Em pouco tempo a China terá a maior Força Aérea do mundo, afirma Almirante da US Navy. Há vários anos, é reconhecido publicamente que a Marinha da China ultrapassou a Marinha dos EUA em número de navios de guerra. Em recente palestra no Comitê Defesa do Senado americano, o Chefe do Comando Indo-Pacífico dos EUA (INDOPACOM) sugeriu que a Força Aérea Chinesa, em breve, poderá ser a maior do mundo.
“A China tem a maior Marinha do mundo e, em breve, terá a maior Força Aérea também. A magnitude e a escala deste desafio de segurança não pode ser subestimado, porque todos serão desafiados”, disse o Almirante John C. Aquilino, se referindo ao Exército de Libertação Popular da China, aos componentes do Comitê em 21 de março.
Na edição de 2023 do seu relatório sobre o poder militar chinês, o Pentágono observou que a frota de aeronaves da Força Aérea e da Marinha da China têm, juntas, mais de 3.150 aviões, sem contar variantes de treinamento e drones (UAS). Em comparação, a USAF está no seu menor tamanho desde há muitos anos, apesar de contar com cerca de 4.000 aeronaves (sem os treinadores e drones). Além disso, os Comandos de Aviação da Marinha, Corpo de Fuzileiros e Exército dos eUA ainda somam milhares de aeronaves.
Especialistas do poder aéreo da China expressaram dúvidas de que o país realmente ultrapassaria o número de aeronaves militares dos EUA em curto prazo. No entanto, eles destacaram o aumento significativo das capacidades de produção industrial chinesa nos últimos anos, especificamente no desenvolvimento e produção de modernos caças.
“O J-20 agora está sendo produzido em um ritmo de mais 100 por ano. Isso é apenas para abastecer a própria Força Aérea. Se você olhar para a capacidade de produção do F-35 é de cerca de 135/ano, mas de 60 a 70 dessas aeronaves vão para aliados e parceiros”, disse Daniel Rice, especialista no assunto de estratégia militar e política da China no Centro Krulak para Inovação e Guerra Futura, em entrevista à Air & Space Forces Magazine.
Rice observou, porém, que o J-20 e o F-35 não devem ser comparados individualmente. “Eles têm diferentes conjuntos de missões e capacidades. Classificamos o J-20 como sendo uma aeronave da geração 4,5 porque existem diferentes definições nesse sentido entre a China e os EUA”, acrescentou Rice.
A China está acelerando a produção dos caças J-16 e J-10. O J-16 é um caça multifuncional cuja produção anual é de mais de 100 aeronaves, enquanto o J-10 gira em torno de menos de 40. Mas, novamente, o J-10C não é exatamente o F-15EX da USAF, e é sim “a mistura low-end ou high-low dessa versão”, disse Rice.
Se a taxa de produção aumentar conforme previsto, a China poderá ultrapassar os EUA na produção dos seus mais recentes aviões de combate. Rice observou que o desenvolvimento de um motor nacional e a redução da dependência de motores fabricados na Rússia aceleraram a produção dessas aeronaves.
“Com as séries WS-10 e WS-15, a China conseguiu produzir um motor confiável para suas aeronaves de combate J-10C e J-20. Com esta mudança na cadeia de fornecimento, aliada ao aumento da capacidade de produção de componentes, vimos a Shenyang Aircraft Corporation e a Chengdu Aircraft Corporation aumentarem o tamanho das suas instalações de produção prevendo maior demanda”, disse Rice
A influência regional é outra consideração na comparação do tamanho das frotas. No seu depoimento escrito separado aos legisladores, Aquilino afirmou que a Força Aérea e a Marinha chinesas combinadas constituem “nas maiores forças de aviação no Indo-Pacífico”. Embora os EUA devam manter a sua superioridade a longo prazo, o domínio regional da China acarreta preocupações estratégicas, especialmente num cenário em que tentará retomar Taiwan pela força.
“A China não precisa de navios-tanque, porque simplesmente não precisa ir muito longe. A China não precisa de um Global Hawk que possa voar por mais de 24 horas. Talvez precise apenas de drones, aeronaves mais antigas e adaptadas que possam voar 160 quilômetros através do Estreito de Taiwan em uma viagem só de ida”, disse J. Michael Dahm, do Instituto Mitchell de Estudos Aeroespaciais, à Air & Space Forces Magazine.
Além disso, o poder aéreo militar dos EUA também está espalhado em missões por todo o mundo, como na Europa e no Oriente Médio, além de manter forte presença na segurança do seu próprio território nacional.
Embora o relatório tenha excluído os drones chineses, estes poderão desempenhar um papel crucial em futuras avaliações da projeção de poder militar. A China também está se modernizando nessa frente, com a recente introdução do UAS a jato Xianglong, do supersônico WZ-8 e do UCAV furtivo GJ-11.
“Numa época em que estamos cada vez mais preocupados com a inteligência artificial, eu diria que quando começarmos a contar as aeronaves não tripuladas, isso também poderá inclinar rapidamente a balança a favor da China”, disse Dahm.
Fonte: Air & Space Forces Magazine
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