Ideologia do atual governo federal barra negócios do Ministério da Defesa. O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou na terça-feira (08), que questões ideológicas e a posição diplomática do atual governo, interferem diretamente nos negócios envolvendo assuntos de Defesa. A declaração foi dada durante um evento na Confederação Nacional de Indústria (CNI).
“A questão diplomática interfere na Defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação. Venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por questão da guerra, o Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar. O TCU não permitiu dar ao 2º colocado e nós estamos aguardando que essas questões passem para que a gente possa se defender”, disse o ministro.
Apesar de não especificar o caso, Múcio provavelmente se referiu ao grupo israelense Elbit Systems, que venceu em abril uma licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados destinados à artilharia do Exército. O negócio, porém, ficou travado por pendências internas que impedem sua conclusão. Uma delas é a posição contrária de Celso Amorim, assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República.
No último mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) respondeu a um questionamento do Ministério da Defesa afirmando que as leis brasileiras não impedem que as Forças Armadas comprem material de empresas sediadas em países que estejam em guerra e que não há tratados internacionais de que o Brasil seja signatário que criem empecilhos a esse respeito.
Outros pontos apontados por Múcio em seu discurso:
Guerra na Ucrânia: “Temos uma munição aqui no Exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos o negócio, um grande negócio. Não faz porque senão o alemão vai mandar para a Ucrânia, a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes”.
Reservas de potássio: “Nós, por exemplo, importamos potássio do Canadá quando temos a 2ª maior reserva de potássio aqui, mas, por questões ideológicas, a Constituição prevê, mas como está embaixo da terra dos indígena, nós não podemos explorar o nosso potássio.”
08 de Janeiro de 2023: “A esquerda achava que eles [Forças Armadas] haviam projetado aquele golpe e a direita ficou zangada porque não se deu golpe. Então, nós ficamos sem ter com quem conversar, com quem discutir. Por quê? Porque, se muita gente debita às Forças Armadas o golpe de 64, precisava ser creditado às Forças Armadas não ter havido golpe em 2023. Foram as Forças Armadas que preservaram e seguraram a nossa democracia, mas a sociedade sabe disso? Não”
Desconhecimento sobre a Defesa: “O Ministério da Defesa, o nome da Defesa, não é porque a gente vive defendendo o país. A gente vive se defendendo da sociedade, da imprensa, dos políticos, dos governos, pelo absoluto desconhecimento do que é Ministério da Defesa, indústria de defesa no Brasil.”
Desafio: “Qual é o nosso grande desafio? O absoluto desconhecimento do que somos e do que queremos ser. Nos últimos anos nós tivemos um retrocesso nos investimentos de defesa da ordem de 47%. Por quê? Ainda existem muito, por componentes ideológicos, por queixas políticas, por variações programáticas, que acham que a Defesa não funciona.”
@FFO