Base Aérea Norueguesa sofreu sabotagem. A Noruega revelou que uma de suas mais importantes bases aéreas foi alvo de sabotagem. O anúncio ocorre enquanto outras bases militares da OTAN na Europa, principalmente na Alemanha, relatam incidentes e sobrevoos de drones suspeitos. Esses fatos ocorrem em meio a crescentes atividade russa no continente, parte de uma aparente “guerra híbrida” alimentada pelo aumento na tensão causada pela guerra na Ucrânia.
De acordo com o The Barents Observer, a Estação Aérea de Evenes no norte da Noruega, teve cortado um cabo de comunicação. O fato ocorreu em abril, mas só agora foi tornado público. O cabo seria parte da infraestrutura crítica da base aérea, e foi cortado no lado externo da Unidade. A polícia norueguesa confirmou que ele foi cortado em uma ação deliberada, mas que, até agora, ninguém foi acusado, e nenhum suspeito foi identificado.
Localizada ao norte do Círculo Polar Ártico, a Estação Aérea de Evenes é essencial para a defesa nacional e da Frente Norte da OTAN. É uma das duas bases da Força Aérea Real Norueguesa (RNoAF) que hospedam esquadrões de caças furtivos F-35A e também está recebendo a frota de aeronaves de patrulha marítima P-8A. Evenes também abriga unidades de defesa aérea com mísseis terra-ar NASAMS, de Defesa Cibernética e de Logística das Forças Armadas Norueguesas.
Em 2022, a Noruega relatou outro incidente suspeito, como o corte de um cabo submarino vital conectando Svalbard à Noruega continental. Antes disso, em 2018, o Serviço de Inteligência Norueguês (NIS) divulgou três casos de aeronaves russas voando em perfis de ataques simulados contra uma estação de radar secreta no norte do país. No ano anterior, o NIS culpou os russos pelas interrupções no serviço de telefonia celular e GPS na região, embora tenha dito que isso foi causado por um exercício militar e não um ataque direcionado.
Enquanto isso, autoridades alemã relataram dois possíveis atos de sabotagem em diferentes bases aéreas do país, um deles considerado alarme falso.
O primeiro foi em 14/08, quando o setor militar do Aeroporto de Colônia-Bonn – que abriga unidades de transporte VIP e reabastecimento em voo da Luftwaffe, teve uma suspeita de sabotagem no seu sistema de água. O alarme foi dado por um segurança que encontrou um buraco em uma cerca perto da estação de tratamento de água da base, onde trabalham 4.300 militares e 1.200 funcionários civis. Uma busca foi feita na área e nenhum invasor foi encontrado.
“O fornecimento de água foi interrompido porque o sistema de água potável apresentou valores incomuns”, disse o Comando Territorial das Forças Armadas Alemãs em um comunicado à imprensa. Após uma investigação, o Ministério da Defesa alemão declarou que não havia evidências de que isso tivesse ocorrido e os testes mostraram que não havia contaminação na água.
A Base Aérea da OTAN em Geilenkirchen, no oeste da Alemanha, passou 24 horas em estado de alerta, após o Ministério da Defesa receber informações de inteligência indicando uma ameaça potencial. O pessoal não essencial foi dispensado como medida de precaução. O nível de alerta foi reduzido 24 horas depois, quando a possibilidade de uma ação terrorista foi descartada.
Embora a OTAN não tenha dito qual era exatamente a natureza da ameaça, ela teria sido suficiente para forçar a segurança da frota multinacional de E-3 Sentry (AWACS), baseada em Geilenkirchen. Essas aeronaves desempenham um papel extremamente importante nas operações aéreas da OTAN, fornecendo alerta aéreo antecipado, comando e controle e capacidade de gerenciamento de batalha.
A mesma instalação também teve o nível de segurança aumentado na semana passada, após relatos de uma tentativa de invasão da base, juntamente com a possível sabotagem do sistema de fornecimento de água no Wahn Barracks. Uma varredura completa foi feita nas instalações em Geilenkirchen e nada suspeito foi encontrado.
Há um precedente para ataques planejados e direcionados especificamente contra bases militares na Alemanha.
Em abril, dois cidadãos russo-germânicos foram presos na Alemanha sob suspeita de planejar sabotagens, inclusive contra instalações do US Army em Grafenwoehr, no sul do país, onde soldados ucranianos são treinados para operar tanques M1 Abrams fornecidos pelos EUA. Um desses suspeitos foi acusado de planejar ataques com bombas e incêndios criminosos em instalações militares, bem como teria fotografado e filmado a movimentação de equipamentos militares.
Em outras partes da Alemanha, houve relatos recentes de atividades suspeitas de drones no norte do país, como o sobrevoo de um parque industrial em Brunsbüttel, região de Hamburgo, onde há um importante terminal flutuante de gás natural liquefeito (GNL). Autoridades locais acreditam que esses voos estejam relacionados a atividades de espionagem para fins de sabotagem.
Ainda não existe conexão entre a sabotagem do cabo em Evenes, o alerta em Geilenkirchen e os voos de drones no norte da Alemanha. No entanto, tudo isso acontece num momento em que a OTAN alerta cada vez mais sobre o risco de uma campanha crescente de sabotagem, incluindo ataques cibernéticos, em toda a Europa, uma nova onda de guerra híbrida planejada pela Rússia.
Em junho, o Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que foi identificada “uma onda de sabotagens, ataques cibernéticos, migração instrumentalizada e outras ações hostis da Rússia.”
Por sua vez, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da OTAN em Praga no mês passado que “praticamente todos os aliados foram tomados por essa intensificação dos ataques híbridos da Rússia. Sabemos o que eles estão fazendo e responderemos individual e coletivamente, conforme necessário.”
Nos últimos meses, houve um aumento de incidentes desse tipo, suspeitos de serem orquestrados por Moscou. Assim como na Alemanha e na Noruega, foram relatados atividades suspeitas em outros países da OTAN, incluindo a República Tcheca, Polônia e Reino Unido.
A Rússia está focada em tentar conter o apoio da OTAN para a Ucrânia, que tem se mostrado mais ofensiva nos últimos meses, incluindo realizando ações dentro do território russo. Para isso, Moscou lançou mão da guerra híbrida, uma solução de baixo risco e custo, que procura levar perturbação e medo na Europa, buscando reduzir o apoio da população geral à Ucrânia.
@FFO