Putin demite ministro da Defesa em meio a campanha da Ucrânia. Em meio a mais uma forte campanha russa na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, substituiu seu ministro da Defesa e aliado de longa data, Sergei Shoigu, pelo economista Andrey Belousov. É uma grande remodelação da liderança militar mais de dois anos depois que Moscou disparou uma guerra contra a Ucrânia.
Andrey Belousov, um civil que é ex-primeiro vice-primeiro-ministro e é especialista em economia e em tese nada tem a ver com a pasta de defesa. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, anunciou no domingo (12/05) a troca, tentando minimizar a medida, mas para muitos foi um recado claro que não está funcionando. Fontes russas alegam que ele tem sido distante e incompetente e permitir corrupção.
O fato é que a troca ocorre também em meio a diversos problemas, em especial, o aumento significativos dos gastos de defesa — hoje em 6,7% do PIB, e as especulações sobre lutas internas nos mais altos escalões do poder.
No mês passado, um dos protegidos de longa data de Shoigu no Ministério da Defesa foi preso e acusado de corrupção. Shoigu foi “destituído” de seu cargo por decreto presidencial, disse Peskov, mas continuará sendo uma parte influente da administração de Putin como secretário do Conselho de Segurança da Rússia, substituindo Nikolai Patrushev, ex-chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB), que iria “transferência para outro emprego.”
Shoigu também se tornará deputado na Comissão Militar-Industrial da Rússia, disse Peskov, enquanto Putin inicia um quinto mandato como presidente. O momento da saída de Shoigu é notável, resultado de vários avanços significativos das tropas russas no leste da Ucrânia.
A Rússia lançou seu ataque terrestre transfronteiriço mais sério desde que a Ucrânia recapturou a região norte de Kharkiv no final do verão de 2022. Por vários meses, houve o aumento dos ataques aéreos russos à cidade de Kharkiv e neste últimos dias os combates em solo se intensificaram.
Shoigu dirigiu o Ministério da Defesa do país durante 12 anos e liderou a invasão em grande escala da Ucrânia em 2022. O que era para ser uma campanha rápida se tornou uma guerra de mais de dois anos sem solução, expondo as fraquezas das forças armadas de Moscou, crivadas de corrupção e de soldados mal treinados e equipados no que as tropas ucranianas e russas apelidaram de “moedor de carne”.
Além disto, é responsável por aumentos dos gastos com defesa, muitos dos quais inexplicáveis, o que foi creditado a corrupção e desperdício de recursos.
Os seus críticos descreveram frequentemente Shoigu como distante e fora de sintonia com a realidade do conflito. O seu crítico mais contundente foi o falecido chefe do Grupo Mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, que acusou o Ministério da Defesa de privar os seus combatentes de recursos e de incompetência burocrática. Isto foi feito antes dele lançar um motim mal sucedido no ano passado e morrer semanas depois num acidente de avião.
Apesar das críticas, Shoigu continua sendo um político popular na Rússia. Tendo passado duas décadas como Ministro das Situações de Emergência, ele cultivou a imagem de um funcionário prestativo que traz ajuda quando necessário.
@CAS