros. Os voos sobre a China começaram no final dos anos 1950, durante segunda crise do Estreito de Taiwan, e visavam monitorar os deslocamentos das tropas chinesas na região.
Entre 1958 e 1974, os U-2 foram baseados em Taiwan e operados pelo 35th Squadron “Black Cat” da Força Aérea da República da China (RoCAF), com o objetivo de monitorar as capacidades nucleares da China continental. Neste período, cinco aeronaves foram abatidas sobre território chinês, com três tripulantes mortos e dois capturados.
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