China protesta contra voo de P-8 da US Navy. O Governo Chinês anunciou em 26 de novembro de 2024 que havia enviado navios e aeronaves da Marinha (PLAN — People’s Liberation Army Navy) para vigiar uma aeronave de patrulha Boeing P-8A Poseidon, que estava em uma missão no Estreito de Taiwan.
Conforme a Reuters, Pequim acusou Washington de tentar “enganar” o público global sobre a situação envolvendo sua aeronave. A China sempre protesta contra atividades americanas na região, pois considera Taiwan parte de seu território e insiste que tem autoridade sobre o estreito. No entanto, os EUA e Taiwan discordam, dizendo que a área é espaço e mar internacional. Não é a primeira vez que isso acontece. Cerca de uma vez por mês, navios ou aeronaves militares dos EUA fazem seu caminho através do Estreito de Taiwan.
O último incidente envolveu um P-8A Poseidon, um avião de patrulha marítima, que voou pelo espaço aéreo internacional. A VII Frota da US Navy disse que o voo refletiu sua dedicação em manter a região Indo-Pacífico “livre e aberta”. A declaração explicou que, ao voar para lá, os EUA estavam afirmando direitos de navegação aos quais toda nação tem direito sob a lei internacional.
Um P-8A Poseidon da Marinha dos EUA transitou pelo Estreito de Taiwan em espaço aéreo internacional em 26 de novembro de 2024 (horário local). Ao operar no Estreito de Taiwan conforme a lei internacional, os Estados Unidos defendem os direitos e liberdades de navegação de todas as nações. O trânsito da aeronave pelo Estreito de Taiwan demonstra o comprometimento dos Estados Unidos com um Indo-Pacífico livre e aberto. Os militares dos Estados Unidos voam, navegam e operam em qualquer lugar que a lei internacional permita.
A China, sem surpresa, não ficou feliz com a missão: eles chamaram o voo de “exagero público” e disseram que suas forças monitoraram toda a viagem do P-8A pela área, respondendo “efetivamente”. O Comando do Teatro Oriental da China também acusou os EUA de distorcer os fatos legais e tentar enganar a opinião pública, pedindo que Washington parasse de mexer nas coisas e se concentrasse em manter a paz regional.
Enquanto isso, o Ministério da Defesa de Taiwan se manifestou, dizendo que seus militares também estavam monitorando o voo e tudo estava “normal”. Curiosamente, esta não é a primeira vez que um Poseidon dos EUA sobre a China ou Taiwan causa comoção. Incidentes muito semelhantes ocorreram em abril de 2024 e em 13 de julho de 2023.
A aeronave, com seu transpônder Modo-S ligado, pôde ser rastreada online via MLAT pelo Flightradar24.com como se voasse em espaço aéreo internacional, mais ou menos ao longo da fronteira entre a FIR (Região de Informação de Voo) de Taipei e a FIR de Xangai.
Vale lembrar aqui que a FIR não corresponde ao espaço aéreo soberano: o FIR é a porção do espaço aeroespacial na qual um determinando controle de tráfego aéreo em rota (ACC) tem a responsabilidade de fornecer serviços de tráfego aéreo; enquanto o espaço aéreo soberano é aquele sobre o mar territorial até doze milhas náuticas da costa.
Taiwan também tem uma ADIZ (Zona de Identificação de Defesa Aérea), criada pelas Forças Armadas dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, que cobre a maioria do Estreito de Taiwan, parte do Mar da China Oriental e espaço aéreo adjacente. Assim como outras ADIZs ao redor do mundo, esta ADIZ não é definida em nenhum tratado internacional e não é regulamentada por nenhum órgão internacional: ela é principalmente sobre espaço aéreo internacional (o espaço aéreo territorial começa a apenas 12 milhas da costa), portanto, uma intrusão em uma ADIZ não é uma violação do espaço aéreo soberano. As ADIZs se estendem muito além do território de um país, geralmente próximo de áreas contestadas, para dar ao país mais tempo para responder a aeronaves possivelmente hostis.
Dito isso, com base nos dados de rastreamento de voo mostrados no FR24, o P-8A Poseidon sobrevoou o Estreito de Taiwan em direção sudoeste a 24.500 pés antes de virar para o leste para sair da área (provavelmente retornando para a Base Aérea de Kadena, Japão), a 31.000 pés.
Embora o P-8 dos EUA opere rotineiramente perto de Taiwan, a missão em 13 de julho desencadeou protestos oficiais de Pequim. O Ministério da Defesa Nacional da China disse que os EUA “exaltaram [o trânsito da aeronave] publicamente”, de acordo com uma declaração em inglês citando um porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular.
Vale ressaltar que as aeronaves P-8A dos EUA (assim como da Austrália) voando no Mar da China Meridional, Mar da China Oriental ou Estreito de Taiwan frequentemente provocaram protestos, sendo perseguidas e às vezes assediadas por caças e navios de guerra. Por exemplo, em 17 de fevereiro de 2020, um Poseidon da Marinha dos EUA foi atingido por um laser de nível militar durante uma patrulha de rotina sobre águas internacionais no Mar das Filipinas, aproximadamente 380 milhas a oeste de Guam, onde foi alvo do laser pertencente a um contratorpedeiro da Marinha do Exército de Libertação Popular. O laser não era visível a olho nu, sendo detectado pelos sensores do Poseidon. Nenhum dano ou ferimento ao Poseidon e sua tripulação foram relatados.
@CAS