EUA e Guiana realizam exercícios militares conjuntos em meio às crescentes tensões com Venezuela. O Comando Militar Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM) e as Forças de Defesa da Guiana (GDF) realizaram exercícios aéreos conjuntos, em meio ao aumento das tensões geradas com a Venezuela pela disputa da Região de Essequibo. A informação foi divulgada pela Embaixada dos EUA na Guiana.
“O exercício baseia-se em compromissos e operações de rotina para melhorar a parceria de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e fortalecer a cooperação regional”, observou a Embaixada em comunicado.
O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, disse que não comentaria o assunto. “Posso assegurar-vos, no entanto, que cada movimento que os venezuelanos fazem, especialmente nas nossas fronteiras está sendo rastreado”, observou ele em conferência de imprensa.
O Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, reclamou a posição dos EUA. “Esta infeliz provocação dos Estados Unidos em favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Advertimos que eles não nos desviarão de nossas futuras ações para a recuperação do Essequibo. Não se engane!”, escreveu Padrino nas suas redes sociais.
Caracas acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar “luz verde” para instalação de bases militares dos EUA em Essequibo.
A Casa Branca, porém, indicou que se opõe à violência”na disputa territorial. “Obviamente não queremos que ocorra violência ou conflito” entre as partes, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos jornalistas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou nesta semana com Ali para “reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana. O que não queremos é uma guerra”, disse o Departamento de Estado.
Em declaração conjunta, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru instaram a Guiana e a Venezuela a dialogarem em busca de solução pacífica para o assunto. O Brasil, por sua vez, reforçou sua presença militar nas fronteiras com a Guiana e a Venezuela.
Enquanto isso, o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, destacou que a Venezuela não tem motivos para justificar uma ação unilateral e chamou a reivindicação venezuelana de “retrógrada”.
“A única coisa retrógrada são as dificuldades políticas, econômicas e sociais em que mergulharam o Reino Unido (…) pelas quais David Cameron é diretamente responsável”, respondeu a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, no X (antigo Twitter).
A Venezuela realizou no domingo (03/12) um referendo no qual mais de 95% dos eleitores que participaram aprovaram a criação de uma província venezuelana em Essequibo e a atribuição de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.
Após a consulta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro propôs uma lei para criar uma província venezuelana na área disputada e ordenou a concessão de licenças para extração de petróleo na região.
A Venezuela sempre considerou o Essequibo como sua – a região fazia parte do seu território durante o período colonial, porém a reivindicação se intensificou com a descoberta de grandes reservas de petróleo pela americana ExxonMobil em 2015 (saiba mais aqui).
@FFO