Relatório preliminar do acidente com Do-228 que vitimou o vice-presidente do Malawi em junho. Investigadores do German Federal Bureau (BFU), órgão do governo alemão responsável por investigar acidentes aeronáuticos, revelaram que o Dornier 228-200 da Força Aérea do Malawi (MAF), que caiu em 10 de junho, enquanto transportava o vice-presidente do país, seguiu uma trajetória sinuosa em uma região montanhosa, voando a baixa altitude e sob condições climáticas adversas. Estas foram algumas informações publicadas no relatório preliminar do acidente.
O governo do Malawi solicitou apoio do BFU para conduzir as investigações sobre a queda do Do-228, matrícula MAF-T03 em 10 de junho deste ano. Naquele dia, o bimotor decolou da capital Lilongwe com destino à Mzuzu, distante cerca de 150 milhas náuticas (275 km) ao norte. A bordo estavam além dos três tripulantes, seis passageiros, entre eles o vice-presidente, Saulos Chilima, sua esposa e uma comitiva de autoridades.
Não é uma investigação simples, uma vez que o bimotor militar não tinha a exigência legal de estar equipado com gravadores de voz e dados. Além disso, o radar do Controle de Tráfego Aéreo de Lilongwe não gravou os registros do voo do Dornier.
Para obter os dados da rota seguida pela aeronaves, os investigadores do BFU utilizaram informações de posição e altitude de um dispositivo de navegação GPS que equipada o Do-228. Além disso, foi possível obter dados de telefones celulares de três ocupantes da aeronave, determinando quais estações rádio-base se conectaram aos aparelhos durante o voo realizado em baixa altitude.
De acordo coma investigação, a aeronave decolou às 09h16 da pista 14 do Aeroporto de Lilongwe, e momentos após o Controle de Tráfego Aéreo liberou a tripulação para voar numa proa direta para Mzuzu mantendo a altitude de 9.000 pés. A tripulação solicitou manter 7.000 pés, o que foi autorizado pelo ATC.
Após 15 minutos de voo, o contato radar foi perdido devido à baixa altitude do Dornier, mas os dados do GPS mostram que a aeronave manteve 7.500 pés, passando a 3 milhas náuticas a oeste da posição NALSA às 09h32. Poucos minutos depois, ela começou a subir até 8.600 pés.
Ao passar por uma vila chamada Fumbawowa, por volta das 09h50, a aeronave curvou à esquerda para voar em direção ao destino, e começou a descer para 5.500 pés antes de subir novamente para 8.100 pés, contornando o relevo da área.
O piloto realizou algumas órbitas durante o voo. Pouco antes das 10h00, a aeronave voava a uma altitude de 5.400 pés, ou seja, apenas 460 pés acima das elevações, antes de subir novamente. Entre 10h03 e 10h09, quando estava a cerca de 3 milhas a noroeste de Chikangawa, o piloto fez mais duas órbitas para a esquerda voando entre 200 e 500 pés acima do terreno.
às 10h12, quando estava a 25 milhas a sudoeste do Aeroporto de Mzuzu a uma altitude de 1.7000 pés, o Dornier curvou para o norte e começou a descer novamente. A região estava sob condições meteorológicas adversas, com chuva fraca e neblina. O piloto contatou a Torre de Mzuzu para informar que pretendiam se aproximar pelo norte, voando em direção a Ekwendeni, para tentar obter melhores condições meteorológicas.
Segundo a investigação do BFU, às 10h16 o Do-228 estava configurado para pouso (trens embaixo e flaps estendidos) quando colidiu com asa direita contra uma árvore em uma colina com altura estimada de 6.360 pés, localizada na Floresta Chikangawa. Os detroços do bimotor se espalharam por 80 metros, sem pegar fogo. Nenhum dos nove ocupantes sobreviveu ao impacto.
Embora a investigação ainda não tenha sido concluída, o BFU afirma que a aeronave caiu em “condições meteorológicas marginais”. O órgão ainda fez recomendações de segurança para garantir que as tripulações voando no Malawi tenham informações atualizadas sobre auxílios à navegação, após descobrir que a publicação de informações aeronáuticas do país listava rádio-auxílios VOR/DME inexistentes, além de omitir um NDB localizado em Lilongwe.
@FFO