Venezuela cria campanha midiática para justificar a invasão da Guiana. Remontando a uma antiga disputa originada com a independência da Venezuela em 1811, o ditador Nicolas Maduro, abriu uma campanha para tomar dois terços da Guiana, criando elementos para uma crise militar na América do Sul. As redes sociais repercutem a forte narrativa venezuelana, que hoje já é repetida como fator de mídia pelas forças armadas do país.
A situação que andou “silenciosa” aqui no Brasil, com a mídia evitando inicialmente o assunto, poderá criar em 2024, algo similar ao que ocorre na fronteira russo-ucraniana desde 24 de fevereiro de 2022. A invasão de um país por outro, com uma falsa e alegada justificativa moral. O resultado será o mesmo, um conflito no continente, ao lado do Brasil, que não poderá se omitir ou justificar. Terá que ser enfaticamente contra ou ficará do lado errado da história. Esse assunto foi o tema foi o editorial da RFA 144.
Os motivos alegados vêm de 1811, quando a Venezuela se tornou independente, e surgiu a partilha de terras de colônias europeias na América Latina. Desde 1841 a Venezuela reivindica parte do território que era colônia holandesa, que num acordo com o Reino Unido em 1814 passou a ser a Guiana Inglesa. Disputas jurídicas seguiram até 1889, quando a França, que mediou o problema, deu ganho de causa ao Reino Unido, fazendo com que a fronteira de 1811 fosse mantida. A Venezuela queria que seu território fosse até a margem Rio Essequibo, anexando a área da chamada Guiana Essequibo.
A disputa não cessou e por algumas vezes a Venezuela tentou reverter a decisão, inclusive indo às Nações Unidas, alegando que a decisão francesa foi tendenciosa. Em 1966, com a inevitável independência da Guiana, a Venezuela alegou que o Reino Unido teria lhe dado um documento que concedia o território a margem ocidental do Essequibo.
Desde então a disputa havia ficado adormecida, mas voltou a tona com força após a Guiana fazer um acordo para exploração de petróleo na região com a Exxon Mobbil. O território possui 159.500 km² e corresponde a 60% do atual território da Guiana e, de acordo com dados de 2022, possui algo em torno de 11,2 bilhões de barris em reservas. Em comparação, o Brasil tinha 14, 8 bilhões no ano passado.
A disputa é esta. Recursos minerais e poder econômico para sustentar a ditadura venezuelana. E por isto, hoje a invasão da Guiana, um país sem forças armadas, é cada vez maior. Para tentar “legalizar” a tomada de 2/3 do território, Maduro fará algo como Putin fez sobre a Ucrânia, um referendo público amanhã (03/12), para o povo “decidir” se quer anexar a Guiana Essequiba
Uma das perguntas é justamente sobre se a Corte Internacional de Haia deve ou não ser ignorada na questão de Essequibo. Vele lembrar que ontem (30/11), a Corte disse que independente do resultado, qualquer violação do território da Guiana será considerado crime.
Afora isto, a campanha segue, com a força de uma lavagem ideológica. Os comandantes militares venezuelanos, incluindo a Marinha e a Força Aérea, divulgaram vídeos com slogans pró-guerra e pró-invasão, destacando a postura agressiva da Venezuela em relação à Guiana. O Ditador @NicolasMaduro tem feito forte narrativa em sua conta no X e ordenou a pintura de um caça Su-30MK2V, um C-130 e um K-8 da Força Aérea Venezuelana com a mensagem “Venezuela Toda”, indicando a intenção de iniciar uma invasão e anexação forçada da região de Essequibo. Foi feito um voo na fronteira para reforçar a intimidação.
A imagem tipo peça de marketing de loja de departamentos foi aplicada na cauda dos aviões, mostra uma paisagem tropical com o mapa já refeito, com o território do Essequibo já anexado.
O Brasil intensificou esta semana a defesa ao longo de sua fronteira norte enquanto monitora uma disputa territorial entre seus vizinhos Guiana e Venezuela, disse o Ministério da Defesa brasileiro na quarta-feira (29/11). O aumento das tropas na área foi uma resposta ao pedido do Senador Hiran Gonçalves (PP-RR), que solicitou o reforço das Forças Armadas em Pacaraima, cidade brasileira na fronteira com a Venezuela.
“O Ministério da Defesa acompanha a situação. As ações de defesa são intensificadas na região da fronteira ao norte do país, promovendo maior presença militar”, disse o ministério da defesa em um comunicado. Tropas foram vistas em Roraima, em especial Pacaraima.
Qual a consequência da anexação? Haverá uma crise na região e é provável que um conflito armado, com êxodo de pessoas fugindo da guerra, com consequências ainda não calculadas, inclusive se haverá intervenção militar estrangeira, em especial britânica, pois desde 26 de maio de 1966, ela é foi incorporada à Commonwealth.
@CAS