Os F-35I foram destruídos no ataque iraniano? Ainda não é possível saber as reais consequências do ataque do Irã a Israel no dia 1/10. Logo após o término da chuva de cerca de 180 mísseis balísticos hipersônicos Fattath-1 começou a guerra de versões. Israel e EUA alegam que o ataque não causou danos significativos a alvos militares. Já o Irã alega ter destruídos ativos importantes, entre eles os F-35I.
Impossível pensar que um ataque massivo de mísseis balísticos iranianos contra Israel, não contemplaria alvos importantes, como estruturas militares, bases aéreas e prédios de comando. Nas imagens e vídeos do ataque fica evidente que o foco não eram as cidades, mas pontos específicos dentro da cidades ou no perímetro de Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, por exemplo.
Segundo a imprensa iraniana, um destes alvos era a Base Aérea de Nevatim, que abriga três esquadrões de F-35I Adir. Muito natural Nevatim ser alvo prioritário, por ser uma das mais importantes instalações militares da Israeli Air Force (IAF) e das Israel Defense Forces (IDF). Lá estão sete unidades aéreas, dentre elas os Esquadrões 116, 117 e 140 de F-35I. Além deles há os Esquadrões 103 (IC-130), 120 (KC-707), 122 (G550 e GV) e 131 (KC-130HI e C-130HI).
Fontes da mídia iraniana relataram que a instalação foi “completamente destruída” no ataque — algo questionável. Algumas fontes da imprensa mundial relatam que a base foi um dos alvos atingidos e que autoridades locais não iriam falar sobre o assunto. Imagens vindas de Israel inundaram as redes sociais e mostram o impacto de dezenas de mísseis balísticos em uma suposta base aérea, além de outros locais, como a região de prédio sede do Mossad — o serviço secreto de Israel, em Tel Aviv. A pergunta é: a base foi atingida? E mais. Em que nível? As aeronaves foram perdidas? Danificadas? O sistema de defesa antiaéreo falhou?
A provável explicação é que o sistema de defesa não teria falhado, mas ficado saturado, pois foi, sem dúvida, um ataque de saturação, o que vimos em 1/10. Vale lembrar que Nevatim (LLNV) não fica próximo a Tel Aviv. Ela fica mais próxima à região central do país, no meio do deserto, a 40 km a leste da cidade de Berseba. É uma base enorme, com duas pistas paralelas (08R/26L e 08L/26R), com hangares de dispersão e instalações não concentradas. Para destruir ela seria necessário diversos impactos em pontos distintos da base.
O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Iranianas, Mohammad Bagheri, informou à Press TV que as forças iranianas alvejaram vários locais militares israelenses importantes em um ataque que eles chamaram de “Operação True Promise II”. Entre eles Nevatim, considerada por eles a base militar mais importante do país. A IDF ainda não comentou sobre a “estranha alegação”, mas o Ministério das Relações Exteriores de Israel reconheceu os ataques significativos contra o país em seu Twitter/X.
O ataque iraniano demonstrou haver limitações na rede de defesa aérea de Israel, apesar do país ter de longe a rede mais densa e sofisticada do mundo, rivalizada, talvez, apenas pela de Taiwan. Os meios de comunicação israelenses relataram que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e vários ministros foram forçados a permanecer em um local subterrâneo fortificado em Jerusalém por horas durante o ataque, com correspondentes ocidentais relatando que explosões massivas puderam ser sentidas em Tel Aviv.
Relatórios indicaram que a maioria dos F-35I (cerca de 20) foram destruídos ou danificados no ataque. A IAF recebeu até o momento 40 F-35 (IAF 901 a 940) de um total de 50 previsto do primeiro lote. Se for verdade, a IAF perdeu em 50% de sua frota em um ataque. O F-35I é considerado o principal caça da IAF. Apesar da guerra de informações, é pouco provável que não existam perdas, inclusive de outras aeronaves sediadas lá e, talvez, em outras bases como Ben Gurion (Tel Aviv) face à quantidade de mísseis disparados na noite de terça-feira, 1 de outubro de 2024.
Os F-35s desempenham um papel central nos planos israelenses para potenciais ataques ao Irã, devido as suas capacidades furtivas e aviônicos avançados, incluindo sistemas de guerra eletrônica e outros recursos de supressão de defesa aérea, tornando-os ativos ideais para tais operações. A destruição dos F-35s é, portanto, um passo importante para limitar a capacidade de Israel de responder com um ataque direto com os F-35I.
Embora Israel tenha encomendado a compra de um segundo lote com mais 25 F-35I ao custo de US$ 3 bilhões em junho deste ano, eles só devem estar disponíveis em 2028, devido à baixa produção aliada a demanda de vendas.
O estado atual da frota de caças israelense permanece altamente incerto. Outras perdas de caças foram relatadas pela mídia, incluindo perdas de F-15I Ra’am do 69 Sq da Base Aérea de Hatzerim, outra base que abriga muitas unidades. A Base Aérea de Ramat David teria sido atingida também, prejuízos menores a frota de F-16C/D.
A “True Promise 2″, segue a operação a “True Promise” de abril de 2024, um ano de crescentes tensões entre Teerã e Tel Aviv, e representa um ataque retaliatório muito aguardado após um ataque israelense a Teerã em 31 de julho. Foi relatado anteriormente que o Irã concordou em não retaliar se Israel diminuísse as hostilidades. Porém, com a invasão de Israel e o bombardeio intensivo do Líbano e o assassinato da liderança do grupo de milícias alinhado ao Irã, Hezbollah, o acordo se rompeu.
Autoridades israelenses e ocidentais enfatizaram amplamente a necessidade de uma resposta forte contra o Irã, com o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmando: “Haverá consequências sérias para o Irã como resultado deste ataque e trabalharemos com Israel para garantir que isso aconteça”.
As Forças de Defesa de Israel anunciaram que sua resposta será “vista por todo o Oriente Médio”, com o Ministro das Relações Exteriores de Israel, Yisrael Katz, afirmando que todo o “mundo livre” tinha que apoiar Israel — uma referência ao esperado apoio ocidental para futuros ataques israelenses. O influente senador dos EUA Lindsey Graham, enquanto isso, pediu ao presidente Joe Biden que autorizasse ataques às refinarias de petróleo iranianas.
@CAS