Novo avião presidencial custaria cerca de R$ 1,5 bilhões e seria entregue um ano e meio. O Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, apresentou ao governo o valor do novo avião presidencial: US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão na conversão). Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pedido urgência na compra de uma nova aeronave, a discussão sobre o corte de gastos no governo pode deixar a aquisição para um 2º momento.
Há duas opções na mesa, ambas da Airbus e com preço muito semelhante:
1 – Converter um avião já em uso, fabricado em 2016 e que tem configurações semelhantes às que desejam Lula e a primeira-dama Janja Lula da Silva. Demoraria menos de 1 ano para ser totalmente adaptado e entregue ao governo brasileiro;
2 – Adquirir um avião novo, produzido sob encomenda. Neste caso, o tempo de entrega seria de cerca de 1 ano e meio.
A exigência do Palácio do Planalto é que o avião tenha maior autonomia que a do atual (Airbus VC-1), que precisa fazer escalas técnicas em viagens para a Europa ou EUA, por exemplo. Também é preciso ter sala de reuniões ampla, internet de alta velocidade, possibilidade de ser reabastecido em voo, quarto de casal e banheiro com chuveiro.
A determinação do presidente para a compra se deu depois de o atual avião presidencial (FAB 2101) apresentar problemas na volta de uma viagem ao México no início de outubro.
Em 29 de outubro, o Ministério da Defesa conversou com representantes da Airbus em Brasília para avaliar as possibilidades. Inicialmente, a empresa havia informado que a entrega de um novo avião levaria cerca de 2 anos, mas as propostas avaliadas agora podem acelerar a aquisição. Caso contrário, Lula usaria os novos equipamentos apenas se fosse reeleito, a partir de 2027.
O presidente informou queria trocar de avião no início do seu governo, em 2023. Quando havia feito 10 viagens internacionais, em maio do ano passado, Lula pediu à Defesa que viabilizasse uma nova opção. Algumas das viagens duraram mais de 25 horas por causa de paradas necessárias durante o trajeto, quando foi, por exemplo, à China e ao Japão.
Inicialmente, cogitou-se adaptar um dos dois Airbus A330-200 (C-30) comprados em 2022 da companhia aérea Azul, pelo então presidente Jair Bolsonaro por US$ 80 milhões (cerca de R$ 400 milhões pela taxa de câmbio atual). A ideia foi deixada de lado por causa do alto custo para instalar o sistema de internet a bordo. O Planalto chegou à conclusão na época de que o timing era ruim, no momento em que a equipe econômica também falava em controle de gastos.
Atual Airbus VC-1
O Airbus A319CJ, designado pela Força Aérea Brasileira como VC-1A (matrícula FAB 2101), foi comprado em 2005 por US$ 56,7 milhões (US$ 91,7 milhões, em valores atualizados, o equivalente a R$ 500 milhões). Tem autonomia de voo de 8.500 km.
Atualmente, o VC-1 conta com uma cabine presidencial equipada com cama e um banheiro privativo para o presidente e a primeira-dama. Há também uma área reservada com duas mesas e 8 lugares. Ali, o chefe do Executivo pode ter conversas privadas durante o voo. Há ainda 16 poltronas para levar as principais autoridades que acompanham a comitiva.
Lula quer aumentar o número de convidados em viagens, especialmente deputados e senadores. O objetivo é se aproximar do Congresso e prestigiar aliados. Um avião maior seria útil para essa estratégia. Há também reclamações sobre o desconforto da atual aeronave, que é considerada pequena por Janja. A primeira-dama também já demonstrou irritação com o número de escalas técnicas necessárias em longas viagens.
Desde o início de seu 3º mandato, o presidente já fez 23 viagens internacionais. Para o governo, um avião com maior autonomia economizaria o tempo de deslocamento, já que precisaria fazer menos escalas. As paradas costumam ser mais demoradas do que em voos comerciais, em razão do abastecimento de combustível e da checagem de segurança.
Pane no México
A FAB informou que o problema no VC-1 foi resolvido. Declarou também que os pilotos gastaram o combustível antes de retornar ao Aeroporto Internacional General Felipe Ángeles, na capital mexicana –onde trocaram de avião e voltaram a Brasília.
Gastar combustível antes de retornar é procedimento previsto, porque o peso do avião na decolagem é superior ao máximo permitido para o pouso. Se a aeronave pousar com peso excessivo pode sofrer danos estruturais.
Após decolar do México, o piloto do VC-1 identificou um problema na aeronave. Em mensagem à Torre de Controle, o Comandante emitiu elo rádio o código internacional “pan-pan, pan-pan, pan-pan” que significa um problema que necessita de apoio, mas que não representa risco iminente.
Segundo o BGAST (Grupo Brasileiro de Segurança Operacional de Infraestrutura Aeroportuária), a expressão é usada em situações de urgência, sem perigo iminente. A partir dessa comunicação, o avião tem a prioridade do Controle de Tráfego Aéreo, exceto se outro avião reportar o código “mayday, mayday, mayday”, código que caracteriza situação de emergência, com perigo iminente. O código “pan” tem origem na palavra pane, já o “mayday” vem do francês “m’aidez”, que significa “me ajude”.
“O pan-pan-pan é um aviso sonoro que o piloto emite falando que ele está com problema, o pan vem da palavra pane mesmo, mas não tem um perigo iminente às vidas que estão a bordo. Já o ‘mayday’ é uma declaração de emergência que todo mundo para e vai ajudar porque vai ter vítima”, declarou o presidente da Rima Aviação, comandante Gilberto Scheffer.
Fonte: Poder360
@FFO