Banco do Brasil veta investimentos em empresas de defesa. Em um comunicado feito dia 29 de janeiro, o Banco do Brasil disse as empresas defesa que a partir de agora não irá mais financiar negócios voltados para indústria bélica nacional.
O comunicado seguiu, informando que os contratos vigentes serão mantidos. Caberá ao governo federal destinar recursos para do orçamento federal, garantir exportações e financiamentos de negócios.
Com a nova política, o BB se junta aos demais bancos privados que, por razões de governança, não fazem negócios com empresas que produzem artigos destinados a guerras, como armas, equipamentos ou veículos.
O governo foi pego de surpresa e agora avaliará se amplia ou não do PROEX (Programa de Financiamento às Exportações) para auxiliar o setor, que hoje responde por 4% do PIB. Em um ano com vários cortes no orçamento militar, a dúvida é se há interesse do atual governo em fomentar as exportações do setor.
O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, disse que já se reuniu com a presidente do BB, Tarciana Medeiros. Por meio de sua assessoria, o ministério informa que, na reunião, Medeiros prometeu uma possível ampliação do PROEX.
Por meio PROEX é possível obter não somente financiamento, mas garantias exigidas pelos compradores no exterior. Mas nos bastidores, a informação é que isto não ajudará, pois limita as ações do setor, que pode entrar em uma situação falimentar. Empresas do setor afirmam que o BB era o único que ainda negociava garantias nas exportações. Nem mesmo a Caixa Econômica Federal oferecia esse tipo de produto.
Em geral, a operação, uma espécie de seguro, envolve 30% do valor da exportação. Caso ocorra algum problema, o comprador executa a garantia e, assim, é ressarcido pelo pagamento antecipado, uma prática comum nesse tipo de transação.
Num mundo de hoje conectado, notícias como está impactam rapidamente o mercado. A Mac Jee é uma das empresas afetadas pela mudança de posição do BB. A companhia tem US$ 500 milhões em exportações com EUA, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bulgária, entre outros. Sem as garantias, a companhia pode perder esses contratos. A previsão é de que pode quebrar, porque, além de ficar sem contratos, terá de pagar sua dívida de R$ 32 milhões com o BB imediatamente.
Além da Mac Jee, também estão nessa situação outras três empresas: CBC, MECTRON e AVIBRÁS entre outras. O BB afirma que não comenta casos específicos devido ao sigilo bancário, mas informou que nenhum contrato do BB com empresas do setor será rompido com o novo posicionamento. Os contratos em curso serão honrados. Não haverá contratos novos, acenando para uma solução do que está em curso, mas fecha portas para novas oportunidades, inclusive matando negócios em andamento. O BB informou que segue boas práticas corporativas e bancárias “com autonomia administrativa”.
Segundo O Ministério da Defesa, o BNDES e técnicos da CAMEX (Câmara de Comércio Exterior), ambos vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), também foram acionados. O MDIC disse, em nota, que “busca soluções que assegurem a manutenção e o fortalecimento da indústria brasileira. Trata-se de um setor estratégico para a soberania nacional, e está contemplado em uma das missões da nova política industrial lançada nesta semana pelo governo”.
@CAS