Força Aérea Uruguaia: mais uma viagem à Itália… Embora parte da imprensa uruguaia, notoriamente desinformada sobre o assunto, anuncie, com grandes manchetes, a chegada a Itália de uma missão do Ministério da Defesa do Uruguai e da Fuerza Aérea Uruguaya (FAU) para avaliar as possibilidades de aquisição do bimotor Leonardo M-346FA (mais um, nos últimos 15 anos), nada de substancial mudou até agora em relação à quase eterna busca por um sucessor do obsoleto Cessna A-37B, o Dragonfly, dos quais há apenas um ou dois voando.
Simplificando, dois funcionários dos setores jurídico-contábeis do Ministério da Defesa, um brigadeiro e um coronel da FAU, viajam agora para melhorar os contatos com a Itália no âmbito de um Acordo-Quadro de Defesa, assinado há anos entre os dois países, sendo o Uruguai um usuário proeminente do Leonardo SF-260 na Escola de Aeronáutica Militar.
Embora seja surpreendente que os artigos da imprensa não especializada recorram às palavras do Comandante-em-Chefe da FAU, General do Ar Heber de León, aparentemente ele argumentaria que isto seria um uso indevido de declarações extraídas de contexto.
Outra coisa surpreendente é que o atual meio de comunicação “Búsqueda”, cita custos unitários e logísticos completamente diferentes dos reais, em relação ao avião italiano, que, devido à cobertura logística completa, armamento padrão em uma configuração média e um simulador, custa em torno de US$ 50 milhões a preço unitário para um pequeno lote, algo bastante parecido com o do TAI HÜrkjet (que tem tecnologia brasileira Akaer em sua fuselagem), sendo praticamente igual ao coreano Kai FA-50/TA 50, o LIFT (Lead In Fighter Trainer) mais representativo de sua categoria.
Aliás, o L-39NG tcheco, com peças de reposição, treinamento, manuais, logística e treinamento, representaria US$ 30 milhões por unidade, o que até sugere que é prudente, com as diferenças de velocidade e eletrônica não sendo tão grandes em comparação com o Super Tucano, que terá em breve uma versão NG feita para a OTAN (A-29N).
Se a opção fosse o jato tcheco, o Ministério da Economia e Finanças do Uruguai autorizaria um gasto entre US$ 120 e 140 milhões para este item, um aspecto até difícil em ano eleitoral, dado o clima antimilitar que permeia boa parte da sociedade e do espectro político uruguaio.
Também houve ofertas de 10 aeronaves Hawk, desde o modelo coreano 67, até a série 200, ex-Omã, recondicionados, com peças de reposição, células extras, simuladores e turbinas, com opção de adição de mais seis Tucano AT-27 modernizados, visando reativar o desativado Esquadrão Aéreo nº 1 (de ataque e antigo usuário do Pucará) por US$ 100 milhões. Falou-se também, sem se concretizar, de algum contacto europeu para aeronaves PC-9 usados.
Logicamente, com esta previsão orçamentária, se o Uruguai escolhesse jatos, o valor bastaria apenas para o projeto tcheco, com somente 4 unidades, ou ainda 4 LIFTs mais avançados, dois armados e dois para treinamento, ou no máximo três armados, o que continuaria a demonstrar uma capacidade bélica muito diminuída e simbólica para o Uruguai, fora os problemas para manter ativa uma frota mais do que modesta.
Para o uso que o Uruguai pretende — especialmente o de atacar o crescente tráfico de drogas e outros tipos de invasões semelhantes, além de garantir uma certa cobertura aérea — o prestigioso FA 50/TA 50 coreano parece superdimensionado e o Hürjet ainda não voou em forma padronizada, pelo qual a escolha entre os jatos poderia estar entre o M-346FA academicamente preferido, e alguma versão do Hawk atualizada e com suficiente estoque de peças facilitando a logística.
Outra fonte sugere que seria necessário esperar pelas novas versões do Embraer Super Tucano, muito mais baratas de manter do que o americano Textron AT-6 Wolverine. A Turquia também teria interesse em oferecer, nesta categoria, o avançado turboélice TAI Hürkus, projeto que contou com a mão inicial do famoso engenheiro brasileiro Guido Pessotti, ambos com velocidade menor que de um jato (cerca de 310 nós) e custos operacionais bem menores, parecendo interessante, face às históricas e crescentes dificuldades orçamentais da FAU.
Inclusive, tendo disponível entre a Embraer e a Sierra Nevada Corp. (SNC) uma dúzia de Super Tucanos ainda sem cliente, ha quem diga que Uruguai deveria negociá-la na ponta do lápis e a melhor preço, quase leiloando e simplesmente, distribuí-los estrategicamente no país.
Qualquer coisa seria melhor do que a nada atual…
Texto: Javier Bonilla.
@CAS