Operando em apoio à frota da Marinha do Brasil, bem como aos ativos da Força Aérea Brasileira, o legado da pequena frota de McDonnell Douglas A-4KU/TA-4KU Skyhawk modernizados pela Embraer continuará por vários anos. O futuro dos pequenos jatos, designado na Aviação Naval como ou AF-1B/C e operados pelo 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) — Falcões, sempre esteve por um fio, pois eles foram sujeitos a cortes orçamentários devido às circunstâncias econômicas do Brasil ao longo de seus 26 anos de operação.
Com a decisão de cancelar totalmente o último verdadeiro porta-aviões do Brasil, o Navio-Aeródromo (NAe) A-12 São Paulo, os pilotos dos “Scooters” da Marinha treinam suas habilidades embarcadas em sua base de São Pedro da Aldeia, onde existe uma “pista de pouso de porta-aviões” pintada da Base Aeronaval, bem como uma “Caixa Óptica de Pouso” instalada na base cabeceira da pista “zero sete”. Os últimos verdadeiros Skyhawks navais do mundo puderam recentemente mostrar suas habilidades na vida real, quando o porta-aviões nuclear dos EUA USS George Washington (CVN-73) navegou ao largo da costa brasileira, rumo ao Japão.
A principal fabricante de aeronaves do Brasil, a Embraer, trabalhou nos AF-1 e AF-1B (originalmente Douglas A-4KU e TA-4KU ex-Kuwait Air Force) da Marinha nas instalações de Gavião Peixoto/SP. Na Embraer, o projeto Scooter foi batizado como AF-1M (M = modernizado). O AF-1 N-1011 voou para a fábrica em outubro de 2012, e a empresa deu continuidade à implementação dos sistemas previstos para a modernização, que culminou com o primeiro voo do protótipo em 8 de agosto de 2013, já em um novo esquema de cores cinza em tons mais claros. A versão monoplace foi redesignada como AF-1B.
O biplace AF-1B N-1022 tornou-se o protótipo do AF-1C. Além deles, outro AF-1B, o N-1023, desativado há mais de duas décadas, foi também incluído no projeto AF-1M, elevando a capacidade de treinamento para três AF-1Cs. Em 26 de maio de 2015, a Embraer Defesa e Segurança entregou o N-1001, o primeiro dos então planejados 12 AF-1B Skyhawk. O número total de jatos do VF-1 foi reduzido para sete aeronave, devido a problemas orçamentários.
A Embraer concluiu o projeto AF-1M reduzido em 20 de abril de 2022, em meio à crise da Covid-19, com a entrega ao Comando da Força Aeronaval do último AF-1M, o AF-1C N-1001. Além do VF-1B N-1001, o VF-1 recebeu os N1004, N-1008, N-101 e N-1013 e os AF-1C N-1021 e N-1022. O N-101 foi perdido em um acidente em 27 de julho de 2016, no litoral do Rio de Janeiro, e o N-1013 foi danificado em São Pedro da Aldeia em 23 de outubro de 2019 e aguarda recuperação. O N-1021 e o N-1022 são os treinadores AF-1C com capacidade de combate. O N-1023 está entre os Scooters, estocado e, em parte, canibalizado, aguardando seu futuro.
Os operadores militares do pequeno jato, que acaba de completar 70 anos, só podem ser encontrados na América Latina, visto que Argentina e Brasil são os únicos operadores de suas respectivas variantes do Skyhawk. Felizmente, vários operadores civis utilizam atualmente o “Scooter” (apelido carinhoso do Skyhawk) para treinamento adversário dissimilar na América do Norte e na Europa. As operações militares na América do Sul poderão cessar por volta da virada da década, com a futura introdução do F-16AM/BM Fighting Falcon na Argentina e um substituto, ainda a ser definido, para o último e verdadeiro “Naval Skyhawk” no Brasil.
O “Zero Quatro” (N-1004) fica bem sobre uma das muitas praias da região da Lagoa onde está localizada a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Esse jato em particular é um dos três Scooter monopostos em operação na Marina do Brasil. O N-1008 está atualmente em manutenção no hangar do VF-1, e o N-1001 está atualmente recebendo manutenção em nível de depósito padrão (SDLM) no hangar de manutenção da base, situado próximo ao hangar do HS-1.
Os pilotos operam um jato que chegou pela primeira vez a Arraial do Cabo, na região de Lagoas, no Rio de Janeiro, com 20 AF-1 e três AF-1B. Ao chegar à América do Sul, os Skyhawks tinham, em média, cerca de 1.700 horas de voo e eram verdadeiros veteranos de guerra, tendo servido na primeira guerra do Golfo. O recém-formado VF-1 “Falcões” foi criado para operar o novo vetor, inicialmente a bordo do então Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL) “Minas Gerais” (A11), desativado em 2002 e substituído pelo NAe “São Paulo” (A12) no mesmo ano.
O porta-aviões “São Paulo” de 265 metros, foi adquirido pelo Brasil França, sendo o antigo “Foch” (R91), chegando ao maior país da América Latina em fevereiro de 2001. Nos anos seguintes, os AF-1 seriam implantados no NAe São Paulo para exercícios nacionais e internacionais.
Infelizmente, em 2005, o sistema de vapor do porta-aviões sofreu uma explosão que, na verdade, nunca seria superada. Sendo o carro-chefe da Marinha do Brasil, foi decidido, entre 2010 e 2012, que o São Paulo e 12 Scooters seriam modernizados. A Marinha encarou modernizar este grande navio como um desafio, que durou mais de 5 anos, feito na base naval do Rio de Janeiro.
No entanto, surgiram problemas de propulsão e, em fevereiro de 2012, houve um incêndio que, infelizmente, assim como em 2005, matou marinheiros a bordo, e isso selou o destino do NAe “São Paulo”. O incidente levou ao seu descomissionamento oficial em 2018. O navio de 265 metros agora, supostamente, repousa no leito do oceano com 5.000 metros de profundidade, onde foi afundado em 2023.