Uma troca de farpas entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro e o presidente da Colômbia, Iván Duque realizada pela mídia na semana passada, criou um “alerta” sobre uma possível intenção da Venezuela e, consequentemente, mais uma provável tensão para a região. Tensão que envolve não só a Colômbia, mas países vizinhos e outros players como EUA e Rússia.
Segundo Maduro disse no dia 22 de agosto passado, “não é má ideia” seu governo comprar um lote de mísseis antiaéreos do Irã, que segundo ele, é um aliado próximo, retrucando Duque, que havia alertado no dia 20 de agosto, que os serviços de inteligência colombianos e internacionais haviam obtido informações sobre esta possível transação.
“Não é uma má ideia. Não tínhamos pensado nisso, realmente. Quando ouvi Iván Duque falar sobre isto, logo pensei – ‘Meu Deus, e por que não cogitei isso, se o Irã tem uma tecnologia tremenda'”, disse o presidente durante um encontro virtual do Congresso Bolivariano dos Povos. Apesar de parecer apenas um processo de pura provocação, o fato é que rumores internos dão conta que o Ministério da Defesa da Venezuela estaria mesmo interessado em ter misseis de defesa aérea de origem iraniana.
O presidente colombiano acrescentou que a informação é que “os mísseis ainda não chegaram”, mas as aproximações já foram feitas e estariam adiantadas as fases de negociação. Maduro respondeu no dia 24 de agosto, que, caso a operação se concretizasse, não seria ilegal porque a Venezuela “não tem proibição de compra” de armas.
Blefe ou realidade?
O assunto de uma possível compra de mísseis iranianos ganhou corpo nos últimos dias, com o Presidente Maduro voltando ao assunto “jogado” na mídia semana passada pela Colômbia. “Se o Irã tem a possibilidade de nos vender uma bala ou um míssil e nós tivermos a possibilidade de comprar eu vou fazer e, por isto, temos que estudar isto com seriedade”, continuou o líder venezuelano.
A Venezuela já tem um avançado sistema de defesa antiaérea russo, comprado nos últimos anos – o sistema antiaéreo S-300. Venezuela e Colômbia compartilham uma fronteira de 2.219 km, região na qual proliferam militantes guerrilheiros, contrabandistas e narcotraficantes e onde ocorre um grande fluxo de migrantes. Além disto a crise humanitária agravada pela pandemia, cria possibilidades de atrito fronteiriços com países sul-americanos. Outro ponto importante é que Colômbia e o Brasil, que fazem fronteira e parte do grupo de mais de 50 países que reconhece Juan Guaidó como o presidente “legítimo” da Venezuela, não mantém relações diplomáticas com o governo Maduro desde 23 de fevereiro de 2019. E isto tem gerado diversas divergências entre os países.
Mas afinal, seria um blefe ou Maduro estaria de forma irônica confirmando que está negociando a compra de baterias antiaérea com os iranianos? O jogo de negação ou especulação teve um novo capítulo, pois dia 24 deste mês o Governo do Irã esclareceu que o Governo da Venezuela “nunca” tentou comprar mísseis iranianos, embora o presidente da Colômbia tenha garantido isto, e que, o próprio presidente venezuelano, tenha se mostrado disposto a “avaliar” esta possibilidade em prol da defesa de seu território.
No entanto, segundo nosso colunista Anastácio Katsanos, o Irã também negou que havia vendido mísseis ao grupo extremista Hezbollah e ao Iêmen (Houthi), mísseis que acabaram sendo usados em conflitos recentes. Com o interesse da Venezuela e a afirmação da Colômbia de que serão adquiridos, especulações começam a surgir, entre elas que a escolha poderia recair sobre a bateria SAM (Surface-to-Air Missile) Khordad 15.
A bateria Khordad 15 TEL (Transporter Erector Launcher) é capaz de detectar inimigos num raio de 160 km, e após, interceptar e destruir seis alvos simultaneamente, sejam eles aeronaves, mísseis de cruzeiro ou drones a distâncias de até 120 km empregando mísseis Sayyad-3. O sistema também pode detectar alvos furtivos a uma distância de 85 km, podendo interceptá-los e destruí-los em um raio de 45 km.
@CAS